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sexta-feira, 08/06/2018
Foto divulgação
Boas Práticas

#CNIJMA: conheça o projeto que transformou uma escola inteira

Com atividades focadas na temática, alunos criam sala de aula verde com material reciclável

No último dia 5 se comemorou o Dia do Meio Ambiente, e ainda esse mês acontecerá a 5ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente. Na E.E. João Baptista de Brito, que fica em Osasco, um plano modificou a cara da escola e levou consciência aos educadores e educandos da unidade. Para participarem da Conferência, todos se juntaram em prol do projeto “Percepções e Diálogos sobre Água e Meio Ambiente”.

“Na verdade esse projeto vai ficar como base da escola, a gente vai manter e estender para outras turmas. O resultado acabou criando um espaço que não era usado com os alunos, pois a gente guardava materiais de manutenção. Agora esse espaço será utilizado para debater questões ambientais, e será interdisciplinar”, conta Alessandra do Carmo Vieira Candiani, professora de Geografia.

O objetivo principal do trabalho foi caracterizar a percepção dos alunos sobre a temática “Água e Meio Ambiente”, refletindo e dialogando as questões problemáticas pertinentes ao tema, incluindo a inserção da importância do Ciclo Hidrológico no contexto da conservação ambiental dos recursos hídricos, a análise dos aspectos relacionados à gestão e gerenciamento da água, o papel institucional governamental e de todos no contexto do uso e disponibilidade hídrica e a interação entre os distintos contextos ambientais que correlacionam com a temática.

O projeto ainda não está finalizado, e foi divido em duas partes: aplicação do Desenho Ambiental e Muro das Lamentações. A primeira etapa, que já foi colocada em prática, consiste na aplicação de um formulário na forma de mandala, em que os alunos expressarão suas percepções ambientais através do desenho, tendo como fundamento básico o título “Água e Meio Ambiente”.

“Eu precisava entender o que eles compreendiam pela temática. Assim, fiz duas oficinas do futuro, a primeira foi a interpretação de desenhos ambientais. Com isso eu consegui entender qual era a visão deles por Meio Ambiente. Na prática foram os desenhos da mandala, onde classifiquei cada um deles. Posteriormente, veio o muro das lamentações, a segunda oficina do futuro, onde a gente pode caracterizar os principais problemas do entorno da escola”, explica Alessandra.

Kauan Dias de Jesus tem 12 anos de idade, cursa o 7º ano e entende que o Meio Ambiente é a natureza, a água, as árvores e os animais, é algo essencial  para a existência da vida na Terra. Segundo o aluno, após a iniciativa, ele enxerga o tema de outra forma “Antes do projeto eu até entendia o que era, mas agora eu entendo a importância da preservação”, afirma.

“Eu aprendi que dava pra gente reutilizar muitas coisas, e com isso cuidar mais do Meio Ambiente. A gente não sabia que dava pra fazer tantas coisas com materiais recicláveis”, diz a aluna Talita Selix, 12. “Eu contei para a minha mãe que fizemos vários bancos, floreiras e ela achou bem legal. Ela disse que vai pegar um dia para vir na escola ver como tudo ficou”, relata entusiasmada.

Durante as atividades, os professores e a gestão da escola identificaram um espaço pouco utilizado que poderia ser melhor aproveitado. Com isso, a mobilização pulou o muro da escola e os integrantes da Associação de Pais e Mestres colaboraram com a revitalização daquele ambiente, que hoje é conhecido como “Sala Verde”.

A sala verde é um espaço que se assemelha a um jardim de inverno. É ao ar-livre e fica ao lado da biblioteca. “A Conferência acabou inspirando todo esse trabalho. Eu vejo isso como o mais importante da CNIJMA, pois o projeto foi iniciado em sala de aula e depois conseguiu envolver todas as turmas trabalhadas para a construção da sala verde. Tem puff de pneu, jardineiras feitas com pneu e garrafa pet, onde flores são plantadas. E agora, por ser um espaço grande, os estudantes terão aulas diferenciadas no local”, conta Rita Marina Lapenta Janzantti, diretora da unidade.

Essa temática já era abordada normalmente no contexto da escola, como prevê o Currículo do Estado, “mas achei que os alunos abraçaram a causa, entenderam a importância do Meio Ambiente na nossa vida. E eles foram protagonistas o tempo todo, desde o início até a finalização do projeto. Inclusive a sala verde, que é o resultado do projeto, foi ideia deles”, esclarece a professora de Geografia.

Assim como todas as atividades escolares, o projeto “Percepções e Diálogos sobre Água e Meio Ambiente” também surgiu como forma de avaliação dos alunos. Anna Julia Fagundes Vettenseld, de 12 anos, conta que, no começo, a professora Alessandra falou que os alunos receberiam notas nas etapas da atividade. “Mas depois de um tempo, nem sei quando, a gente começou a fazer não pela nota, mas pelo fato de aprender sobre a importância do assunto. A gente fez pensando na possibilidade de poder utilizar materiais recicláveis e tudo o mais. Os pneus que usamos seriam descartados irregularmente, e prejudicariam o Meio Ambiente”, expõe a pequena.

Alessandra Candiani fica emocionada com tamanha transformação dos educandos. “Eu estou muito orgulhosa, pensa numa professora orgulhosa… porque eles me surpreenderam muito. Esse espaço foi todo planejado e decorado com material reciclado, além de ter uma horta vertical que eles trouxeram de casa, doadas por familiares”, explana.

“Eles se tornaram multiplicadores, e todos nós aprendemos muito com todo o processo, inclusive eu. Eles traziam as mudas para a horta, mas precisávamos pesquisar a melhor forma de cultivar aquelas plantas. E alguns familiares, como as avós deles, recebiam fotos do espaço e falavam que algumas coisas estavam sendo cultivadas de forma equivocada e ensinavam a nós a maneira certa de plantio”, relembra a professora.

“E o legal é que tinha muito entulho no lugar da sala verde, e agora está muito lindo. Eu tirei foto e mostrei para a minha mãe que ficou impressionada. E agora a gente tem aulas aqui, ao invés de ficar dentro da sala de aula normal. E a gente fez a diferença na escola, fomos os protagonistas dessa transformação toda. E isso é importante”, finaliza Anna Julia Vettenseld.