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quarta-feira, 20/06/2018
Foto divulgação
Boas Práticas

Escola aposta na transparência para aumentar índices do IDEB e IDESP

Em Ribeirão Pires, os resultados da EE Fortunato Pandolfi Arnoni são pintados no muro da unidade

As avaliações externas existem para que os índices de aprendizagem nas escolas sejam acompanhados de perto, tanto pelos órgãos governamentais, quanto pela comunidade escolar. Mas, nem todos os pais sabem ao certo o que isso significa. Para aumentar o próprio índice, que já era satisfatório, e alertar os pais dos estudantes sobre a importância do tema, a EE Fortunato Pandolfi Arnoni, em Ribeirão Pires, decidiu tornar os índices do IDESP e IDEB mais transparentes. A solução foi pintar nos muros externos a evolução ano a ano da unidade.

“A nossa preocupação não é só colocar os dados. O objetivo principal era trazer a comunidade para perto e fazer com que o nosso desenvolvimento nas avaliações seja satisfatório sempre”, explica o diretor da escola William Santos Nascimento, diretor da unidade.

A escola Fortunato Pandolfi Arnoni atende alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental dentro do Programa Escola de Tempo Integral, assim os alunos entram no período da manhã e vão embora ao final da tarde. O dia das crianças é dividido entre aulas da Base Nacional Comum e a Parte Diversificada. Mesmo com esse diferencial, a unidade apresentava dificuldades de atingir as metas propostas nas avaliações externas, pois entre um ano e outro existia muita oscilação de resultados.

Durante o planejamento escolar de 2018 foi apresentada uma dificuldade encontrada dentro da própria escola de compartilhar as responsabilidades. Na busca de atingir as metas previstas, foi detectado que os responsáveis pelo desenvolvimento dos alunos não deveriam ser apenas os professores das turmas que fazem as avaliações, mas todos os funcionários. A reunião foi importante para identificar as contribuições de cada um e compartilhar as tarefas dos envolvidos.

“A gente tentou dividir a responsabilidade entre todos os integrantes da escola. Esse foi o primeiro objetivo. E aí chegamos ao assunto sobre o envolvimento dos pais, de até onde eles conhecem esses índices e de que forma poderiam contribuir”, acrescenta o diretor.

Após explicarem todo o processo na reunião de pais, William afirma que “os pais se prontificaram a ajudar na organização, na rotina de estudos. A parte mais importante para a gente era o pai saber das avaliações, que demonstram o aprendizado dos filhos. Esse foi o nosso maior ganho. A partir daí a gente aplicou as Avaliações de Aprendizagem e Processo, e conseguimos ver o envolvimento da comunidade”, diz o diretor. Para ele, “são pequenos detalhes, como a alimentação e o descanso dos filhos na semana que antecede a avaliação, que tornam evidente que os pais estão mais participativos”, conclui William.

Buscando a transparência, a escola ganhou, então, um mural sobre as avaliações externas. E esse mural está à vista de toda a comunidade, pintado no muro da Fortunato Pandolfi. A arte foi feita por um profissional, contratado com o dinheiro arrecadado por todos numa vaquinha coletiva. “Durante o processo, o pessoal passava e se interessava, perguntava do que se tratava. Eu acompanhei a pintura e já aproveitava para tirar as dúvidas de todos”, esclarece William.

Do lado direito de cada gráfico, no muro, tem os anos até 2023. “Assim, a gente consegue dar continuidade sem ter que refazer todo o trabalho. A exposição do avanço fica mais transparente, pois existe a possibilidade da comparação”, acredita o diretor William.

Além de informar, a pintura deu uma nova roupagem à escola. Kaique Lucas de Melo Oliveira tem 9 anos de idade e cursa o 4º ano do Fundamental. O garoto achou a ação muito legal, “pois antes era tudo verde escrito em preto. Agora tem uma vista colorida, ficou mais bonito”, avalia. E a comoção foi geral em todos os estudantes. Alice Maria de Sousa Isídio, de 10 anos, ficou tão surpresa que resolveu agradecer enviando uma carta à direção.

“Estava escrito que ficou muito lindo, que eu adorei e que a escola mudou bastante. Ficou mais coloria. E é mais legal estudar numa escola colorida, pois fica alegre”, relembra a pequena. O diretor William, tocado com a sutilidade da aluna, tratou de responder à altura. “Na cartinha do professor está escrito que eu também faço parte da construção da escola. Se hoje ela está mais bonita é porque estou lá também”, comenta Alice. “Fico feliz em receber uma cartinha do diretor. Eu não esperava que ele responderia, pensei que ele só iria dizer obrigado, sem escrever uma cartinha”, comenta.

Sua mãe, Inúbia Roberta Evangelista de Souza, achou tudo muito interessante, “pois conforme a aescola vai conquistando melhores notas quer dizer que nossos filhos estão aprendendo mais. E a gente sempre quer o melhor para os nossos filhos”. Segundo ela, nem sempre é possível estar nas reuniões de pais e mestres, o que dificulta a comunicação. “Mas hoje eu até consigo passar esse conhecimento para os outros pais, posso falar o motivo daqueles números no muro, por exemplo”, enfatiza a mãe da Alice.

O objetivo principal da pintura era informar e envolver toda a comunidade no debate sobre a corresponsabilidade no desenvolvimento do aluno e a sua contribuição nesse processo. O resultado tem sido positivo, pois os pais passaram a acompanhar mais de perto as ações desenvolvidas na escola e assumiram um papel não só fiscalizador, mas de parceria.

E o trabalho em grupo colabora para que os resultados sejam satisfatórios. O aluno Luiz Phillypi Nogueira Barbosa Reis, 7 anos, concorda com todos que a escola está até mais bonita. Mas, segundo seu ponto de vista, tudo foi possível pela junção das forças da comunidade e dos funcionários da unidade escolar. Mesmo sem entender direito o que é uma avaliação externa, tendo em vista que Luiz Phillypi está no 3º ano, já sabe avaliar o trabalho em equipe. “No 2º ano eu vi que estava tudo verde e escrito em preto, e agora, colorido, representa a amizade e o trabalho em equipe. E o trabalho em equipe é bom, serve muito. É igual nos jogos de futebol. Quando a gente trabalha junto com as pessoas os resultados são melhores. A gente se ajuda e ajuda a todos. Eu prefiro trabalhar em equipe, pois é claro que eu não vou ser um lobo solitário”, assegura o jovem.

Para o diretor William Santos Nascimento, um trabalho simples como esse, de transparência em relação aos índices obtidos pelas unidades escolares em avaliações externas, merece ser olhado com atenção por toda a rede escolar. “Eu gostaria muito que houvesse uma multiplicação dessa informação. Para a nossa escola foi positivo, e seria muito legal que outras escolas fizessem, pensassem nessa possibilidade de divulgação dos resultados. A transparência só favorece no envolvimento das crianças, dos pais”, finaliza.