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domingo, 15/11/2020
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Unicamp tem 74 pesquisadores entre os mais influentes do mundo

A avaliação do impacto de citações utilizada pelos autores respeita as características específicas das diferentes áreas do conhecimento

Um total de 74 pesquisadores da Unicamp estão entre os de maior impacto no mundo. O resultado é apontado por um novo levantamento publicado pela revista norte-americana PLOS Biology. A listagem apresenta os 100 mil cientistas com maior impacto em suas pesquisas, considerando métricas de citações de seus trabalhos, além de outros nomes que não estão entre esses 100 mil, mas integram o equivalente a 2% dos milhões de pesquisadores do mundo com maior impacto de pesquisa, o que totaliza cerca de 150 mil nomes. A avaliação do impacto de citações utilizada pelos autores respeita as características específicas das diferentes áreas do conhecimento e, entre as listas que compõem o estudo, as duas principais avaliam o impacto acumulado pelos pesquisadores ao longo de toda a carreira e os dados referentes apenas ao ano de 2019.

Entre os nomes que figuram a listagem de maior impacto em toda a carreira, apenas em 2019 e em ambas, a Unicamp tem um total de 74 pesquisadores das áreas de Engenharias, Química, Física, Computação, Matemática, Biologia, Medicina e Odontologia. A Universidade é a segunda do país com o maior número de cientistas apontados pelo levantamento. Entre os pesquisadores de maior impacto na carreira, aparecem 600 brasileiros, sendo 54 da Unicamp. A Universidade de São Paulo (USP) foi a que mais registrou pesquisadores brasileiros nessa categoria, com 120 nomes. Já na listagem dos nomes de maior impacto em 2019, o Brasil tem 853 nomes. No total, são 59 profissionais da Unicamp, atrás também apenas da USP, com 158 pesquisadores.

“É sempre gratificante ver o impacto de nossa universidade no cenário da ciência mundial, latino-americana e brasileira. A Unicamp está muito bem representada, considerando também a quantidade de docentes que temos, e a diversidade de áreas na qual atuamos. Queria parabenizar aqui a todas e todos que se dedicam continuamente para melhorar a qualidade das pesquisas”, observou Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.

Crescimento da ciência brasileira, mas ressalvas com os rankings

Conforme observa Peter Schulz, Secretário de Comunicação da Unicamp e que trabalha com o monitoramento da atividade científica, a comparação entre as duas listagens permite observar um crescimento importante tanto no número de cientistas brasileiros entre os mais influentes, quanto na distribuição do desenvolvimento científico no país. “Entre as universidades, as estaduais paulistas seguem no topo da listagem de impacto em 2019 com a USP em primeiro lugar, com 158 nomes, seguido pela Unicamp com 56. A UFRJ aparece em terceiro lugar, com 50, e a Unesp com 45. Apesar da distribuição de cientistas estar concentrada na região Sudeste, os cientistas mais influentes espalham-se por quase todos os estados brasileiros, incluindo agora o estado do Tocantins. Observa-se também a presença de um amplo leque de áreas e subáreas do conhecimento”, aponta Peter, que também observa a participação de centros de saúde e tecnologia não ligados a diretamente a universidades, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Petrobrás e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

Ele ressalta que o estudo é uma fonte de dados importante para avaliações mais detalhadas, mas que são necessários cuidados ao se observarem as informações contidas nas listas. Segundo o professor, as duas listas mostram cenários diferentes, o que requer atenção. “Ambas incluem cientistas já falecidos, mas que ainda são citados. Isso, por um lado, coloca os cientistas em atividade em um contexto histórico amplo, mas com distorções e incompletudes. Um exemplo curioso é o de Irving Langmuir, prêmio Nobel de Química de 1932 falecido em 1957. As listas consideram artigos publicados entre 1960 e 2019. Langmuir aparece com dois artigos publicados nesse período, apesar de já ter falecido. Provavelmente são republicações de artigos anteriores”, observa.

Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química (IQ) da Unicamp e membro da Força Tarefa Unicamp contra a Covid-19, pondera que rankings do tipo deixam de considerar aspectos também importantes ao se avaliar o impacto de um pesquisador. “Apesar de estar na lista, eu penso que outros fatores e contribuições deveriam ser utilizados! Tem muitos cientistas brasileiros com contribuições notáveis que não estão na lista. Isso pode passar uma mensagem errada para nossos jovens cientistas”, adverte.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, faz uma avaliação semelhante: “Essas listas não contêm necessariamente cientistas influentes, e além disso deixam de fora cientistas muito influentes, com contribuições fundamentais para suas respectivas áreas. Uma das razões para isso é que comparar índices de citação de área diferentes da ciência não faz sentido: por exemplo, trabalhos na área de matemática pura costumam ter índices de citação muito abaixo dos de outras áreas da ciência”, analisa.

Ele defende que outros parâmetros, não apenas índices numéricos, também sejam utilizados na avaliação da influência de um pesquisador. “Por exemplo, o reconhecimento internacional através de conferências plenárias nas mais importantes conferências internacionais, prêmios internacionais de prestígio, pertencimento em academias de ciências etc”, enfatiza Davidovich.

O estudo completo e a lista com todos os pesquisadores destacados, incluindo os nomes brasileiros, estão disponíveis no site da revista PLOS Biology: https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3000918

Docente da FEA aparece em lista Web of Science

Outra lista, elaborada pelo site Web of Science, da empresa Clarivate Analytics, incluiu 19 pesquisadores brasileiros entre 6.389 nomes influentes da ciência de todo o mundo. O levantamento foi realizado com base no número de artigos citados produzidos pelos pesquisadores entre janeiro de 2009 e dezembro de 2019.

A Unicamp foi representada na lista pelo professor Anderson Sant’Ana, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), cujas publicações apresentaram impacto na área das Ciências Agrícolas. Além dele, foram mencionados pesquisadores da USP, Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, Embrapa, Universidade de Brasília (UnB) e Universidades Federais de São Paulo (Unifesp), Pelotas (UFPel), Rio de Janeiro (UFRJ), Fluminense (UFF), Rio Grande do Sul (UFRGS) e Santa Maria (UFSM).

A publicação completa pode ser conferida em https://recognition.webofscience.com/awards/highly-cited/2020/

Confira a lista completa dos pesquisadores da Unicamp nominados nas listas da PLOS Biology:

imagem mostra tabela com os nomes dos pesquisadores da unicamp entre os 100 mil mais influentes do mundo

*Por conta de divergências entre as duas listas no crédito das instituições aos quais os pesquisadores são integrantes, o número total de pesquisadores da Unicamp nominados é de 74, diferente dos 73 informados anteriormente. Nas listas, os professores Mario José Abdalla Saad (FCM) e Paulo Mazzafera (IB) são nominados como docentes da USP, aqui incluídos como membros da Unicamp. Além dos 74 listados na reportagem, também foram mencionados pelas listas da PLOS Biology docentes da Unicamp já falecidos: Alcir José Monticelli (FEEC), Jaime Frejlich (IFGW), Paulo Anibal Letelier Sotomayor (IMECC) e Ulf Friedich Schuchardt (IQ).