São Paulo é uma terra rica. Não somente por ser o estado com maior poder econômico, mas também por seus costumes culturais e tradições folclóricas. Nada mais justo, então, do que se tornar tema de uma competição multidisciplinar na EE Francisco Milton de Andrade, a 5ª edição do Campeonato do Saber, que acontece de 19 a 21 de junho, na unidade escolar.
O projeto faz parte do Plano Político Pedagógico e se tornou a principal tarefa da escola. O Campeonato do Saber, projeto interdisciplinar que faz cada classe disputar pela primeira colocação no pódio, traz para 2018 o tema “São Paulo: coração do Brasil, território da diversidade cultural”.
“A novidade é a exposição “grandes pintores paulistas”, onde os alunos terão que replicar obras de arte de artistas que nasceram em São Paulo, como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e outros”, conta Edson Oliveira, professor de história e criador do Campeonato do Saber.
A competição envolve todos, da direção aos funcionários, dos alunos do Fundamental – ciclo II aos do Ensino Médio e professores. E por falar em professores, a lista é grande dos que encabeçam a iniciativa, são 11 educadores: Edson e Valdinês (História), Renato (Matemática), Eduardo (Ciências), Valdete (Inglês), Cida (Ciências), Gislaine, Maria de Lourdes e Deivison (Língua Portuguesa), Fabiana (Ed. Física) e Carlos Roberto (Geografia).
A comissão organizadora escolheu 15 cidades. Por serem 30 turmas competindo, 15 de manhã e 15 de tarde, cada cidade será representada por duas salas, uma de cada período. “A ideia é contar a história e a cultura do estado de São Paulo, tentar mostrar porque São Paulo se transformou no estado mais rico do país, no centro econômico e cultural do Brasil”, esclarece Edson.
Os alunos têm se preparado durante todo o segundo bimeste, e nos dias de competição deverão apresentar cartazes, maquetes, danças e poesias no pequeno palco da escola. Tem até os que se caracterizam com roupas que remetem o tema, o que promete tornar a festa ainda mais especial.
Após cada apresentação é a hora de saber dos jurados, formado por professores, funcionários da unidade escolar e convidados, que nota cada sala recebeu. Essas notas, somadas, definirão o grande vencedor no fim das atividades.
Para o professore de Matemática, Renato Souza, durante o desenvolvimento dos trabalhos, “o interessante é o envolvimento dos alunos a respeito de como eles produzem. Nessa interação, a comunicação deles melhora e muito. E eles se interessam bastante, eles buscam informações. Então todas as informações que eles apresentam durante o trabalho foram coisas que eles buscaram”, relata o educador.
O projeto faz parte do PPP (Plano Político Pedagógico) da E.E. Francisco Milton de Andrade, e se tornou a principal tarefa multidisciplinar da escola guarulhense. Bastante aguardado pelos professores e, principalmente, pelos alunos, o Campeonato do Saber praticamente fecha o calendário escolar do primeiro semestre do ano letivo.
Em poucas palavras, o Campeonato do Saber é uma grande gincana cultural, onde os vencedores são as turmas que somam a maior pontuação. Os alunos são premiados com medalhas e diplomas. “É fala dos próprios alunos que, no Campeonato do Saber, eles aprendem temas complexos brincando. E é justamente esse o objetivo”, declara o professor de História, Edson Oliveira.
Larissa Sousa Silva, de apenas 12 anos de idade, afirma que o campeonato é uma boa experiência pelo fato de sair da mesmice. A sala em que estuda irá falar sobre a cidade de Holambra. “É a terra das flores, e tem muitos pontos turísticos. Eu tenho vontade de ir lá, por ser a cidade das flores, que eu gosto bastante. E ainda mais agora, que estamos pesquisando sobre ela”, confirma a aluna.
Um pouco mais nova, Maria Luiza Colonhi Silva, 11, diz que sua sala ficou com uma linda cidade praiana, Ubatuba. “Lá é uma cidade litorânea muito legal, e tem um monte de lugares para visitar, é turística”, afirma. Sobre o Campeonato do Saber, Malu diz que “é muito empolgante. A gente aprende várias histórias sobre o estado. Tem os textos de Geografia, História e Ciências. Além de ser legal, a gente está estudando e nos empenhando bastante para ser os campeões”, explana.
Em ano de Copa do Mundo, os alunos pensaram que fariam atividades voltadas para as seleções que disputarão o mundial. No entanto, a primeira edição do campeonato aconteceu em 2014, ano de Copa no Brasil e, portanto, com esse tema. “eu estava pensando que seria a Copa. E para todos os alunos foi uma surpresa total”, esclarece Larissa.
O tema foi sugestão do professor Renato, e a ideia era justamente ter um tema mais amplo e menos obvio, além de ser uma excelente oportunidade para contar a cultura do estado de São Paulo. “Hoje a gente tem a cultura de massa e a tradicional. Então o papel importante da escola é não deixar a cultura tradicional morrer. É passar para a nova geração que existe uma cultura que está fora da televisão, da grande mídia, e que a gente não pode deixar para trás, como a catira e a moda de viola, que estão presentes nesse projeto”, explana o historiador Edson.
Na direção da escola Francisco Milton de Andrade desde 2002, a diretora Elaine Lanete ressalta a importância do campeonato no ensino-aprendizagem, que é capaz de modificar positivamente a cultura escolar e a forma como os alunos passaram a se interessar pelos estudos e por temas mais complexos da escola.
Ela enfatiza que “essa atividade é a ‘menina dos olhos’ da escola. É um projeto que valoriza o aluno e as turmas que se dedicam aos estudos. Melhora o relacionamento professor/aluno, com as atividades lúdicas do projeto, melhora a oralidade e a escrita, além de melhorar a autoestima deles, principalmente os alunos e as turmas que se destacam a cada edição, que saem vencedoras do Campeonato do Saber e desfilam com orgulho suas medalhas no pescoço.
Mudando a postura
Na região onde está localizada a escola, na cidade de Guarulhos, as famílias de muitos estudantes chegaram a São Paulo vindo da Bahia. O Mais curioso, no entanto, é que vieram da mesma cidade, Ibipitanga. Lá, é comum que retirantes retornem no meio do ano para que participem das festas juninas. Com isso, os pais pediam sempre que as atividades, como trabalho e provas, que valiam notas fossem adiantadas para que eles pudessem levar seus filhos.
A partir de 2014 tudo mudou. A mobilização da garotada foi tão grande para que vencessem a competição que os pais enxergaram que o Campeonato do Saber fazia com que seus filhos passassem mais tempo estudando. “Eles viram que os filhos estavam sendo incentivados ao estudo, e é isso o que todo pai quer. Existe a competitividade, e por isso eles acabam estudando mais para vencerem as outras turmas. Assim, os pais viram que não era interessante retirar os alunos antes de fim do período letivo, e acabam reagendando a viagem para Ibipitanga”, relata Edson.