Garantir a inclusão dos participantes do Programa Escola da Família na prática esportiva é o grande desafio que fica para os educadores universitários que atuam na iniciativa. Esta é a principal mensagem que foi apresentada pelos palestrantes e participantes do Seminário A Bola da Vez 2007, realizado neste domingo, 9 de dezembro, no anfiteatro da Unib – Universidade Ibirapuera, na capital paulista.
O Projeto A Bola da Vez é promovido em parceria entre as Secretarias de Estado da Educação e do Esporte, Lazer e Turismo, com apoio da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) , órgão da Educação , dentro das ações do Programa Escola da Família.
O Seminário contou com a presença de diversas autoridades do campo dos esportes, como o Secretário de Estado de Esporte, Lazer e Turismo de São Paulo, Claury Santos Alves da Silva, o treinador da seleção brasileira masculina de handebol, Washington Nunes Silva Júnior, o ex-jogador da seleção brasileira de basquete Israel Andrade e o professor Dr. Roberto Rodrigues Paes, da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Inclusão
“Temos de nos preocupar em incluir quem não é talento”, afirmou o professor Roberto, durante a palestra “Pedagogia do Esporte”. Segundo ele, é essencial garantir a participação de todos, sempre valorizando a noção de que professores de educação física são, antes de tudo, educadores. “Antes de trabalhar a parte física, somos professores”, afirmou.
“As coisas que a gente ensina e aprende com amor, nunca mais esquece”, defendeu o professor da Unicamp. Para ele, é preciso que o professor trabalhe visando desenvolver seus alunos como pessoas, não apenas como atletas, para “dar oportunidades a que todos possam ampliar os seus limites”.
O educador lembrou que o esporte é um fenômeno social e deve ser abordado em suas diversas esferas, seja na profissional, na vertente destinada ao lazer ou na relacionada ao desenvolvimento educativo.
Ele lembrou que, atualmente, o esporte está muito mais presente na vida de todos, principalmente pela maior oferta de espaços e recursos para sua prática. Neste sentido, citou as iniciativas da Secretaria da Educação como exemplo: “Podemos entender o Escola da Família como um ambiente para a prática do esporte”.
Além disso, o professor da Unicamp conclamou os futuros professores, representados pelos educadores universitários presentes ao Seminário, a dedicarem-se de forma aplicada e atenta à profissão. “Temos de ir além de ensinar o aluno a fazer uma bandeja”, afirmou, referindo-se à tradicional jogada do basquete. Ele defende que são tarefas do professor desenvolver a autonomia, a inclusão, a cooperação e a diversificação: “Devemos estimular as múltiplas inteligências das pessoas”.
Interação com a sociedade
“A importância de um projeto como este é potencializar toda a estrutura que o Estado já possui”, afirmou o Secretário de Estado de Esporte, Lazer e Turismo de São Paulo, Claury da Silva, citando as quadras e outros espaços colocados à disposição pela Secretaria da Educação e os materiais e metodologias oferecidos pela Secretaria de Esportes, por exemplo.
“E você tem o apoio da FDE , dentro do Programa Escola da Família, e, principalmente, o desafio para cada bolsista em criar seu grupo de 30 participantes (como é previsto no A Bola da Vez para a prática do basquete ou do handebol). Há também o apoio das Federações Paulistas difundindo estas duas modalidades (basquete e handebol)”, disse o secretário.
Segundo Claury da Silva, “o que se pretende é, por intermédio de um trabalho como este, promover a inclusão social pelo esporte”. Ele destacou que a preocupação com a inclusão social está expressa no programa de governo do Estado de São Paulo. “O programa Bola da Vez é um conjunto de esforços governamentais interagindo com a sociedade.”
Com relação à participação dos educadores universitários (bolsistas) do Programa Escola da Família no Seminário, o secretário afirmou: “Esse contato com jogadores e treinadores de seleções brasileiras oferece o nível técnico desejável ao programa”.
Para o técnico da seleção brasileira masculina de handebol, iniciativas como o A Bola da Vez servem “para a massificação do esporte e para fazer dele um instrumento de educação”. “Esse tipo de ação pode colaborar para uma mudança do quintal deles (crianças e jovens), para mostrar que o mundo é muito maior que esse quintal”, disse o Washington Nunes, referindo-se às perspectivas de vida dos participantes diante da oportunidade da prática de um esporte.
Em linha com o professor Roberto Rodrigues Paes, o treinador de handebol falou sobre a responsabilidade dos professores na oferta do esporte aos jovens. Ele lembrou sua própria experiência de vida como referência: “O handebol, para mim, é, acima de tudo, uma paixão que foi iniciada com a ajuda de um professor de educação física. (…) Agradeço demais o que este professor de Educação Física fez por mim”.
Para Israel Andrade, que foi atleta da seleção brasileira de basquete, esteve presente a três Olimpíadas defendendo o Brasil e foi iniciado no esporte por uma professora de educação física, “é muito interessante despertar o interesse da garotada pelo basquete e pelo handebol”.
“Praticar o esporte é uma forma de exercitar a responsabilidade, algo que eles vão carregar para o resto de suas vidas”, acrescentou Israel.
Cultura da paz
Já Nivaldo Santos, gerente de Educação e Cidadania da FDE , que participou da abertura do Seminário, falou sobre a importância de iniciativas voltadas a garantir um aprendizado melhor a crianças e jovens e a necessidade de desenvolvimento da cultura da paz em nossa sociedade.
Sobre as perspectivas de sucesso diante do trabalho desenvolvido pelo A Bola da Vez e o Escola da Família, Nivaldo indicou: “O grupo aqui reunido, a sinergia que existe aqui, é capaz de muitas coisas”.
A professora Ana Maria Stuginski, chefe do Departamento de Parcerias da FDE , que mediou mesa-redonda sobre esportes durante o Seminário, lembrou que “quando se trabalha com gente, antes de se buscar a descoberta de um talento (nos esportes), há de se fazer inclusão”.
Voltando-se aos educadores universitários presentes, a coordenadora do Programa Escola da Família fez questão de proferir palavras de estímulo. “O que a comunidade conhece do Escola da Família é o trabalho que vocês desenvolvem lá”, lembrou.
Participaram do Seminário A Bola da Vez 2007 mais de 500 educadores universitários que atuam no Escola da Família e representantes das 39 Diretorias de Ensino incluídas no A Bola da Vez, entre outros envolvidos nas iniciativas. A Unib – Universidade Ibirapuera, que ofereceu graciosamente seu anfiteatro para a realização do evento, foi representada pela professora Laura Scatena, do Núcleo Educação da instituição.
O Projeto A Bola da Vez oferece às escolas participantes bolas de handebol e de basquete confeccionadas por internos do sistema penitenciário paulista envolvidos com o Projeto Pintando a Liberdade. Cada escola recebeu 20 bolas da modalidade escolhida. No total, foram doadas 3.500 bolas.
Além disso, o Projeto promove a orientação técnica dos bolsistas do Escola da Família em basquete e handebol, com apoio das Federações Paulistas de ambas modalidades. Assim, os universitários, em geral estudantes de Educação Física, foram capacitados para oferecer a prática do basquete ou do handebol aos freqüentadores do programa.
