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sexta-feira, 30/11/2018
Boas Práticas

Ação solidária de alunos ganha destaque em Mogi das Cruzes

Diretor da E.E. Irene Caporali de Souza foi diagnosticado com câncer e recebeu homenagem no hospital

Empatia não é só a palavra da moda. Aprender desde cedo a importância de fazer o bem ao outro é fundamental numa rotina na qual o individualismo e o desapego se tornaram bastante presentes. Dessa forma, em muitas escolas da rede de ensino paulista, a solidariedade se tornou uma das premissas básicas do currículo escolar.

Em Mogi das Cruzes, a E.E. Irene Caporali de Souza é de tempo integral e conta com projetos que valorizam a missão solidária dos alunos. Em abril deste ano, o diretor da unidade, Marcelo Fialho, teve a ideia de tornar o coral da escola em instrumento de recuperação para pacientes em tratamento de câncer.

O grupo musical, chamado Coral Believe, foi criado no ano passado pela professora de inglês Kelly Valim. A docente viu a possibilidade de ensinar a disciplina através de um método mais dinâmico para engajar os alunos do Ensino Médio.

A ideia de Marcelo, portanto, era juntar as músicas do coral com a proposta de trabalhar o lado altruísta dos estudantes. “Além disso, eles poderiam conhecer um pouco melhor sobre o câncer, o tratamento, a importância de fazer um diagnóstico precoce e levar isso para as famílias”, explica o diretor.

A coincidência inesperada

Em junho deste ano, enquanto Marcelo realizava um procedimento cirúrgico, os médicos descobriram um tumor. O diagnóstico não demorou muito e constatou que o diretor estava com câncer. Em outubro, deu início ao tratamento.

“Quando os alunos ficaram sabendo da doença, eles tiveram mais gás para dar início ao projeto”, conta Kelly. Foi então que o grupo formado por alunos da 3º série do Médio se organizou e conseguiu autorização para cantar no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, unidade onde Marcelo estava fazendo quimioterapia.

Surpreso e bastante emocionado, Marcelo não imaginava que os alunos entrariam em sua sessão de tratamento com instrumentos musicais para cantar palavras de amizade, superação e coragem. A ação acabou contagiando os outros pacientes do local.

“Eu sabia que essa ação era importante para os pacientes, mas sentir na pele é outra coisa. No Hospital, as pessoas ficam muito fragilizadas e é incrível ver uma ação como esta que desperta amor e solidariedade”, revela o diretor. “É através desse carinho, que muitos pacientes conseguem desvincular seus pensamentos da doença”.

O engajamento dos alunos

Mesmo em quimioterapia, Marcelo não se afastou da escola e aproveitou suas folgas para dar continuidade ao tratamento. No início desta semana, o diretor encerrou as sessões e já voltou para a unidade.

No entanto, o grupo musical não perdeu o incentivo e ainda continua frequentando o Hospital. Depois dessa apresentação, os jovens foram convidados para participar de outros eventos na unidade de saúde.

“O que eu fiquei encantada é que uma turma de 3º série, que está em época de vestibular, deu uma pausa nos estudos para olhar para o outro”, afirma Kelly. A docente ainda fala que eles vão se apresentar na festa de final de ano do Hospital e já tem planos para percorrer outras instituições na cidade.

“A nossa intenção é que todos os anos os alunos levem essa ação solidária para fora e que isso vire cultura da escola. Isso é uma premissa muito importante do Ensino Integral”, esclarece o diretor.

Para esses alunos, o mais importante é acreditar que simples ações são capazes de transformar a vida de muita gente. Não só para Marcelo, mas a força e a alegria que esses adolescentes passam aos pacientes é uma forma de mostrar que a juventude ainda pode ser o maior símbolo de transformação.