Nesta quinta-feira (9) o ex-secretário municipal de educação de São Paulo, professor e pesquisador da Universidade de Columbia, Alexandre Schneider, participou da programação do Centro de Mídias SP (CMSP).
Schneider, que atualmente mora em Nova York, comentou dois pontos que, na sua avaliação, ganharam destaque durante a pandemia: a desigualdade e a importância do professor na sociedade. “Há estudantes que em casa tem a possibilidade de ter um ambiente para estudar, com um computador e pais que estão junto, acompanhando. Mas há muitos estudantes que não tem possibilidade nenhuma, alguns deles em famílias muito grandes morando em um ou dois cômodos e com dificuldades básicas de sobrevivência. Essa é a realidade de São Paulo e do Brasil”.
Ele lembra que por conta dessa desigualdade, é esperado um retorno presencial cauteloso com grupos de alunos em situações diferentes: os que conseguiram acompanhar e manter os estudos em dia, os que acompanharam com alguma dificuldade e os que não conseguiram acompanhar, sendo este o maior desafio.
Schneider avalia que 2020 tem que ser tratado como um ciclo e não como um ano letivo “É hora de a gente pensar em selecionar aquilo que é mais relevante neste ano e construir um processo em que os estudantes não percam aquilo que deveriam ter aprendido. Como isso pode ser feito? Tratando este ano e o próximo como um ciclo, distribuindo as habilidades ao longo dos dois anos”, exemplificou.
Outro desafio que as escolas terão que superar está relacionada à estrutura das unidades e aos cuidados com toda a comunidade escolar. “É importante mapear no seu território quais são os serviços públicos que podem ser acessados pela escola ou pelas famílias. Nesse momento é preciso entender aonde está o posto de saúde, o centro de referência de assistência social, os serviços públicos e privados que as famílias podem contar”, afirmou.