Mais do que gosto pessoal, a leitura está muito envolvida com o hábito. Foi pensando nisso que a E.E. Fortunato Pandolfi Arnoni, em Ribeirão Pires, resolveu incentivar a prática colocando textos nas mesas em que os alunos fazem as refeições. E a iniciativa deu certo: a direção da escola percebeu aumento do interesse dos alunos pelas letras.
De acordo com a vice-diretora Nathaly de Matos Mardegan Gallego, a ideia do projeto “Alimente sua mente” surgiu quando a equipe pedagógica percebeu, durante as aulas, que os alunos não tinham o hábito de ler um texto até o fim, frequentemente abandonando a leitura antes do esperado.
Assim, a escola resolveu incentivar esse hábito também fora da sala de aula, colocando textos nas mesas do refeitório, protegidos pela toalha plastificada e transparente. Na hora do almoço, os alunos fazem as refeições e leem o que está disponível por ali.
“Começamos a colocar alguns textos com curiosidades, recortes de jornal ou eventos que estavam acontecendo na cidade”, explica Nathaly. “Além disso, disponibilizamos informações sobre a história da cidade, pois percebemos que os alunos não tinham esse conhecimento.”
O diretor William Santos Nascimento conta que percebeu que os alunos adoraram a novidade, e que inclusive há um revezamento de lugares para conhecer os temas novos. “Os textos mais debatidos são sobre a história da cidade”, diz.
A cada dois meses, no máximo, os textos serão substituídos por novos, mantendo assim o interesse pela leitura.
Um texto para cada idade
Como a escola recebe alunos do 1º ao 5º ano em período integral, o projeto também abrange aquelas crianças que ainda estão aprendendo a ler.
Nathaly conta que, para a turminha que ainda está sendo alfabetizada, os textos são mais simples. “Colocamos parlendas só com letras de forma, que faz sentido para a criança que está no processo de alfabetização, e também para aquele que já sabe ler, mas ainda não tem muito autonomia”.
O diretor detalha que as crianças fazem leituras das imagens e criam suas próprias historinhas.
Crianças procuram pelos textos na hora do almoço
A vice-diretora conta que, quando o projeto foi implementado no refeitório, por um esquecimento uma das mesas ficou sem os textos por baixo da toalha de plástico, mas a equipe que fixou as folhas não havia percebido. O sinal de que alguma coisa estava errada, porém, foi claro: era a única mesa que ficava vazia durante os intervalos. O “problema” foi corrigido logo em seguida.
“Há um revezamento natural para sentar em mesas diferentes a cada almoço para aproveitar uma leitura diferente”, explica a vice-diretora. E, claro, as crianças menores intuitivamente procuram as mesas em que o material disponibilizado está de acordo com sua faixa etária.
Quando a criança prefere se concentrar apenas na refeição e não consegue terminar de ler o texto, Nathaly conta que frequentemente vê o aluno devolver a bandeja vazia e voltar para terminar a leitura.
Vale ressaltar que ler durante as refeições não faz mal à saúde, como acreditavam os mais antigos. Ainda mais quando a criança está acompanhada de colegas que, juntos, discutem o texto, gerando um momento saudável de socialização.