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segunda-feira, 14/05/2018
Boas Práticas

Alunas se tornam modelos e melhoram a autoestima

Projeto “O melhor de você” foi desenvolvido na EE Edésio Castanho, na cidade de Ibaté

Fulano está acima do peso. Beltrano é alto demais. Nossa, como aquela menina tem o cabelo feio! Muitas vezes nos pegamos em conversas com frases semelhantes às do início desse texto, principalmente quando estamos na adolescência. Afirmar coisas desse tipo não faz bem a quem fala e muito menos a quem é alvo da crítica. O melhor mesmo é entender as diferenças e multiplicar o conhecimento sobre a auto aceitação. Afinal, autoestima só faz bem!

O projeto “O melhor de você” foi criado com o objetivo de valorizar a individualidade e desmistificar a cultura da estética padronizada, quebrando barreiras sociais e culturais historicamente construídas. É interdisciplinar e envolve os saberes de Matemática, Artes, Ciências Biológicas e Educação Física. “E é um projeto voltado para a aceitação do próprio corpo. Cada um tem uma beleza, uma habilidade diferente”, afirma Neusa Kapp, vice-diretora da escola. Ela completa que “as meninas ficaram super felizes. Já na primeira etapa deu um resultado satisfatório”, completa.

A primeira etapa a que Neusa se refere é uma espécie de piloto. Quatro garotas foram selecionadas pelo professor Pedro Henrique Eneas Ferreira, que sentiu a necessidade de trabalhar conjuntamente com as outras disciplinas e demonstrar na prática como todos sem exceção são belos, trabalhando a auto estima, a auto aceitação e o amor próprio através da fotografia.

Com apenas 12 anos de idade, Leticia do Risso, que é de falar pouco, diz ter gostado de participar, “porque foi muito bom fazer as fotos para a auto estima. Eu cheguei e tinha uma sala com as roupas, elas escolheram umas peças e a gente tirava foto”, conta a pequena.

Outra das garotas escolhidas, Pamela Martins Pedro, 15, fala que foi legal participar do projeto. “Foi uma experiencia muito boa, pois nunca tinha entrado no estúdio para fazer foto. Foi algo novo que eu gostei bastante!”, diz a aluna. E Pamela não foi apenas impactada pela presença de um estúdio de fotografia, mas também por todo o processo de conscientização e aprendizagem do “O melhor de você”. “Mudou minha cabeça, pois existe um certo padrão de beleza na sociedade, e o projeto mostrou que isso não existe. E é bom se aceitar, porque a sociedade julga muito a gente, e é bom estar bem consigo mesma”, acrescenta.

A escolha das garotas modelos foi estratégica. Elas não foram selecionadas ao acaso. Algumas se propuseram a fazer parte, enquanto outras o professor escolheu a partir do momento em que percebeu que elas estavam sofrendo com a falta de autoestima. E o professor entendeu, ainda, que mesmo assim se tratavam de uma espécie de espelho para os outras garotas da escola. “Então eu falei, vou começar com essas quatro para que as demais venham e comecem a entender que o padrão imposto pela sociedade não é o que devem seguir, e sim ser elas mesmas e felizes”.

As quatro meninas do projeto são lindas, mas têm problemas de auto estima por pequenos detalhes. Uma pelo cabelo não ser padrão, outra pelo corpo não ser padrão, e assim vai. “Mas a partir do momento que elas vêm as fotos e começam a ouvir elogios de outras meninas, de outras pessoas, elas começam a enxergar aquilo que antes não era visto”, explica Pedro.

Os responsáveis entendem que o projeto não vai parar só nas quatro meninas, pois muitas pessoas, principalmente nessa fase da adolescência, precisam de um impulso, de algo que consiga elevar a auto estima delas.

Parceira da iniciativa, a maquiadora profissional Sara Gabriely Camilo entende a importância de algo tão solidário. Ex-aluna da unidade escolar, para Sara, “a maquiagem é um grande artifício que nós mulheres temos a nosso favor”. Na escola, então, “muitas meninas, principalmente na adolescência, têm um grande problema em se aceitar, aceitar seu corpo, seu tamanho, sua cor, seu cabelo, etc. Infelizmente, para muitas a escola é a pior fase, ainda mais quando um colega de classe faz uma brincadeira, que na verdade não é bem uma brincadeira. Por isso, achei o projeto incrível e espero que ele se repita anualmente”, acredita Sara Camilo. O projeto também recebeu a parceria de uma loja de moda feminina da cidade, a Moda Viva.

Segundo o currículo do Estado de São Paulo, na área de Códigos e Linguagens se aborda o tema “Corpo, Saúde e Beleza”, no qual os alunos têm a oportunidade de estudar os padrões estéticos construídos pela sociedade e o que as pessoas fazem para alcançar este tipo de padrão, além dos distúrbios alimentares como a bulimia, a anorexia e a ortorexia.

Um projeto como “O melhor de Você” leva a escola a atingir melhores índices de aprendizagem, avalia a vice-diretora neusa Kapp. “Pois o aluno, quando está bem consigo mesmo, ele vai bem nas disciplinas, pois tem maior segurança. Com isso, apresenta a mesma segurança na hora de encarar novos desafios, como aprender novos conteúdos”, conclui Neusa.