Idéia do projeto surgiu para que os estudantes interagissem mais com a matéria
O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Teoremas, fórmulas… Certas regrinhas de matemática causam até arrepios em alguns alunos. Pensando nisso, uma professora resolveu usar um método nada comum para prender a atenção dos estudantes em sala de aula: peças teatrais e poemas.
Como tudo começou
A idéia, iniciada no primeiro semestre, partiu da professora Ione Aparecida de Souza Machado Batista. Ela desenvolveu o projeto com cerca de 40 alunos entre 14 e 15 anos da 8º série do ensino fundamental da Escola Estadual Vereador Sebastião Mônaco, em Marília, no interior de São Paulo.
Cansada de observar as dificuldades de assimilação e a falta de interesse, ela passou alguns dias pensando em algo que pudesse ajudar no processo de aprendizagem. “Hoje, para ser alfabetizado, o ser humano precisa não só ler e escrever, mas interpretar e atuar no mundo onde vive de maneira dinâmica e capaz de transformar a realidade onde vive”, explica a professora.
O Desenvolvimento
Após dividir a sala em grupos o segundo passo foi se aprofundar nas pesquisas dentro da sala de leitura da escola, usando os livros didáticos e as enciclopédias. Hora de explorar a criatividade para produzir os poemas e definir de que forma iriam fazer as apresentações.
O passo seguinte foi definir os temas para apresentação: História de Pitágoras, Demonstração Prática do Teorema de Pitágoras, Ilustração do Teorema de Pitágoras, Tales e sua História, Acróstico do Teorema de Tales e a Receita “Matemágica” do Teorema de Tales.
Os resultados
Para a professora Ione Aparecida, o trabalho atraiu os interesses dos alunos pelo conteúdo. Ela também notou a melhoria do rendimento na aplicação dos teoremas, e mais: os alunos se tornaram mais comunicativos e passaram a se apresentar em público sem grandes dificuldades.
Segundo ela, a forma diversificada e divertida de transmissão do conteúdo a fez acreditar que, quando instigado a participar da construção do seu conhecimento, o aluno desenvolve habilidades desconhecidas pelo professor. “Eles tiveram um progresso muito grande na aprendizagem, pois perceberam que a matemática não é uma ciência isolada. A matéria pode ser transformada em uma brincadeira educativa. Assim, jamais será esquecida”, concluiu a professora.
Ficou curioso?
Se você ficou curioso sobre a forma como a matemática foi transformada em atividade lúdica para ser trabalhada em sala de aula, veja a seguir dois exemplos de trabalhos feitos pelos alunos. O primeiro transformou um teorema em “receita culinária”. Já o segundo transformou em acróstico algo que, a princípio, nada tinha de poético.
Receita “matemágica” do Teorema de Tales
Ingredientes
1 pitada de bom humor.
1 colher de chá de boas vontades.
½ xícara de inteligência.
4 retas paralelas.
2 retas transversais.
Modo de fazer
Junte numa vasilha a pitada de bom humor, a colher de boa vontade e a porção de inteligência. Bata bastante com uma colher de motivação.
Deixe de lado as brincadeiras e acrescente as quatro retas paralelas na distância de 2cm, 4cm, 6cm, respectivamente.
Meça os segmentos formados entre as retas paralelas, junto tudo à mistura já preparada de bom humor, boa vontade e inteligência.
Leve para assar por 30 minutos de estudos e dedicação e confira o resultado que diz:
“Dado um feixe de retas paralelas cortadas por duas transversais, temos segmentos proporcionais”.
Sirva bem quente e sucesso!
Acróstico Tales
Tanta gente não consegue
Tão difícil é a lição
Também pudera, quem sabe
Tamanha complicação.
Agora vamos ouvir
A nossa explicação
Algumas retas paralelas
A s outras transversais são.
Lembrando que nesse caso
Lá muito tempo atrás
Luminosa idéia teve Tales
Louco por números, aliás.
Ele provou para o mundo
Esse teorema eficaz
Entre os espaços das retas
Estão partes proporcionais.
São coisas que a gente aprende
São fatos simples, reais
Só queremos que vocês
Sejam sábios e nada mais.