Alunos de seis a nove anos entram eufóricos na sala da diretora para o encontro pontualmente marcado, cada um segurando um caderno com a pauta da reunião semanal. Entre os apontamentos estão suco de laranja para o almoço, brigadeiro de sobremesa e uma reclamação unânime entre todos: lixo que os alunos deixam pela escola. Esse é um dia de assembleia que acontece a cada 15 dias na E.E. Brasílio Machado, com duração de 50 minutos no período da tarde. “Acho a assembleia muito importante para as decisões, a gente participa mais”, ressalta Tomé de Freitas Bispo, do 3º ano do Ensino Fundamental.
Desde julho de 2014 acontecem as assembleias, com o objetivo de preparar os alunos dos Anos Iniciais para o exercício da cidadania e, assim, constituir parte das atividades complementares, além das aulas de assembleia.
Ao todo são 17 líderes com idades entre seis e dez anos que reúnem as sugestões de todas as salas e levam para discutir com a diretora quinzenalmente. Na última reunião, os alunos decidiram fazer um mutirão da limpeza para tirar o lixo da quadra de esportes. Mas com uma condição: que usassem crachá, colete de identificação e luvas, para que eles sejam vistos como idealizadores, cuidadores e fiscais da escola. A ação foi batizada como “Cata-Cata”.
“Acho uma responsabilidade muito grande representar a sala e gosto muito de fazer isso. Minha sugestão para hoje é que suco de laranja de caixinha seria muito bom depois do almoço”, diz Emilly de Lima Loch, aluna do 3º ano do Ensino Fundamental. A diretora se posiciona perante aos apontamentos e completa: “O cardápio da escola é feito por nutricionistas da Secretaria da Educação e a refeição é balanceada”. E assim a reunião segue sempre com muito respeito a opinião e esclarecimentos de todos.
Para a diretora da unidade, os alunos participantes dessa iniciativa serão cidadãos críticos e mais participantes na sociedade. “Temos que dar vez e voz aos alunos, não podemos partir do achismo mais. Eles têm que participar dos processos. A escola tem que ser a cara deles. Falo para eles que com respeito e educação podemos questionar o que quisermos. Os alunos se tornaram questionadores e os lideres foram eleitos pelos próprios colegas por terem relação de confiança”, revela a diretora Simone Santoro Romano. Em breve, por votação dos próprios alunos, os pais também participarão das assembleias.