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sexta-feira, 23/02/2018
A Escola Que Queremos

Alunos de Presidente Prudente viajam à sede da ONU para apresentar projeto sustentável

Em Nova Iorque, representantes do Brasil foram ouvidos por Embaixadores do mundo todo

Estudantes e professores da rede estadual paulista representaram o Brasil em evento sobre sustentabilidade, na Organização das Nações Unidas (ONU). A convenção ouviu alunos de oito escolas espalhadas por cinco países: Brasil, China, Coreia do Sul, Estados Unidos da América e Tunísia. Os brasileiros apresentaram o projeto Reciclart, um ambiente virtual para disseminar o trabalho de artesãos que trabalham com lixo reciclável. Dessa maneira, criaram sensibilidade ambiental na comunidade escolar.

A partir de um convite feito pela Samsung do Brasil, os jovens da E.E. Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro, de Presidente Prudente, participaram de um intercâmbio cultural virtual realizado na plataforma IVECA, uma ONG vinculada à ONU. Quatro escolas dos Estados Unidos fizeram dupla com outras quatro escolas, uma de cada país citado.

Cada dupla de escolas ficou responsável por uma ou duas Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU, à Formozinho Ribeiro coube estudar a meta três, que é Saúde e Bem Estar. A escola do Brasil se juntou com uma unidade escolar do Estado do Alabama. Assim, brasileiros e norte-americanos tiveram que identificar os problemas de suas localidades relacionados ao Meio Ambiente e traçar um plano para elaborar estratégias de combate à degradação.

Cada escola desenvolveu as suas ideias, e durante as atividades na plataforma IVECA elas respondiam questões sobre o projeto da outra e apontavam as falhas. Assim as duas se ajudavam e o protótipo ganhava forma. Além de sanar problemas locais, as medidas deveriam obedecer uma regra crucial: ter a possibilidade de ser replicada pelos quatro cantos do planeta Terra.

“A ideia inicial, ao criar o Reciclart, é sensibilizar as pessoas. A ideia secundária é possibilitar um espaço para que os artesãos possam vender seus trabalhos criados a partir da coleta seletiva do lixo e, assim, melhorarem suas rendas”, explica o professor de Física, Rafael Nunes do Val. Rafael do Val foi um dos professores orientadores de todo o projeto, juntamente com a professora Renata Orosco, que leciona a Língua Inglesa.

Rafael do Val lembra que a apresentação na ONU (que aconteceu em 5 de fevereiro) foi um momento para jamais se esquecer. Segundo o professor, “os alunos ficaram no espaço reservado aos palestrantes e mandaram muito bem em seu discurso. Aos professores, restou a torcida na primeira fileira da plateia, ao lado dos embaixadores”, relata.

Algo que pode até passar pela sua cabeça é a curiosidade de saber como os adolescentes estavam se sentindo em levar soluções para os problemas que os adultos não conseguem resolver. A professora Renata Orosco compartilha que, após a apresentação, embaixadores se sentiram à vontade para fazer perguntas sobre cada projeto. Um deles questionou se os estudantes tinham certeza de que o Reciclart faria a diferença e por qual motivo. “Os alunos responderam que, mesmo tendo cidades com perfis diferentes, uma mais rural e menor, a outra mais urbana e maior, as crianças conseguiram enxergar problemas em comum relacionados ao Meio Ambiente”.

Giovanna Guessada, aluna da E.E. Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro, foi uma das representantes do Brasil na ONU. Segundo ela, essa experiência “foi sensacional , algo que nunca pensei que estaria ao meu alcance. O projeto agregou muito na minha vida e me ensinou coisas que vou levar pra sempre comigo”, afirma. Sobre o Reciclart, a avaliação de Giovanna é que “as pessoas que estão usando a plataforma avaliam de forma positiva. Ainda há coisas para serem feitas e aprimoradas no site, mas a repercussão está sendo muito bacana”, completa a aluna.

Rafael Correia, aluno da E.E. Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro, também viajou para os Estados Unidos da América. Ele avalia que estar preparado é tudo. “Acho que foi uma boa apresentação, embora eu estivesse muito nervoso, eu consegui me conter e não transpassar o nervosismo. O que me ajudou muito durante a apresentação foi a preparação tanto antes da viagem, quanto depois”, explica.

O Reciclart foi um projeto grande e relâmpago. Começou em outubro de 2017, com a formação dos professores, depois teve a formação dos 15 alunos da E.E. Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro e foi finalizado em janeiro de 2018. “Até a apresentação, consegui enxergar alunos super comprometidos e motivados em participarem de algo tão grande. Esses meninos fizeram a diferença”, enfatiza a professora Renata.

E a docente vai além, “o que eu posso dizer é que nunca eu imaginaria que uma professora do interior do interior de São Paulo, numa escola que não é a maior de Presidente Prudente, mas que faz a diferença dentro da nossa diretoria de ensino, pudesse ter a oportunidade de pisar dentro do prédio da ONU com seus alunos. Só isso já seria um grande privilégio. Agora, poder falar e ser ouvida por autoridades, falar de algo que trabalhamos duro, foi importante, pois representamos uma nação. É muita coisa! Nós ficamos maravilhados”, completa Renata.

O grupo trabalhou intensamente, com reuniões periódicas. Conforme o projeto crescia, os encontros ficavam mais frequentes, a ponto dos alunos abdicarem das férias escolares e frequentarem a escola todos os dias. Uma grande parceira foi a UNESP (Universidade do Estado de São Paulo), que assessorou a equipe em relação aos estudos ambientais.

O departamento de Geografia, o grupo de pesquisas GADIS (Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial) e o LAG (Laboratório de Arqueologia Guarani e Estudos da Paisagem) foram grandes parceiros. Disponibilizaram especialistas para nortearem nas pesquisas ambientais, sobre como a região é afetada pelo lixo, sobre lençóis freáticos, coletas seletivas, resíduos sólidos e etc.. A UNESP também abriu todo o acervo de pesquisa do curso de Geografia. As videoconferências com o pessoal do Alabama foram feitas no prédio da universidade.