Alunos entre 6 e 10 anos já tomam suas decisões como adultos nas Escolas de Tempo Integral da rede estadual de ensino, que atendem o ciclo 1 do Ensino Fundamental. Nelas, além das disciplinas do currículo básico, como Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, os estudantes têm à disposição uma diversificada grade com foco em línguas, movimento do corpo, experimentação científica e até assembleia. São nesses encontros semanais que crianças e professores discutem soluções para o ambiente escolar e dão os primeiros passos para a formação de lideranças.
O modelo, construído pela Secretaria da Educação de São Paulo a partir de exemplos implantados em escolas nos Estados Unidos e América do Sul, tem como princípio o desenvolvimento da autonomia e o protagonismo infantil. Por isso, nos encontros os estudantes têm espaço para expor as opiniões, fazer críticas e propor sugestões. Os temas variam: o uso de games nos intervalos das aulas, o cardápio da festa junina, as alternativas para o lixo produzido durante a semana, os homenageados da feira literária e por aí vai.
Todas as assembleias são acompanhadas de perto por um professor. A tarefa dele é apenas mediar os tópicos em debate. Os alunos, por outro lado, são responsáveis pelas decisões e também por fazer as atas. Os relatórios têm duas importantes funções: registrar tudo o que é debatido e servir de referência para os alunos ausentes no encontro. Além das reuniões em sala de aula, a cada 15 dias, os diretores recebem dois líderes de cada classe. A proposta é que na semana seguinte, os próprios estudantes passem o feedback para a turma.
Educação socioemocional
Outra novidade das escolas de tempo integral de 1º a 5º ano é a disciplina de educação socioemocional. Sob orientação de professores capacitados com base em uma metodologia de Universidade de Stanford (EUA), a aula propõe dinâmicas e brincadeiras que estimulam a boa convivência com a diversidade, respeito ao próximo, reconhecimento das potencialidades e também formas de lidar com sensações de estresse, frustração, alegria, entre outros. Desde o início do ano, já é possível identificar diminuição de casos de indisciplina, maior vínculo entre aluno e professor e crianças com comportamento mais engajado.