Este Dia da Mães será diferente por conta do distanciamento social imposto pela Covid-19. Muitas delas, além de mães, também vêm dividindo seu tempo durante a quarentena entre a educação dos filhos e a dedicação à educação pública. A história da professora Iracema Baumeyer é uma prova do amor pela educação.
Desde muito pequena já ensinava seus irmãos e vizinhos a ler, utilizando as cartilhas da escola, além de rótulos. Passava horas lendo o que encontrava pela frente, aumentando o repertório cultural. Cursou Vocacional mas foi no Instituto Presidente Kennedy de Americana que, aos 18 anos, conquistou a formação para atuar oficialmente como professora. Inclusive, quando lecionava pelo então Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, teve o privilégio de ter a própria mãe como uma de suas alunas. “Minha mãe tinha o sonho de ter uma filha professora”, conta.
A professora com a mãe
Após um período dedicado a criação dos dois primeiros filhos, a professora, e agora mãe, Iracema retorna à sala de aula, dessa vez na rede estadual, onde ministrou aulas na Escola Estadual Dilecta Ceneviva Martinelli. Durante as aulas, procurava ajudar os alunos a sanar dificuldades de aprendizagem e, principalmente, leitura, sua grande paixão. “Para mim foi um desafio encarar uma turma e trabalhar com recuperação de aprendizagem. Usei a biblioteca da escola como apoio para fazer rodas e leitura, mas também usávamos o pátio e a quadra como locais de leitura e fazíamos jogos em sala de sala. Foi com esta classe que me realizei, pois senti como foi prazeroso ensinar e aprender com os alunos. Naquele ano tivemos um ótimo resultado com os alunos”, relembra. A professora passou dez anos como professores da mesma escola.
Os desafios fizeram Iracema se especializar, no ano 2000, em Psicopedagogia, com o objetivo de entender o bloqueio de aprendizagem de muitos alunos. “Buscava incentivar os alunos para formar leitores para encoraja-los a produzir textos eficazes, a fim de impulsionar a aprendizagem”, conta. Ao mesmo tempo em que ela buscava soluções para garantir a aprendizagem dos alunos, também tinha a missão de educar os quatro filhos: Leonel, Maricy, Patrícia e Otto.
Após a aposentadoria, Iracema passou por um período de refúgio, estava feliz, mas sentia que algo faltava. Foi quando decidiu cursar teologia e, durante as aulas, conheceu a presidente da Associação Americanense de Acolhimento (AAMA), que a convidou para atuar na instituição ajudando na alfabetização das crianças. Já está na missão há oito anos.
Essa dedicação e profissionalismo rendeu a Iracema vários prêmios e homenagens. A nível Nacional recebeu o Premio Incentivo a Educação com o texto “Repetência Superada”. Também foi agraciada pela Academia de letras de São Bernardo do Campo com o conto ” A lição de vida que aprendi”, onde narra que a dedicação e o amor conseguem resultados significativos. Em Americana foi premiada pelo texto “O ideal mais sublime”, também sobre educação, além de homenagem na Câmara Municipal de Americana.
A professora com os filhos e os netos
Hoje, olhando para sua trajetória, aos 68 anos, com quatro filhos, nove netos e uma geração de alunos formados, a professora Iracema entende que as palavras mãe e professora são indissociáveis. “Nunca consegui visualizar individualmente essas duas palavras imensuráveis”, afirma.