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terça-feira, 24/04/2018
Boas Práticas

Após ver amiga ser vítima de cyberbullying, estudante cria PL para inibir a prática nas escolas

Alexandre Micarielli, de São Bernardo, é um dos alunos da rede estadual que vai participar do Parlamento Jovem Paulista

O Parlamento Jovem Paulista é um projeto que, sem dúvidas, estimula o protagonismo dos jovens em São Paulo. Alunos da rede pública estadual se matriculam a cada edição e sempre desenvolvem propostas de projetos de Lei que beneficiam a comunidade a qual fazem parte, bem como toda a sociedade. Um exemplo desses jovens é Alexandre Rafael Micarielli Pereira, estudante da EE Professor Amadeu Olivério, que fica em São Bernardo.

Alexandre, como a maioria das pessoas que nasceu depois dos anos 1990, está super canectado ao mundo por meio das novas tecnologias. Mas, incomodado sobre o mal-uso das redes sociais e aparelhos tecnológicos, nada mais comum, então, que pensar em algo que juntasse tecnologia e cidadania. Foi então que, juntamente com a professora orientadora Fabiana Nery, o aluno criou o texto que dispõe sobre a ampliação dos deveres dos alunos previstos no regimento escolar derivados do uso de aparelhos eletrônicos para a prática do cyberbullying.

Como justificativa do projeto, Alexandre é claro ao afirmar que visa a proteção da integridade física e psicológica das pessoas da comunidade escolar, bem como atua na ressignificação dos valores humanos, junto ao bullying e ao cyberbullying. “Eu entendo que a escola precisava de algo assim, pois por mais que se faça campanha contra o cyberbullying, ele foge ao controle. E quem comete esse tipo de ato nem sempre é punido”, explica o estudante.

Algo inimaginável há 30 ou 40 anos, as redes sociais são tão populares a ponto de tornarem a vida virtual essencial para muitos, tão importante quanto a vida física da pessoa. Mas, com a internet, por exemplo, as informações da vida virtual, que nem sempre condizem com a verdade, se deslocam com velocidade descontrolada.

Alexandre relembra que pensou bastante no assunto após ver uma de suas amigas virar vítima de cyberbullying. Sem nenhum motivo aparente, uma estudante achou que poderia divulgar fotos da vítima em momentos de intimidade. “A escola soube quem divulgou, minha amiga entrou numa depressão por conta disso e a direção não tomou nenhuma atitude mais severa, por conta do regimento. Isso porque, meu diretor me explicou, a escola precisa, primeiro, informar que é errado, precisa conscientizar o agressor”, esclarece o jovem parlamentar.

Segundo prevê o texto de Alexandre, qualquer informação, vídeos ou fotos são disseminados pela internet e um número significativo de pessoas tem acesso imediato a esses arquivos. Dessa forma, a probabilidade de informações falsas se espalharem no ambiente escolar é cada vez mais presente e, dessa forma, a falta de ética nas redes propicia o cyberbullying.

A orientadora de Alexandre, que dá aulas de sociologia, relata que o estudante, que já era bom na escola, passou a participar ainda mais das aulas. “Ele se envolveu muito com o projeto do Parlamento Jovem Paulista. O tema desse final de semestre é cidadania, e antes ele assistia e participava, normalmente. Mas, agora ele se aprofunda no tema, querendo voltar mais para questões políticas. Ele faz perguntas super pertinentes”, comemora a professora.

Fabiana Nery diz que foi uma experiência ímpar participar, pela primeira vez, do programa. “Uma coisa é dar aula, outra é sistematizar o projeto. Você vê a evolução do aluno por meio das ideias que vieram dele”. A educadora completa: “a gente pegou o regulamento da escola, compartilhou as informações com a sala, ele viu a brecha no documento e percebeu onde poderia aplicar o projeto de lei. Foi uma sacada muito legal dele! Ele foi totalmente protagonista, a minha orientação foi mais na questão de organizar a escrita, eu cuidei mais da parte técnica”, finaliza Fabiana.

Algo que poucos têm consciência é que as ações e reações nocivas do cyberbullying atingem tanto vítima quanto o agressor. No universo escolar, os alunos que praticam esse ato também precisam de uma atenção especial, pois é comum não associarem esse comportamento como sendo prejudicial à vítima e a eles próprios, justamente por ocorrer num ambiente abstrato e, assim, não conseguem visualizar as consequências futuras dessa ação.