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segunda-feira, 05/12/2005
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Aproximar escola e comunidade, o desafio que educadores da Bahia querem implantar em seu Estado

Grupo reconhece a importância de encontrar alternativas para melhorar a qualidade do ensino público Na bagagem, além de boas lembranças e muitas anotações, os educadores do Estado da Bahia, em […]

Grupo reconhece a importância de encontrar alternativas para melhorar a qualidade do ensino público

Na bagagem, além de boas lembranças e muitas anotações, os educadores do Estado da Bahia, em visita à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo para conhecer projetos da área, vão levar muito aprendizado, o exemplo bem sucedido da parceria escola e comunidade, e a determinação de implantar no seu território as experiências vistas e vividas por aqui. O intercâmbio cultural, que teve início dia 1º de dezembro, terminou no sábado, dia 3, com o grupo de onze educadores conhecendo algumas das inúmeras atividades do Programa Escola da Família, que acontece em mais de cinco mil escolas estaduais de São Paulo, todos os fins de semana.

As escolas visitadas pelos educadores, ambas na Zona Sul, mostraram os resultados positivos de uma aproximação com a comunidade e despertaram na equipe baiana a vontade de desenvolver o projeto em seu estado, adequando-o à realidade local e preservando os aspectos culturais que identificam o povo baiano. Surpresos com a pluralidade de atividades, que iam do SPA Urbano à variedade irresistível de pães da padaria artesanal, os educadores visitaram as Escolas Estaduais Luiz Gonzaga Pinto e Silva, no Jardim São Luiz, e Calhim Manoel Abud, no Jardim Veneza, ambas da Diretoria de Ensino Sul 3.

Acompanhados pela coordenadora do Programa Escola da Família, Cristina Cordeiro, e da diretora da escola, Maria Beatriz de Lana e Castro, os educadores baianos ouviram as explicações sobre a abertura das escolas nos fins de semana – mais de mil, só na Capital – e também sobre a bem sucedida iniciativa dos SPAs Urbanos, que funcionam em 56 escolas, sob orientação de 200 universitários especialmente capacitados.

Bem cuidados no SPA Urbano

À entrada da EE Luiz Gonzaga, o grupo já foi recepcionado pelo universitário de Enfermagem Edmar Gomes de Andrade, que media a pressão arterial de quem quisesse conferir como andam os cuidados com a saúde. Ninguém foi reprovado! A coordenadora Cristina Cordeiro ressaltou a importância do SPA Urbano nesse sentido, “porque trabalha com caminhadas, com Lien Ch’i (técnica chinesa de meditação e relaxamento) e com práticas de beleza, como massagem, limpeza de pele, corte de cabelo. Assim, despertamos na comunidade esses princípios saudáveis e que estão ao alcance de todos”. Na sala onde a bolsista universitária de Administração e Marketing, Ana Paula Marques Goularte, colocava em prática sua habilidade de cabeleireira, uma fila aguardava para cortar cabelo, com “clientes” de todas as idades esperando pacientemente.

Na quadra coberta da EE Luiz Gonzaga, um movimento só! Crianças e adolescentes espalhados em mesas, com orientadores que ensinavam a técnica do fuxico, de pintura, outros que aplicavam massagem, alguns que organizavam o cantinho da leitura e uma outra oferta que batia todas as outras em termos de público: a máquina de fazer algodão doce de Roselene Mandu, universitária bolsista do Escola da Família e aluna de Artes Visuais, deixava as crianças em alvoroço. “No início eu mesma trazia também o açúcar. Hoje, a gente já consegue uma ajuda e conseguimos fazer mais de 200 unidades em 4 horas, que é o tempo que o equipamento pode trabalhar sem parar”.

Tempo para tudo: do aerocombat ao bisqui

Depois da fartura de pães (de ervas, de mandioquinha, de côco, caseiro), servidos no lanche, todos preparados pela equipe que pilota a padaria artesanal da EE Luiz Gonzaga, o grupo se dirigiu para Escola Estadual Calhim Manoel Abud, onde outras surpresas aguardavam os educadores baianos, recebidos pela diretora Marlene Maria Zilio Magnoni.. A aula de aerocombat, por exemplo, era uma explosão de energia comandada por Gisele Gualberto, da Equipe de Fortalecimento do Escola da Família, fazendo a moçada suar em bicas.

Confirmando que o programa tem atrações para todos os interesses, uma das salas de aula era ocupada por jovens totalmente envolvidos com a oficina de bisqui, trabalho orientado por Margareth Machado, também da Equipe de Fortalecimento. O tema do dia, como não podia deixar de ser, era Papai Noel e para criar a figura barriguda e de barbas, uma linha de produção foi montada, com a equipe se esmerando em formas e cores, até chegar ao produto final. Outra equipe cuidava de pintar de vermelho os moldes em gesso do velhinho natalino.

Tanta diversidade e resultados tão positivos deram aos educadores baianos a medida de que esta é uma receita a ser perseguida. Para a superintendente de Educação Básica do Estado da Bahia, Eliana Barreto Guimarães, o seu grupo, que na tarde de sábado cruzou os céus em direção a Salvador, ia levar sobretudo muito aprendizado. “Aprendemos aqui a importância de uma política educacional que tenha sustentabilidade em orçamento próprio e confirmamos a necessidade de que a comunidade educacional encontre alternativas para melhorar a qualidade do ensino público”.

A professora Eliana Guimarães disse que é “uma lição o poder de mobilização da comunidade como vimos aqui, colocando-se disponível, passando seus talentos em benefício de crianças e adolescentes, tirando-as da situação de vulnerabilidade. Isso mostra o sucesso de uma gestão de governo, porque o Escola da Família agrega à sensibilidade de uma visão política a participação de todos. Não ter escola depredada, por exemplo, é resultado de uma ação coletiva e isso só acontece quando a escola se alia à comunidade e juntas conseguem encontrar caminhos para que nossas crianças se expressem de maneira sadia”.

Eliana Guimarães afirmou que o Estado da Bahia “deve e precisa implantar essa experiência, adequando-a à realidade local”. Em outubro passado, os Estados da Bahia e de São Paulo firmaram vários convênios, entre eles, um na área de educação. Segundo o governador do Estado, Geraldo Alckmin, Bahia e São Paulo são dois dos estados que mais investem em educação, destinando quase 30% de seus orçamentos ao setor, enquanto a União aplica menos de 18%. O convênio educacional prevê três áreas: Capacitação dos professores, Escola-comunidade e Gestão.

Uma nova mesa de pães e sucos naturais – fez sucesso o suco de couve com maracujá –, direto do forno da padaria artesanal da EE Calhim Abud, marcou a despedida dos visitantes. À saída, cartões de Natal confeccionados artesanalmente pelos alunos foram oferecidos ao grupo, que deixou São Paulo levando sabores e cores de uma realidade que vem mudando a educação no Estado de São Paulo.

Vera Souza Dantas