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terça-feira, 03/07/2007
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Atividades do Viva Japão em escola da zona sul da Capital são clicadas por fotógrafo de revista japonesa

Era para ser apenas uma visita com o objetivo de registrar as atividades do Programa Viva Japão, mas as presenças do fotógrafo Tatewaki Nio, da Revista PEN, e do diretor […]

Era para ser apenas uma visita com o objetivo de registrar as atividades do Programa Viva Japão, mas as presenças do fotógrafo Tatewaki Nio, da Revista PEN, e do diretor técnico da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp), Hiroyuki Hino, transformaram a tarde da última sexta-feira, dia 29, em uma verdadeira aula sobre o país do sol nascente para trinta e nove alunos da escola Marilsa Garbossa Francisco, no Jardim São Luiz, zona sul da Capital.

Morando há dez anos no Brasil, o fotógrafo da publicação quinzenal japonesa deu um tempo nos cliques para saciar a curiosidade de meninos e meninas da segunda série do ensino fundamental . “O que você acha do Brasil?”, “Como você aprender a falar português?”, “É melhor morar no Japão ou no Brasil?”, “Você gosta mais de comida japonesa ou brasileira?”.

Em bom português, Nio esclareceu as dúvidas da criançada e disse o que mais chama a atenção dele nas escolas brasileiras. “Fico surpreso com a diversidade de raças em uma mesma sala de aula. No Japão, existe uma uniformidade, enquanto aqui vemos crianças de várias origens lado a lado”, disse o fotógrafo.

Viajando no mapa

Envolvidos nas atividades do Viva Japão desde o início do maio, os alunos esbanjaram criatividade para pintar a folha de sulfite, e transformá-la – sob o comando da professora de artes, Patrícia Yokota – em um brinquedo tipicamente japonês: o taketombo – take (bambu) / tombo (libélula). Capaz de voar ao ser impulsionado com as duas mãos juntas, é feito originalmente em bambu. Em sala de aula, ganhou forma com a arte da dobradura.

As atividades na Marilsa Garbossa Francisco incluirão ainda a confecção de pipas com varetas e a visita ao Museu do Imigrante, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo. Mas as pesquisas já feitas por conta do Viva Japão mostram que o tema começa a conquistar a criançada. Apesar da timidez, Pedro Henrique, de 7 anos, aceitou o pedido do repórter para que fosse até o mapa mostrar onde fica o Japão. E não é que ele acertou direitinho? “Quando crescer, quero conhecer o Japão”, disse baixinho.

Memória viva da imigração japonesa

Quem também fez sucesso com a criançada foi o diretor técnico da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp), Hiroyuki Hino, um dos entusiastas do Programa criado pela Secretaria de Estado da Educação para comemorar os cem anos da imigração japonesa no Brasil. A ligação com Viva Japão está diretamente relacionada à vida dele. Hiro saiu do Japão aos dez anos, em 1956, para chegar aqui no ano seguinte, janeiro de 1957, após cinqüenta dias navegando.

E a viagem de navio foi justamente o que mais despertou o interesse das crianças. “Minha família estava entre os mil passageiros do navio em que viajamos. Paramos nos Estados Unidos, República Dominicana, Belém e Salvador até chegar ao Porto de Santos. Muitos chegavam a passar mal com tantos dias em alto mar. Só no oceano pacífico foram vinte dias enfrentando muitas dificuldades”, explicou Hiro diante dos olhares curiosos das crianças.

A chance de conversar com alguém que representa a história viva da imigração encantou os pequenos. “Você queria vir para o Brasil?”, “Por que sua família veio pra cá?”, “Tudo o que tem lá tem aqui?”. Surpreso com tanta curiosidade, Hiro ainda fez a pequena platéia rir ao explicar que a primeira em português que aprender foi “O que é isso?”. “Assim, com esta pequena frase, fui aprendendo a falar português”, relembra.

Brincar e aprender

Para encerrar a visita, as crianças demonstraram desenvoltura em uma brincadeira popular no Japão: ayatori , aqui conhecida como cama-de-gato. “Estou gostando muito de aprender coisas interessantes de um lugar tão distante como o Japão”, disse a pequena Beatriz Castro Barbosa, de 7 anos. Assim como ela, todos entraram na dança para mostrar que não há idade, distância ou idioma capaz de impedir diferentes povos de dividir culturas, cardápios e costumes.

Celso Bandarra