• Siga-nos em nossas redes sociais:
sexta-feira, 11/08/2006
Últimas Notícias

Atividades estimulam habilidades em alunos com necessidades especiais

Trabalho é realizado de acordo com a necessidade de cada um, e varia de quatro a dez horas semanais Alunos portadores de necessidades especiais das Escolas Estaduais Profª Yolanda Araújo […]

Trabalho é realizado de acordo com a necessidade de cada um, e varia de quatro a dez horas semanais

Alunos portadores de necessidades especiais das Escolas Estaduais Profª Yolanda Araújo Silva Paiva e Profª Dinorah Silva Santos, localizadas em Cananéia, na região de Registro, têm encontrado estímulo na pintura para desenvolver suas habilidades e, posteriormente, melhorar o rendimento escolar. As atividades extra-classe são realizadas pela professora de arte, Maria Rita Basso, e pela professora de educação especial para deficientes auditivos, Aparecida Conceição Cardoso.

Maria Rita dá aulas de pintura no ateliê particular dela aos alunos Helington Torres, de 15 anos, portador de paralisia cerebral, aluno da 7ª série da Escola Yolanda; e Odílio Azevedo Pereira Teodoro, de 12 anos, deficiente auditivo matriculado na 6ª série da Escola Dinorah; desde agosto de 2005. Ela conta que mesmo antes de começar a cursar pós-graduação em Educação Especial percebeu que Helington tinha vontade de se comunicar com o mundo, mas tinha dificuldades motoras provocadas pela paralisia cerebral.

Menos ansiedade no processo de aprendizagem

O trabalho em sala aula nas disciplinas afins, somado aos exercícios de coordenação motora e as atividades com tintas e cores, deixa Helington menos ansioso e mais calmo em sala de aula, sem contar os progressos no que diz respeito à coordenação motora, e conseqüentemente, na leitura e escrita. Maria Rita explica ainda que a atividade artística aumenta a auto-estima dos jovens, melhorando a expressão e fazendo com que o processo de escrita seja mais fácil. “O trabalho não é simples, ele freqüenta a unidade escolar regularmente desde a 5ª série e o ateliê há mais de um ano, e os resultados vêm surgindo com passos lentos. O sucesso do trabalho depende da sua continuidade”, afirma Maria Rita. Ela revela ainda que o aluno melhorou consideravelmente com a diminuição da ansiedade, da agitação e do tremor. “A gente nota que realmente houve uma melhora. Pode ser que aos olhos de outras pessoas não esteja acontecendo nada, mas está”.

Outra atividade desenvolvida com Helington são as aulas de computação. “Ele não consegue escrever claramente, mas consegue digitar. Além de fazer com que se comunique, também o inicia no processo de profissionalização. Ele já fixa alguns pontos no computador e já tem arquivos digitados, trabalho acompanhado de perto por médicos e fisioterapeutas”, afirma. Maria Rita vai além. “A partir do momento em que você deixa o deficiente se expressar de fato, ele vai colocar aquilo que está dentro da alma para fora. O Helington, por exemplo, quer ser poeta e o poeta precisa escrever, e a informática pode ajudá-lo nesse sonho”, conclui.

Nasce um artista

Helington conta que já pintou cinco telas e atualmente só freqüenta o ateliê aos sábados, já que fica na Escola de Tempo Integral, de segunda a sexta-feira. Segundo ele, a letra melhorou muito e o tremor diminuiu cem por cento. Ele diz que, além da pintura, realiza atividades com massinhas de modelar. “Fiquei mais calmo e com mais vontade de estudar”, afirma.

Quanto a ser poeta, Helington explica que é um sonho desde a 5ª série, quando uma amiga o ajudou a escrever uma poesia para o Dia das Mães. “Gosto de pintar, cantar, escrever poesias e recitar. Acredito que vou ser poeta, pois no computador é mais fácil”, argumenta. Questionado sobre qual conselho daria a uma criança como ele, mas que não realiza atividades normalmente, respondeu: “Vem aqui me conhecer e eu levo para escola, para as aulas de pintura, para o Programa Escola da Família, ensino a jogar bola, a pintar, enfim, eu ensino tudo”.

Já para o aluno Odílio Azevedo Pereira Teodoro, de 12 anos, portador de deficiência auditiva parcial, as aulas de arte começaram em janeiro último. De acordo com Maria Rita ele passou a freqüentar o ateliê por conta do talento nato. “O Odílio tem um dom, e como é muito tímido expressa o que sente através da pintura. Ele poderá se tornar um grande artista mais tarde. É atento, centrado e inteligente, se sobrepõe a muitos e terá um futuro brilhante no campo artístico, basta aperfeiçoar as técnicas”, afirma a professora. Ela ressalta ainda o ótimo trabalho realizado pela professora de educação especial para deficientes auditivos, Aparecida Conceição Cardoso, que ministra aulas ao aluno na sala de apoio da Escola Dinorah.

Educando os portadores de deficiência auditiva

Segundo Aparecida, que trabalha há 11 anos de rede estadual, Odílio freqüenta o SAPE’s – Serviço de Apoio Pedagógico Especializado da Escola Dinorah desde os seis anos, quando ainda estava no pré. “No início ele não falava. Através do trabalho com oralidade, dentro do Método Silvestre, foi possível desenvolver a fala. Ele possui uma perda auditiva moderada e a família é muito presente, o que ajuda muito. Foi trabalhado, então, seu resíduo auditivo, desenvolvendo muito bem a fala. Atualmente ele fala tudo e conversa normalmente”, comenta.

Atualmente Odílio freqüenta a sala três vezes por semana, das 8h às 10h, onde também são desenvolvidas atividades de informática e inglês. “Ele é super motivado, mesmo com a dificuldade normal de escrita, apresentada pelos deficientes auditivos. Ele se sobressai e surpreende pela participação, aplicação e perfeição”, diz.

Emocionada com tantos exemplos de força de vontade, Maria Rita aproveita para fazer um pedido. “Peço que os pais acreditem nos filhos, busquem apoio paralelo e não tenham vergonha de seus filhos. Dêem amor, o amor é tudo, a família é que faz a diferença na vida deles.”

SAPEs

O Serviço de Apoio Pedagógico Especializado para Deficientes Auditivos (SAPEs) funciona na Escola Estadual Profª Dinorah Silva Santos, sob a orientação da professora de educação especial, Aparecida Conceição Cardoso. Atende atualmente 11 alunos, de 7 a 54 anos (quatro deles da própria escola) sendo dois de 7ª série, um de 6ª série e um da correção de fluxo. Segundo a professora o atendimento é realizado de acordo com a necessidade de cada aluno, variando de quatro a dez horas semanais. São realizadas atividades de bilingüismo, desenvolvimento da oralidade e Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS). “O objetivo é contribuir para o desenvolvimento do aluno, sem fadiga. Para ser atendido na sala o estudante precisa estar matriculado e freqüentar o ensino regular”, finaliza.