As escolas da rede estadual vem recebendo cada vez mais estrangeiros. Eles chegam do Congo, Palestina, Bolívia, Angola e Haiti. Em todo o Estado, a rede contabiliza mais de 8 mil estudantes de 90 países. Apenas nos últimos dois anos, o número de haitianos, por exemplo, cresceu 14 vezes. Até o primeiro semestre já somavam 127 alunos vindos do país.
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A exemplo disto, a E.E. Roosevelt, na capital, recebeu seis alunos récem-chegados do Haiti. “As crianças daqui já estão acostumadas a receberem estudantes de outras nacionalidades. Elas ajudam em tudo, no recreio, na hora de copiar a lição. Como a maioria já passou por isso, eles sempre auxiliam de alguma forma”, comenta a professora Patrícia Tiemi.
Harolson Gerome, de 10 anos, é o mais novo aluno haitiano da escola e se adaptou rapidamente à nova vida com novos amigos e idioma. “Eu morava no Haiti até os 3 anos, depois fui para a República Dominicana. Quando eu completei 9 anos vim para cá. Não sou tímido, cheguei e fiz amizade muito rápido. Minha matéria preferida é matemática.”
“Quando o Harolson chegou aqui ele não falava nada em português. Só falava crioulo e francês. Vi que ele tinha passado pela República Dominicana e lá também se fala espanhol. Daí começamos a nos comunicar em espanhol. Ele se adaptou muito rápido. Em geral, os alunos levam de um a 2 meses para se habituar”, comenta a professora Mariani Regis Rios Pereira Koga, que trabalha na escola há 26 anos.
Localizada na região central da capital, a escola sempre teve muitos alunos estrangeiros, e por isso a rotina de constante aprendizado de novos idiomas é comum. “Sempre trabalhamos com sistema de integração, porque as crianças chegam com defasagens e dificuldades, uma barreira muito grande é a língua. Quando eles chegam, assim como os outros, a gente já coloca para sentar em dupla. Quando não entendemos o idioma, pedimos para algum aluno da mesma nacionalidade, mesmo que seja de outra sala, auxiliá-lo. Já aconteceu de não termos um aluno com uma língua que ninguém dominava, como o árabe, crioulo e francês. Nestes casos, buscamos frases e desenhos até o aluno se adaptar para o português”, finaliza a professora Mariani.
Segundo a docente, as crianças se adaptam muito mais rápido que os adultos e são eles que acabam ensinando o idioma para os pais em casa, levando também a segurança do novo lugar. “A escola tem que ser um local acolhedor e se aqui não tiver carinho, vai ser difícil a integração. E é esse aluno quem vai ajudar a família a se acostumar mais rápido com a nova rotina”.
O último levantamento da Educação, apontou que o ano de 2014 fechou com 8579 estudantes nascidos em 95 nações diferentes, que representa 11,8% de aumento em relação a 2013, quando eram 7.662 estrangeiros.
Um levantamento feito pela Secretaria revelou que o país com o maior número de representantes é a Bolívia, seguido por Japão e Paraguai. Nos últimos anos, porém, as escolas passaram a receber alunos de regiões de conflito ou tensão social. São estudantes vindos de regiões da África e Oriente Médio, como Angola, Síria, Congo, Palestina e Israel.
Em São Paulo, eles frequentam classes do Ensino Fundamental e Médio e contam ao longo de todo o período letivo de apoio pedagógico de professores e diretores. A Secretaria também mantém um Núcleo de Inclusão Educacional (NINC), criado para definir diretrizes de recepção e adaptação destes alunos. Entre as crianças, a integração de brasileiros e estrangeiros geralmente começa já no pátio na hora das brincadeiras ou na contação de histórias.
Matrícula
Para fazer a matrícula de estudantes nascidos fora do Brasil, basta fazer um cadastro em qualquer escola da rede. No caso de imigrantes residentes no Estado, é possível apresentar o Registro Nacional de Estrangeiros (RNE) .
No ato da matrícula, também deverá ser apresentado o histórico escolar ou similar do país de origem para que seja feita uma análise e a inserção do estudante no nível adequado de ensino. O processo não é obrigatório, mas facilita a recolocação do estudante na rede. A Secretaria oferece a possibilidade da aplicação de uma avaliação de competências que indica ano/série que o aluno pode ser matriculado. Todas as unidades de ensino trabalham com políticas inclusivas que priorizam amparar as famílias.