Reunidos no centro da quadra, a turma dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da E.E. Zeikichi Fukuoka, em Suzano, se divide em grupos. A professora de Educação Física Rosangela Matias distribui para os alunos fita adesiva, tesoura, folhas de jornal e celofane.
O som de papel sendo amassado ganha volume e, seguindo as orientações da educadora, pouco a pouco os materiais começam a ganhar a forma de uma peteca.
O brinquedo sem apelo tecnológico é o protagonista do projeto “Ressignificando a Peteca na Escola” que tem como objetivo resgatar as brincadeiras populares. Para entender a origem do artigo, as crianças recorreram aos familiares, livros e internet.
Em casa, a aluna Nickole Ramos entrevistou o avô. Curiosa, ela perguntou sobre as formas que ele brincava e descobriu que era comum as crianças confeccionarem seus próprios brinquedos. “Não havia vídeo game, televisão. Era tudo diferente. E ele fez junto comigo e minha prima este “petecão”. Foi uma experiência muito legal conhecer um pouco da história do meu avô”, diz.
A peteca feita por Nickole dividiu a atenção com outros brinquedos feitos em casa pelos alunos. Nas rodas de conversa, eles compartilham suas experiências, aprendem tradições familiares e o passo a passo de cada jogo. “A peteca vem da cultura indígena. Não se sabe o tempo certo que a criaram. Eles faziam com pena de galinha, pedras e tecido”, explica a aluna Allane Mariana da Costa.
Depois do momento de socialização, a professora divide a quadra em pequenos espaços e os alunos estipulam as regras para começarem a jogar. Segundo a diretora Elena Mineko Matsudo, a correria é sinônimo de saúde. “Jogar peteca traz muitos benefícios à saúde porque faz com que a criança seja menos sedentária”.
Educador Nota 10
Com a iniciativa, Rosangela ficou entre os 20 professores classificados para o Prêmio “Educador Nota 10” da Fundação Victor Civita, sendo o único projeto representante da disciplina de Educação Física. Ela foi contemplada com um tablet.
“Trabalhar o projeto Ressignificando a Peteca na Escola foi uma oportunidade para resgatar as minhas experiências de infância, socializá-las com os alunos ensinando novas maneiras de se exercitar, brincar e fazer novos amigos”, conta Rosangela.
A educadora Mara Elizabeth Mansani da E.E. Professora Laila Galep Sacker, em Sorocaba, ficou entre os dez primeiros colocados com seu projeto de alfabetização por meio das lenga-lengas. Conheça aqui sua história na íntegra.