Muitas pessoas param de estudar em algum momento e os motivos são variados. Alguns deixam os estudos ainda no Fundamental, e na maioria desses casos é para ajudar nas contas de casa, outros param no Ensino Médio e muita gente larga o ensino superior. Mas, atualmente, a procura pela escola tem sido cada vez mais frequente. Se você quer recuperar o tempo perdido, matricule-se em uma unidade da EJA (Educação para Jovens e Adultos), afinal nunca é tarde para recomeçar.
Foi exatamente o que aconteceu com Izaias José dos Santos. Ele é cadeirante e jogador profissional de basquete em cadeiras de rodas. O Ala veste a camisa de um dos maiores times do Brasil, o ADD Magic Hands, time que pertence à Associação Desportiva para Deficientes.
Para suar aquela camisa, além de ser bom no esporte é necessário seguir alguns pré-requisitos estipulados pela instituição. Uma dessas regras é, justamente, ter em dia a vida acadêmica. Então, para Izaias isso foi muito mais do que um estímulo, ou ele voltava a estudar ou voltava a estudar, não tinha segunda opção. Ele confessa que ainda levou um tempinho para procurar uma escola, enquanto que a diretoria da entidade prolongava o prazo de espera. Até que quando se matriculou e começou a frequentar uma escola da rede estadual paulista percebeu que havia perdido muito tempo e que voltar a estudar era algo mágico.
“O que me fez voltar para a escola foi ter um objetivo maior, além do basquete, que é a profissão. Poder terminar o segundo grau e ir para uma faculdade. Porque quando eu me aposentar do basquete eu tenho outra profissão”, afirma Izaias, e completa: “eu estou balançado entre Administração e Educação Física”, finaliza.
Izaias tem um dia corrido como o da maioria dos adultos, acorda cedo, vai para o trabalho e treina horas e horas para aperfeiçoar cada vez mais suas habilidades com a bola. Depois, ele vai para a escola e chega tarde da noite em casa. O maior diferencial, e que serve de motivação, é que o grau de dificuldade para um cadeirante se mover pela cidade ainda é muito maior do que para uma pessoa que consegue andar com as próprias pernas.
“E o Izaias, por ser uma pessoa com deficiência que voltou a estudar, relata muitas vezes que acaba sendo um incentivo para outros alunos e jovens. Então têm pessoas lá na escola que se inspiram nele porque, na verdade, a rotina dele é muito pesada. Ele sai muito cedo e volta a noite. Ele mora sozinho, então ele tem todo um comprometimento com isso”, explica Eliane Miada, presidente fundadora da Associação Desportiva para Deficientes.
A equipe ADD Magic Hands é composta por 15 atletas e participa de Campeonato Brasileiro e do Campeonato Paulista. Vários desses atletas também são da seleção brasileira. Hoje essa equipe é a primeira do ranking nacional, por conquistar o tetra campeonato brasileiro e o tricampeonato paulista. “E a gente tem na base dela, tanto atletas jovens que vêm do nosso projeto de iniciação, como outros atletas que já estão em desenvolvimento na modalidade esportiva”, acrescente Eliane Miada.
Segundo a presidente da ONG, “o processo de treinamento é muito forte e as pessoas para estarem participando da equipe, ou da instituição, precisam obedecer alguns critérios. Um dos principais critérios para a gente é a questão da formação da parte educacional”, diz Eliane Miada. “Quando o atleta entra para a equipe é feita uma conversa com o técnico. A gente faz um estudo sobre a vida do jogador e coloca uma meta. Então, se ele não tem condições de começar naquele momento, tem que estipular uma meta para voltar a estudar. E a gente cobra isso e acompanha também deles”, esclarece Eliane.
A escola é o ambiente ideal para aumentar o conhecimento, aprender e ensinar. “A escola me deu uma visão maior de mundo, do quanto o mundo é grande e, também, que eu posso alcançar qualquer coisa que eu almejo, na verdade. Então, eu tenho que ir em frente, sem desistir nunca. Procuro ser campeão na escola e campeão aqui dentro de quadra também”, vibra Izaias José dos Santos.
