37% das crianças entre 5 e 9 anos aprendem a usar a internet com os professores. Educação falou sobre programa para treinar docentes na orientação dos alunos
No Parque Anhembi, onde mais de sete mil pessoas se reúnem na Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia e internet da América Latina, o assunto da manhã desta terça-feira (7) foi internet e educação. Em um cenário no qual 37% das crianças entre 5 e 9 anos afirmam que aprenderam a usar a internet com seus professores, a necessidade de novas ações para atender e fortalecer essa relação esteve em discussão.
Em meio aos campuseiros, Adriano Cansian, diretor de Tecnologia da Informação da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão ligado à Secretaria da Educação, falou sobre o projeto “Internet Segura – Bom pra Você”, uma iniciativa lançada no final do ano passado pela pasta. A ação oferece um treinamento sobre a utilização segura da internet aos professores da rede estadual, para que eles possam tirar dúvidas e orientar seus alunos. “Em alguns casos, dependendo da classe social, o único ponto de acesso à internet da criança é na escola. Por isso, é fundamental que o professor seja um ponto de apoio para tirar suas duvidas dentro da escola”, afirma Cansian.
Cinco mil professores passam pelo treinamento a cada três meses. Em 2012, esse número deve crescer para 10 mil. O curso é oferecido online e tem quatro módulos de 30 horas cada, com temas como legislação, ameaças na rede e dicas de navegação, entre outras. O desafio proposto pelo diretor é que a ferramenta chegue aos 230 mil docentes da rede, inseridos em um contexto de 4,2 milhões de alunos e 110 mil computadores nas escolas. “A Secretaria da Educação de São Paulo é a única que tem uma formação específica sobre segurança na internet para os professores”, conta.
Outro ponto destacado por Adriano Cansian é o fato de o curso ajudar a diminuir a diferença entre alunos e professores quando o assunto é web. “Existe uma lacuna tecnológica entre o professor e o aluno. Os estudantes já nascem acostumados com a tecnologia, então estamos tentando diminuir a diferença entre o conhecimento do alunos e do professor nessa área”, explica.
Debate
A presença de outros profissionais e especialistas em segurança na internet ajudou a esquentar o debate desta manhã. Além de Cansian, falaram sobre o tema Juliano Cappi, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (nic.br), Rodrigo Nejm, diretor da Safernet Brasil, e o professor Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br).
Cappi apresentou uma pesquisa sobre os hábitos das crianças na internet. De acordo com a pesquisa, cerca de 45% dos pequenos entre 5 e 9 anos usam a internet para pesquisas escolares, fazendo dessa tarefa uma das principais portas de entrada das crianças no mundo virtual.
As pesquisas também revelaram que 21% dos pais dessas crianças não toma nenhuma atitude para monitorar o que seus filhos fazem na web, enquanto 40% afirmam que procuram orientar seus filhos sobre os perigos da rede conversando com eles. “O perfil revela que a maior parte dos pais que não prestam atenção ao que seus filhos fazem na internet não são usuários da ferramenta”, declara Cappi.
O método é aprovado pelo diretor da Safernet, Rodrigo Nejm. “Mediar e conversar com a criança é a melhor forma de proteção. Bloquear sites não é a forma mais acertada de fazer isso”, comenta. “Temos que encarar a internet com uma praça pública. Se uma criança não vai sozinha para a rua, não pode ir sozinha para a internet”, afirma.
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