Folha sulfite, lápis de cor e alguns envelopes. Essa combinação de materiais tem levado alegria para algumas pessoas com deficiência intelectual, amparadas pelo Instituto de Amparo ao Excepcional (Inamex). Tudo isso acontece graças ao projeto “Cartas da Amizade”, idealizado pelos professores da Sala de Leitura e toda equipe gestora da E.E. Prefeito Décio Prata, localizada em Floreal, município de São Paulo.
Iniciado no segundo semestre de 2014, o projeto consiste em trabalhar o gênero carta visando à melhora da escrita e leitura dos alunos, tal qual a conscientização sobre o respeito ao próximo, às diferenças, além da valorização da família e solidariedade. “Nosso maior objetivo neste trabalho foi mostrar aos alunos o quanto é importante ajudar, ser útil aos que necessitam, lembrando-os da relação de respeito e cuidado que não podem ser dispensados, além de proporcionar momentos de alegria às internas que vivem na instituição”, afirma o professor Paulo Cesar Francisco, um dos idealizadores do projeto.
As cartas, produzidas pelos alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio da unidade escolar, são enviadas ao Inamex. No local, são lidas aos pacientes e causam comoção. E não para por aí.
“Ocorreu o retorno dessas cartas aos alunos. Algumas internas que não tinham condições de escrever foram auxiliadas para que conseguissem se comunicar com o aluno remetente. A emoção dos alunos foi indescritível ao receberem, pela primeira vez, uma carta enviada pelo Correio e ficaram ansiosos para conhecer as suas correspondentes pessoalmente”, revela Paulo.
Sendo assim, a unidade de ensino marcou um dia para visitar o instituto. Lá, além de promoverem apresentações de músicas e doações de toalhas de banho, os alunos puderam conhecer as instalações do local, bem como os destinatários de suas correspondências. E a emoção, segundo relato dos próprios alunos, tomou conta.
“Como eu nunca havia enviado cartas a uma pessoa desconhecida, a sensação foi ótima, pois estava participando de algo novo, compartilhando um pouco da minha vida e tendo conhecimento da vida de outra pessoa. Por meio de um simples gesto levei felicidade e recebi muito por ter vivido uma nova experiência como essa”, afirma Vitória Mel de Faria Vieira, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental.
A opinião é compartilhada por outro aluno do Fundamental. “Aprendi a ter mais respeito pelas pessoas, principalmente pelas que têm algum tipo de deficiência. Também aprendi a lidar com as diferenças”, conta Luis Wanderson Ferreira da Silva.
“Esse projeto me trouxe uma experiência que jamais vou esquecer. Um lado da vida no qual vivem pessoas diferentes que dependem totalmente do cuidado de outras pessoas para sobreviver. Pessoas carentes que precisam de proteção e de um olhar da sociedade também especial para elas”, conta Giorge Alef De Grande Marin, aluno do 2º ano do Ensino Médio e coordenador do Grêmio Estudantil da unidade de ensino, que ajudou na iniciativa.
Para o mês de agosto, está previsto um novo encontro, desta vez, na escola. O objetivo agora, além de trabalhar a escrita e leitura dos estudantes, é manter os laços afetivos entre “remetentes mirins” e “destinatários”.
Espaços gratuitos para a leitura
Livros, jornais, folhetos, catálogos, vídeos, DVDs, CDs, orientações para pesquisa e letramento informacional. É com toda essa gama de material que os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) contam, em um espaço pedagógico de trabalho interdisciplinar que incentiva a leitura e apoia o currículo escolar.
No total, mais de 3 mil escolas estaduais já possuem Sala de Leitura. O interessado em saber mais sobre o projeto pode conferir uma página exclusiva feita pela Educação para as Salas de Leitura. Nela, estão disponíveis vídeos, notícias e todos os números do programa, que só tende a crescer.