“Deste tempo múltiplo, o que nascerá?”(1)
Muito há de nascer, pois o solo é fértil e muitos semeadores têm trabalhado nele.
A educação representa a chave para a resolução de todos os problemas brasileiros. De todos, sem exceção.
Povo educado edifica a Nação, complexo de imanências e transcendências que reclama protagonismo. A exuberância de direitos da República obscureceu o capítulo dos deveres, das obrigações e da responsabilidade.
O poder constituinte, o único que tudo pode em nome do povo, do qual emana a integralidade do poder e da soberania, declarou a educação direito de todos (2). Processo contínuo, sem termo definitivo. Até o último dia de existência temos o que aprender. É um repto a todos nós: somos, a um tempo, educadores e aprendizes. Ao aprender, ensinamos. Ao ensinar, aprendemos.
Mas esse direito de todos é dever do Estado e da família. Dever solidário. Não é o governo o único responsável pela missão educativa. A educação será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade (3). Todos somos responsáveis pela educação no Brasil.
O Poder Público faz sua parte. Mantém uma estrutura gigantesca, dispõe do trabalho heroico de professores e pessoal que compõe a imensa administração dessa máquina de cidadania. Porém é imprescindível se intensifique a participação da família e da sociedade.
A conclamação de todos para o aperfeiçoamento do sistema é fundamental para que São Paulo possa oferecer resultados ainda melhores do que os já obtidos, mercê do empenho de tantos.
O Plano Estadual de Educação é bem elaborado e ambicioso. Oferece diretrizes suficientes para que a vontade do povo, traduzida no pacto federativo, tenha integral atendimento. O pleno desenvolvimento da pessoa contempla o compromisso de se investir em suas competências, habilidades, aptidões. A criatividade é um valor que requer urgente reconhecimento na escola pública e as avaliações tradicionais, como o Pisa, já se submetem a redesenho para aferir habilidades não cognitivas. A juventude é ávida e sequiosa de participar ativamente desse processo.
O Governo GERALDO ALCKMIN, pioneiro no e-governo, com performance ótima em tantos setores, dispõe de todas as condições para propiciar ao alunado já com expertise e vivência nas comunidades virtuais, o acesso às tecnologias que em todo o mundo ensinam a partilha. Auxiliam primeiro a comunidade mais próxima. Em seguida, são multiplicadoras que inspiram sua geração a transformar o mundo.
Garantir o acesso à informação e seu debate, favorecer o exercício da democracia interna, respeitar o sonho da juventude é prepará-lo ao adequado exercício da cidadania(4).
O Brasil precisa de profissionais bem formados e aptos ao desempenho de novas modalidades laborais e a escola pública é o espaço predestinado a qualificar o jovem para o trabalho (5). Trabalho que, além da essencial dignidade, satisfaça as aspirações de uma geração que não nasceu para a burocracia, para as tarefas repetitivas e desprovidas de sedução.
A Constituição oferece amplas perspectivas para a missão apaixonante de educar. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo tem uma trajetória eloquente de protagonismo reconhecido em todo o Brasil. Tradição que será respeitada e preservada. Com incremento do diálogo. Servidor da Justiça, já introjetei em meu íntimo a observância do contraditório. Ouvirei a todos, com a humildade que é filha da verdade.
Agradeço o trabalho de quantos por ali passaram, a começar pelo Secretário Herman Voorwald, a Secretária interina Professora Cleyde Bauab Eid Buchichyo e sua valorosa equipe. Sou reconhecido a quantos ali continuam e continuarão, conclamando-os a perseverarem na missão.
Como cidadão que reverencia o educador acima de todas as demais ocupações, agradeço ao Governador GERALDO ALCKMIN a oportunidade que me concede para continuar a oferecer ao meu Estado e à minha gente a minha disposição, o meu tempo integral, a minha devoção à causa pública e a certeza de que São Paulo persistirá na vocação bandeirante de realizar o melhor, mercê da força de seu povo. Preciso de todos. A educação clama pelo interesse legítimo de todos. Ninguém está excluído de colaborar. É um direito cidadão, mas é muito mais um dever cívico, patriótico e mesmo heroico.
Deste tempo múltiplo, complexo e desafiador, boas coisas continuarão a nascer. Para isso contamos, acima de tudo, com a presença do Criador. “Onde Deus mora? Mora onde o fazemos entrar (6)” . Anima-me a certeza de que ele encontrou morada no coração de todos nós. Que continue a nos iluminar e a nos conduzir a todos.
[1] Orides Fontela, 1940-1998, poeta paulista.
[2] Artigo 205, caput, da Constituição da República.
[3] Idem, ibidem.
[4] Segundo objetivo da educação brasileira, de acordo com o artigo 205 da CF.
[5] Terceiro objetivo da educação brasileira, de acordo com o artigo 205 da CF.
[6] Martin Buber, 1878-1965, filósofo israelense.