Continuar estudando mesmo durante a internação em um hospital evita a defasagem e, ao mesmo tempo, incentiva o aluno em seu tratamento. E é pensando nisso que a Educação, em parceria com o Hospital São Paulo e com a Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – SPDM, promoverá o 3º Congresso do Estado de São Paulo no Apoio ao Escolar em Tratamento de Saúde. O evento será nos dias 23 e 24, das 8h às 17h, na EFAP- Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores.
“O Congresso é uma oportunidade para enriquecer o debate sobre o tema, não só entre educadores, mas também com profissionais de outras áreas. Além disso, é uma excelente ocasião de formação, possibilitando aos professores refletir sobre o desenvolvimento e o uso de novas metodologias que, de fato, atendam a diversidade existente no ambiente escolar. Desse modo, favorecerá o aprendizado dos alunos, o que, afinal, é o que todos nós almejamos”, esclarece a supervisora de Ensino da SEE, Gilda Inez Pereira Piorino.
O objetivo é refletir e integrar pesquisadores e profissionais das áreas da Educação, da Saúde e do Direito, interessados nas especificidades da escolarização dos alunos que enfrentam situações adversas à saúde. O evento propõe a obtenção de conhecimentos e recursos aos gestores e docentes, a fim de que possam ofertar condições favoráveis à reintegração escolar, sob a perspectiva da inclusão.
Difundir o trabalho realizado nas classes hospitalares é reconhecê-lo como ferramenta essencial para os alunos que, por motivo de doença crônica ou temporária, necessitam de tratamento de saúde em hospitais e ambulatórios e enfrentam dificuldades para dar curso a seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social.
Classes hospitalares
Os estudantes da rede estadual paulista não ficam sem ter acesso a aprendizagem mesmo quando não conseguem frequentar uma escola, por conta de tratamento médico. Ao todo, são 19 Diretorias de Ensino que possuem Classe Hospitalar. Aproximadamente, 54 docentes atuam nesses espaços, que são conveniados a vários hospitais em todo o Estado.
Um levantamento feito pela pasta mostra que 61 classes garantem atendimento a cerca de 1200 alunos. Não é possível afirmar um número exato de estudantes, pois os frequentadores de classes hospitalares são matriculados em salas regulares, além de ser um público flutuante.
A Classe Hospitalar é destinada para aquelas crianças que estão internadas, afastadas da escola e do seu convívio social, e que precisam de escolarização nesse período. Para que o atendimento durante a internação seja adequado, as professoras avaliam o conhecimento dos estudantes e começam seu trabalho a partir desse resultado.
Para Glenda Aref Salamah de Mello Araujo, membro da Equipe Técnica do CAPE, “a educação é um direito de todos, e é através das classes hospitalares que o aluno hospitalizado tem o seu direito garantido. As classes hospitalares funcionam dentro dos hospitais, mas estão vinculadas à escola estadual mais próxima. As classes hospitalares devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem dos alunos que estão hospitalizados, contribuindo assim para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, facilitando seu posterior acesso à escola regular. Para tanto, é essencial que o professor da Classe hospitalar esteja em constante articulação com o professor da escola de origem do aluno”, esclarece.
Tão importante quanto os resultados que a ação apresenta na área pedagógica, são os benefícios que as atividades podem trazer à saúde dos pequenos. Elivania de Oliveira, mãe de Ketelyn, aluna da rede, conta que sua filha estava caminhando para a perda do ano letivo, mas entende que “com a classe hospitalar ela conseguiu passar de ano”.
Na classe hospitalar, o trabalho dos professores é mais integral, e o que faz diferença é a mensagem que os profissionais da educação passam para os alunos de esperança, de que eles têm uma escola que está junto com eles. “Conforme diz Piajet, ela vai construindo dentro de seu espaço. Ela vai construindo aprendizagens. Isso tudo vai tendo repercussões favoráveis no processo dos cuidados físicos dela pela equipe medica”, entende Dra. Lea Chuster Albertoni, psicopedagoga e coordenadora da Classe Hospitalar UNIFESP.