Basta você fazer uma simples pergunta que ela responde com um simpático oi. A voz, que transita entre aquela ouvida nos aplicativos de transporte coletivo nas cidades e a voz de buscadores na internet, é feminina e responde todas as perguntas feitas. Não apenas responde, como aciona uma cadeira de rodas motorizada, que faz todos os tipos de movimentos e controla o equipamento, que ajuda pessoas com dificuldade de locomoção em Mogi Guaçu.
O nome da assistente de voz é Orianna, e foi fruto de um projeto científico na Escola Estadual Longino Vastbinder. Estimulado pelos professores, o aluno Marcos Magalhães queria desenvolver um projeto que usasse sua paixão, a programação e a tecnologia, e ajudar pessoas com diferentes tipos de necessidades. “O problema que identificamos foi como ajudar a realizar a locomoção de pessoas com deficiências nos membros superiores e posteriores e ajudar essas pessoas na locomoção do dia-a-dia. Pesquisamos, desenvolvemos toda uma metodologia e chegamos à conclusão que uma cadeira de rodas motorizada seria o ideal”, explica o estudante.
Durante o estudo, estudantes e professores levantaram os custos de tudo o que era necessário ter para produzir uma cadeira de rodas do nada. A conclusão foi de que, para facilitar o sistema a ser desenvolvido, eram necessários usar softwares open source, ou seja, gratuitos e sujeitos às melhorias da comunidade de programadores. “Escolhemos a placa Arduíno e o software Open Source de reconhecimento de voz que opera sobre plataforma Windows. São gratuitos e democráticos”, explica o professor Eliandro.
Para realizar testes, a Orianna, chamada assim em homenagem à personagem do game League of Legends, foi testada em carrinhos e na casa de Marcos. Depois, a assistente de comando de voz foi integrada à cadeira de rodas e a controla totalmente. Assim, pessoas com mobilidade comprometida em todos os membros podem operar a cadeira apenas com a voz, possibilitando um uso democrático e também gratuito.
“O uso da inteligência artificial pelo estudante é exemplar e mostra como todos podemos ser makers. Todo mundo pode pensar em resolver algum problema a partir da simples tecnologia”, pontua Debora Garofalo, coordenadora do setor de tecnologia na Educação. O projeto teve destaque na Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo e fez parte do Movimento Inova, em dezembro.
Em todos os eventos, Orianna sempre respondeu prontamente as questões. E operou a cadeira de rodas como previsto pelo aluno. De Mogi Guaçu para São Paulo, Orianna parece não ter limites para fazer a diferença na vida das pessoas – assim como a inserção da tecnologia na aprendizagem dos alunos da rede estadual.