A Escola Estadual Irene Caporali de Souza, em Mogi das Cruzes, lembrará de 2018 como um ano de muitas conquistas e aprendizados não só dentro das salas de aula, mas no aspecto humano de seus alunos. Através do Coral Believe, os jovens conheceram de perto a importância de fazer o bem ao outro.
Em abril, o diretor da unidade, Marcelo Fialho, teve a ideia de tornar o coral da escola em instrumento de recuperação para pacientes em tratamento de câncer. O grupo musical, que existe desde 2017, foi criado pela professora de inglês, Kelly Valim, que viu a possibilidade de ensinar a disciplina de uma maneira mais dinâmica e próxima dos estudantes.
O diretor, dessa forma, pensou em juntar o trabalho já desenvolvido pela docente com o lado altruísta dos jovens. “Era uma forma deles também conhecerem um pouco mais sobre o que é o câncer, como é feito o tratamento e a importância de fazer um diagnóstico precoce”, afirma Marcelo.
No entanto, uma coincidência acabou colocando o projeto como uma prioridade entre os alunos. Em junho, o mesmo diretor foi diagnosticado com câncer e, em pouco tempo, iniciou o tratamento no Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, localizado no município.
A surpresa
Quando os alunos ficaram sabendo da doença de Marcelo, dessa forma, eles tiveram uma força muito grande para se organizar e conseguir autorização para cantar na mesma seção do Hospital em que o diretor se encontrava. Foi então que o grupo formado por alunos da 3º série do Ensino Médio surpreendeu Marcelo.
Sem saber do plano, o servidor ficou bastante emocionado com as canções que mencionavam palavras de amizade, superação e coragem. Com os instrumentos musicais na mão e a letra na ponta da língua, a ação acabou contagiando outros pacientes do local.
Projeto de vida
Após a iniciativa, Marcelo comentou o quão é necessário fazer o bem para essas pessoas que, assim como ele, estão fragilizadas e abaladas pelo câncer. “É através desse carinho que muitos pacientes conseguem desvincular seus pensamentos da doença”, diz. Em novembro, o diretor encerrou as sessões de quimioterapia e retornou às atividades da escola.
O grupo musical, por sua vez, não perdeu o incentivo e pretende continuar com o projeto. Depois da apresentação, os jovens foram convidados a participar de outros eventos na unidade de saúde.
“O que eu fiquei encantada é que uma turma de 3º série, que está em época de vestibular, deu uma pausa nos estudos para olhar para o outro”, ressalta Kelly.
Se 2018 foi bastante marcante para eles, o ano de 2019 será ainda mais especial para escola. Segundo a docente, o intuito do grupo musical é visitar outras instituições, como os asilos da região, e tornar o projeto uma cultura dentro da unidade para os próximos que virão.
Ações como essa, sobretudo dentro da rede estadual de ensino, são fundamentais para mostrar que o jovem de hoje ainda é capaz de transformar vidas e ser um símbolo de mudança para futuras gerações.