Chegar aos 50 anos é normalmente uma época de reflexão. Um filme passa pela cabeça, pensando nos rumos e trajetórias de vida. Para Luiz Antonio dos Santos, a data marca também o marco de superação. Em seu quarto ano como advogado, ele tem escritório próprio e atua em causas das áreas civil e criminal. Uma mudança radical de anos atrás, quando era pedreiro em Votuporanga, no interior de São Paulo.
Santos era pedreiro desde 1987, quando ainda morava no Mato Grosso do Sul. Foram 28 anos trabalhando na construção civil, onde chegou a ocupar a posição de mestre de obras. A chance de mudar de vida veio junto ao projeto Escola da Família, que promove atividades para alunos e comunidade no espaço físico das escolas aos fins de semana.
Um dos braços do programa são as bolsas destinadas aos universitários que trabalham nas atividades das unidades escolares que abrem aos sábados e domingos. Santos viu uma oportunidade de complementar a renda e também ajudar a comunidade. “Ajudei a colocar os primeiros blocos da Cidade Universitária em 2006. Foi um período árduo de trabalhar e estudar aos mesmo tempo, mas eu tinha de fazer esse esforço para mudar de vida”, conta.
A primeira experiência foi na Escola Gentila Guizzi Pinatti na cidade de Sebastianópolis do Sul, vizinha a Votuporanga. Ele começou a participar do Escola da Família enquanto iniciava os estudos em Direito. “Cada universitário precisava desenvolver projetos com crianças na quadra de esportes, com jogos de tabuleiro e brincadeiras. A cidade é pequena, não tinha muitos recursos e os jovens não tinham muita opção de recreação. Atendíamos um público variado em busca de lazer.”
Depois, o então universitário foi transferido para Votuporanga, terminando a universidade na E. E. Enny Tereza Longo Fracaro. “A experiência nesta última escola me marcou porque atendíamos uma população muito carente. Tinha um laboratório de informática lá e como as crianças não tinham acesso ao computador, foi muito importante vê-las desfrutando dos recursos da escola. Foi um período de grande aprendizado como ser humano.”
Durante os cinco anos de formação, a bolsa do programa ajudou Luiz a custear as parcelas do curso de graduação em Direito, já que ele cursou numa universidade particular. “A bolsa da Escola da Família foi fundamental para eu conseguir estudar porque era inviável conseguir bancar a faculdade. Foi um porta aberta para os estudos, sou muito grato.”
Além de atuar em seu escritório, Luiz hoje está cursando Teologia, sua segunda graduação. Também faz uma pós em Direito Constitucional. Uma mudança radical proporcionada pelo programa.
Escola da Família
Criado em 2003, o programa bolsas para universitários que atuam dentro das escolas. O Bolsa Universidade é um convênio estabelecido entre o Governo do Estado de São Paulo e as Instituições de Ensino Superior, por meio da Secretaria. A Educação custeia 50% do valor da mensalidade do curso de graduação, até o limite de R$ 500,00 (quinhentos reais), e o restante é assumido pelas Instituições de Ensino Superior.
O programa também conta com a participação de voluntários, que são responsáveis por organizar ou participar de reformas e mutirões de limpeza na escola, gincanas e eventos, campanhas, atividades educativas, como contar histórias para crianças, entre outros projetos. “Trata-se de uma atividade pedagógica de alto impacto para a sociedade”, pontua o secretário executivo Haroldo Rocha.