Escolas da rede pública estadual apostam na cultura e somam esforços para comemorar o Dia da Abolição. O ensino afro é trabalhado nas escolas como tema transversal e, para mostrar os resultados obtidos, algumas escolas jurisdicionadas à Diretoria de Ensino Centro-Oeste estão estendendo a programação de suas atividades para o final de semana.
Com uma turma ensaiada de 120 alunos, o Cefam Butantã, comemorará a data com a apresentação do Maculelê. Originária dos negros africanos, a dança é muito executada na Bahia para celebrar o dia de Nossa Senhora da Purificação, em fevereiro. A coreografia original inclui passos de roda e luta com facões e bastões. Os alunos cantam, dançam e lutam ao mesmo tempo. A dança tem como base a capoeira e o figurino inclui peças características: saiotes de palha, pinturas no corpo, entre outros adereços.
Na escola Alves Cruz, em Pinheiros, uma associação de ex-alunos promove o Maracatu e a percussão fica por conta de aproximadamente 50 alunos do ensino fundamental e médio da unidade. Os próprios alunos confeccionam os tambores utilizados no Maracatu e o berimbau para as apresentações de capoeira que ocorrem toda quarta-feira. A escola revela mais: uma bolsista do programa Escola da Família desenvolve um projeto folclórico com o tambor de crioula, uma dança típica do Maranhão com direito a saias longas, pés descalços e flores no cabelo.
Na EE Basílio Machado a comunidade escolar se uniu à vizinhança e irá realizar a apresentação de batuque africano. Aqueles que quiserem conhecer o ritmo poderão chegar a partir das 14 horas deste sábado, quando se inicia o espetáculo. Quem quiser conferir a programação completa do fim de semana, deverá se informar na secretaria da escola.
Mais surpresas poderão ser vistas na escola Padre Manuel de Paiva. Foi montada uma coreografia que contará a história do negro desde o período colonial até os dias atuais. O grupo de dança, composto por 25 alunos, ensaia desde o ano passado sob a coordenação do Assistente Técnico Pedagógico do Escola da Família na Diretoria de Ensino Centro-Oeste, Emanuel Júnior. O trabalho desenvolvido envolve uma releitura do Axé. Os 15 meninos e dez meninas, já se apresentaram em vários locais. A coreografia virou destaque nos ensaios da escola pela originalidade, pela seriedade do trabalho de pesquisa e pela seqüência, que obedece a uma ordem dentro do projeto pedagógico de História com a ajuda de outros docentes.
De acordo com a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp), como a cultura brasileira é fruto da contribuição de diversos grupos, o reconhecimento de todas as culturas deve começar dentro da sala de aula, colaborando para a formação de nossa sociedade.
Luciane Salles