A 5ª Conferência Nacional pelo Meio Ambiente está chegando. Com o intuito de participar da ação com força total, os estudantes da E.E. Zezinho Portugal, que fica na cidade de Guaíra e pertence à DE Barretos, participam do projeto “Preservar a água é preservar a vida”, que está diretamente ligado ao tema da CNIJMA, que é “Vamos cuidar do Brasil, cuidando das águas”.
O foco dos trabalhos está na resolução de um problema que assola a comunidade: a poluição do lago Maracá, localizado no centro da cidade interiorana. A escola Zezinho Portugal fica a poucos metros do Maracá, que é parte de um grande parque homônimo, fundado em 1984. Além do lago, o parque abriga áreas de lazer, esporte e cultura, com vegetação nativa espalhada por todo canto e às margens da lagoa.
A triste notícia é que parte da população de Guaíra é responsável pelo expressivo aumento de descarte de lixo nas águas do Maracá. Os males são inúmeros, como poluição visual, mal cheiro, morte dos peixes e até mesmo inundações de vias públicas em épocas de chuvas intensas.
Foi então que, aproveitando a onda da conferência do Meio Ambiente, equipe escolar e alunos optaram por desenvolver um projeto voltado à preservação do local, por meio de conscientização de toda a população guairense, para que juntos todos possam combater o péssimo hábito e revitalizar a região.
A cidade é pequena, com cerca de 47 mil habitantes. A professora coordenadora, Rogéria Cristina Feitosa da Silva, afirma que não faz muito tempo que a poluição tem afetado de forma tão negativa o lago. “Eu moro há 14 anos aqui e tenho notado esse lixo de uns 8 anos para cá, aproximadamente”, lembra a educadora.
Ela explica que no início de 2018 Guaíra foi alvo de fortes chuvas que alagaram as vias mais próximas da região central, e isso foi “a motivação do projeto. Não porque o lago transbordou, mas porque entupiu as redes pluviais. E quando surgiu a notícia da Conferência do Meio Ambiente pensamos imediatamente em participar apresentando a resolução desse problema”, esclarece Rogéria.
A professora de Ciência, Diana Maria Serafim Martins, afirma que “com a ideia de aliar o trabalho com a Conferência, a função dos professores é direcionar os alunos, buscar parcerias para trabalhar com eles a conscientização quanto a um dos maiores bens da cidade, que é o lado Maracá”. Ela acrescenta que “o foco inicial foram os alunos do Médio, mas a escola inteira está mobilizada. Os alunos do Fundamental, por exemplo, fazem maquetes após as pesquisas. Os do Médio trabalham na conscientização e coleta do material reciclável e do lixo, entre outras diversas atividades”, aponta Diana.
Entre as atividades planejadas, estão as de diagnosticar a real situação referente à poluição do lago Maracá, em que estão responsáveis os alunos e os professores da área de Ciências da Natureza, que são a Diana Maria Serafim, o Adriano da Silva Pereira e o Devair Sérgio Queiroz de Oliveira; coletar o lixo depositado em suas margens, armazenar e descartar corretamente o material coletado, tarefa que está sendo desenvolvida pelos alunos do 9º ano do Fundamental e 1ª e 2ª séries do Médio, com orientação da professora Cristina Guedes de Oliveira; calcular a quantidade de lixo descartado incorretamente para alertar a população, analisar a qualidade da água que servirá para estudos teóricos em sala de aula e ampliação do conhecimento dos alunos a respeito do tema, tarefa que será aferida a todos os alunos, com participação massiva dos professores e gestão escolar.
Raissa Teixeira Ferreira, de apenas 13 anos, cursa o 9ª ano na E.E. Zezinho Portugal. Cidadã guairense, e uma das escolhidas para participar da 5ª Conferência Nacional pelo Meio Ambiente como representante da unidade escolar, ela lembra que “não tem muito tempo que o lago era limpo. Mas a poluição foi chegando e as pessoas não faziam nada para colaborar. Aí juntou muito lixo, o que está dando um certo trabalho para limpar. Mas, nós já tiramos muito material, e eu posso dizer que estamos no meio caminho”, comemora a aluna.
Outra representante da escola na 5ª CNIJMA, a Karolly Cardoso de Oliveira Veiga, de 14 anos, e que também curso o 9º ano, acredita que “de uma forma, ou outra, é uma grande chance que os alunos têm para se conscientizarem, de ensinarem as pessoas a fazerem o correto, para que tenham mais noção sobre o que acontece com o lixo descartado e coletado.”
E por falar em reciclagem de material, a jovem Karolly apresenta soluções de reuso. “A gente pode fazer projetos de decoração, eu acho interessante porque pode ser até uma decoração para a escola. A gente pode ensinar as pessoas a reaproveitarem, reutilizarem o lixo. Isso tudo será benéfico para nós mesmos”, finaliza.
Além de tudo isso, os estudantes pretendem fazer um trabalho de pesquisa histórica sobre a origem do lago e, também, do parque Maracá, para posterior produção de material audiovisual, maquetes, cartazes e outras formas de comunicação social.
O projeto tomou tamanha proporção que conquistou alguns parceiros importantes, como o Departamento de Água e Esgoto de Guaíra, a prefeitura da cidade, a rádio Cultura de Guaíra e os voluntários do Programa Escola da Família, atuantes nas unidades escolares estaduais.
“A gente tem tido retorno dos moradores. A rádio da cidade até entrou em contato conosco, porque a notícia já correu. Fizeram uma entrevista e ofereceram auxílio na divulgação. Eu acho que já começou a fazer efeito”, vibra a professora Rogéria.
As ações seguem em andamento de acordo com um cronograma pré-estabelecido que se alia às datas da Conferência Nacional pelo meio Ambiente. Até o dia 31 de março os envolvidos entregarão planejamento, diagnósticos e farão a conferência na escola (primeira etapa da 5ª CNIJMA). As demais ações serão realizadas periodicamente até o mês de junho.
Zezinho Portugal, a escola que tem H²O no DNA
A E.E. Zezinho Portugal já é bem conhecida na cidade de Guaíra e entorno. Acontece que não é de hoje que professores, funcionários e alunos se juntam em prol do Meio Ambiente. Segundo a professora coordenadora da unidade, Rogéria Cristina Feitosa da Silva, “Guaíra tem um privilégio por não sofrer com a falta de água”. Mas, por causa disso as pessoas acabam desperdiçando o recurso hídrico. “A gente está procurando mudar essa cultura na cidade. O pouquinho que a gente fizer já vai ajudar”, conta a professora.
“Nós já temos um histórico de sustentabilidade. A gente teve um projeto para captar água da chuva do telhado e reutilizar essa água para lavar pátio e regar o jardim da escola. Esse projeto foi muito bem aceito no passado. E eu acredito, e desejo muito, que não será diferente com o “Preservar a água é preservar a vida”, pois é um projeto que tem a mesma proporção”, acredita Rogéria.
A ideia colocada em prática em 2017 sobre captação da água da chuva foi bastante divulgada na mídia paulista, e você pode conhecer mais sobre o assunto num post publicado aqui no site da Educação. Basta clicar aqui.
A aluna Raissa Teixeira Ferreira, do 9º ano do Ensino Fundamental e super atuante no projeto “Preservar a água é preservar a vida” tem gostado de fazer parte do trabalho. “É bem legal, interessante e a gente está adquirindo mais conhecimento”, diz a jovem. E esse conhecimento tem amadurecido Raissa, a ponto de acreditar que conscientizar as pessoas sobre a reutilização da água e preservação do Meio Ambiente é como sarar uma doença enraizada em cada uma delas, ao afirmar que “a gente tem que ajudar essas pessoas”, nota a jovem garota.