A rede estadual de ensino vem investindo em programas que oferecem aos estudantes uma jornada ampliada de estudos. Atualmente, a Secretaria da Educação conta com 589 escolas em Tempo de Integral, atendendo mais de 172,8 mil alunos. Com foco exclusivo no Ensino Médio, a Educação conta com 158 escolas.
São dois os modelos ofertados: a Escola de Tempo Integral (ETI) e o Programa de Ensino Integral (PEI). A Educação conta com 225 unidades do modelo ETI, criado em 2006, que tem como foco manter o estudante por mais tempo na escola. Nestas unidades, os alunos têm aulas do currículo regular e, no contraturno, são oferecidas oficinas culturais com atividades esportivas, de dança, música, entre outros.
No modelo PEI, presente em 364 escolas, os alunos contam com atividades complementares como orientação vocacional, desenvolvimento do projeto de vida, música, teatro, preparação acadêmica e para o mundo do trabalho. Além das disciplinas obrigatórias, os alunos contam, ainda, com disciplinas eletivas, definidas por cada escola. A estrutura é formada por salas temáticas de português, história, arte e geografia, além de Salas de Leitura e informática.
“Por prever um currículo integrado e com maior foco na formação integral, nós verificamos que a prática de atividades físicas favorece essa formação dos nossos alunos”, comenta a diretora da E.E. Brasílio Machado, Simone Santoro Romano. Na unidade escolar, que fica na Vila Madalena, em São Paulo, os alunos do 1º ao 5º ano do Fundamental podem escolher qual atividade fazer na troca de período. Os jogos vão desde queimada à hóquei de quadra.
Professora de Educação Física da mesma unidade escolar, Yara Segobi de Araripe explica que na Atividade Dirigida, por exemplo, os alunos são separados por ambiente. “Cada série tem um espaço definido. Então, naquela semana eles vão trabalhar na quadra, na outra vão trabalhar na horta, depois no ambiente do pátio coberto, etc. Como eles entram às 7 da manhã e saem às 16h, nós procuramos preparar atividades que eles gastem muita energia”, completa.
Os professores do modelo PEI atuam em regime de dedicação exclusivo e, para isso, recebem gratificação de 75% em seu salário, inclusive sobre o que foi incorporado durante sua carreira.
“Eu acredito que a opção de ser um educador já requer comprometimento. E essa gratificação de 75% eu considero um estímulo. A dedicação plena é uma ferramenta que facilita o desenvolvimento de projetos na escola, pois temos mais tempo para trabalhar”, afirma o professor de Física Ednilson Luiz Silva Vaz, que trabalha na E.E. José Marcondes de Mattos, em Taubaté.
Ednilson acredita que o “PEI é um projeto muito bacana porque trabalha em parceria com o projeto de vida do aluno. E toda essa estrutura leva à transformação do jovem, à formação do aluno autônomo, solidário, competente. O PEI forma cidadãos, e eu acho que o papel da escola do futuro é formar cidadãos”, complementa o professor.
Atualmente, Ednilson Luiz Silva Vaz é orientador de um projeto de robótica que está sendo desenvolvido por três de seus alunos. O protótipo auxilia a locomoção de pessoas portadoras de deficiência visual. Trata-se de um par de óculos que emite sons assim que intercepta um obstáculo à frente de quem o transporta.
São essas as possibilidades dentro das escolas de tempo integral. Além de desenvolverem as pesquisas e fabricar equipamentos, os alunos passam a sonhar com uma carreira profissional. “Eu penso em ser físico teórico, que foca mais na parte da teoria. Mexe mais com as equações, conceitos, elabora determinadas ideias e teorias. E depois testa para ver se é compatível”, vislumbra o estudante Estefano Enrico Pereira da Silva e Lima.
Educação – Compromisso de São Paulo
O programa “Educação – Compromisso de São Paulo”, iniciado em 2011, estabelece um pacto com a sociedade em prol da educação. Entre suas principais metas, o programa pretende fazer com que a rede estadual paulista figure entre os 25 melhores sistemas de educação do mundo nas medições internacionais, além de posicionar a carreira de professor entre as dez mais desejadas do Estado.
Foi construído em conjunto com educadores e funcionários da rede estadual paulista. Ao longo de encontros com milhares de profissionais que atuam diariamente na rotina de escolas e salas de aula, formatou-se uma proposta com base nas demandas e anseios dos educadores.
O programa está estruturado em cinco pilares, que nortearam o foco de atuação, a criação de novos projetos e as demais ações da Secretaria da Educação ao longo da gestão. O primeiro pilar diz respeito à valorização do capital humano, com política salarial inédita e contratação de novos professores; o segundo pilar é referente à gestão pedagógica, com novos programas com foco na qualidade de ensino e a criação da EVESP e outros.
O terceiro pilar é referente à educação integral, de onde surgiu o novo modelo de escola de tempo integral, o PEI, com professores atuando com dedicação exclusiva e a criação de programas como, por exemplo, Centros de Estudo de Línguas.
A gestão organizacional e financeira é o quarto pilar, que tem foco no fomento e desenvolvimento da Educação, além do investimento em transporte e infraestrutura; por fim, o quinto pilar é a mobilização da sociedade, com engajamento para a promoção de uma educação de qualidade e o Programa Escola da Família, que reúne comunidade escolar.