Festa que uniu os formandos de dez escolas ligadas à Diretoria Regional de Ensino Norte 1 teve o apoio da Secretaria de Estado da Educação por meio do Programa Escola da Família
Mais de 120 formandos do Projeto Escola da Juventude – ensino médio gratuito para jovens e adultos aos fins de semana – participaram no último sábado, dia 20, de uma grande festa: a formatura no curso de ensino médio. Agora eles estão mais perto de conquistar outro sonho: ingressar em uma faculdade.
De acordo com a dirigente regional de ensino da Norte 1, professora Eliana Bernardo, no total 400 alunos da região passaram nos exames finais do curso, realizados nos dias 29 e 30 de abril. “No final do ano deveremos ter mais mil alunos se formando. É uma felicidade muito grande compartilhar deste momento com eles, pois eram pessoas que não podiam estudar durante a semana e a Secretaria de Educação proporcionou esta oportunidade. Hoje eles estão brilhando bastante e espero que não parem por aí”, declarou a dirigente na abertura do evento.
A formatura foi realizada com a união dos formandos de dez escolas ligadas à Diretoria Regional de Ensino Norte 1, que apoiou a organização da festa juntamente com a Secretaria e a equipe do Programa Escola da Família.
Representando a Secretaria no evento, a professora Mertila Larcher de Moraes, técnica em Educação da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp), desejou muita sorte a todos, além de parabenizá-los pela conquista.
Sonhos que nunca morrem
A felicidade dos formandos era tamanha, que muitos se emocionaram ao receber o canudo. Para a dona-de-casa Marilda Fajoli Trindade, 54 anos, a festa era a realização de um sonho antigo. “Quando era jovem não tive a oportunidade de estudar. Depois, com muito esforço, consegui fazer no supletivo o ensino fundamental, que terminei em 2001. Mas era muita confusão em casa, cobrança do marido com horário da janta, assim não consegui ir adiante. Quando vi que no Escola da Juventude teríamos aulas só aos finais de semana, percebi que era a chance que eu esperava. Avisei às amigas e me matriculei. Foi puxado, pois cuidar da casa, dos filhos e estudar… mas com força de vontade a gente consegue. Agora quero prestar um concurso e fazer uma faculdade de Pedagogia”, relata Marilda.
A amiga de Marilda, a autônoma Eunice Soares de Oliveira, 45 anos, também estava radiante na formatura. “Durante um ano inteiro dediquei todos os sábados às aulas, faltei apenas uma vez. Largava a casa, a família e me dedicava aos estudos. Meus filhos me ajudaram muito, com os serviços de casa, com as lições mais difíceis, me apoiaram muito mesmo. Já estou até fazendo um curso de eletrocardiograma (que exige o ensino médio) e depois vou fazer um de Raio-X. Sem o Escola da Juventude eu não teria conseguido realizar meu sonho de entrar para a área da Saúde, pois todos os cursos exigem o ensino médio”, explica Eunice.
Estudar para evoluir
A busca por novas oportunidades foi o que levou também o segurança Euclides Rodrigues de Araújo, 37 anos, a cursar o Escola da Juventude. “Eu estava sem estudar desde 1992, porque precisava trabalhar. Mas, hoje qualquer emprego, qualquer vaga que você vai atrás exige pelo menos o ensino médio. Quero fazer um curso técnico, ou tentar o Enem. Não posso ficar parado”, conta Euclides. O segurança diz que no começo das aulas teve uma certa dificuldade, pois estava há muito tempo parado. Mas com força de vontade venceu os obstáculos.
Superação
Força de vontade mesmo demonstra Aloísio Lisboa dos Santos, 58 anos, ex-encarregado de expedição, que está desempregado desde 2004. “Fiquei sabendo do Escola da Juventude quando procurava emprego no Jornal Agora S. Paulo. Percebi que se quisesse voltar ao mercado tinha que me atualizar. Vou prestar o concurso dos Correios (realizado domingo, dia 21) e estou esperançoso. Meu sonho agora é fazer faculdade de Educação Física”.
Aloísio revela que também matriculou a esposa no curso e que juntos estudavam e pediam ajuda aos filhos quando a matéria era mais difícil. “Eles já estão na faculdade e nos ajudaram muito, nos deram muita força. Você tem que ter muita força de vontade e dedicação, mas com o tempo dá vontade de devorar os livros”, fala entusiasmado.
Coadjuvante nesta festa, a educadora profissional Adelina Gonzaga, do Programa Escola da Família da Escola Estadual Olinda Leite, estava muito feliz por participar de um evento importante como este. “Nós os incentivamos muito na escola. Inclusive os que estão se formando agora, já encaminhamos ao cursinho pré-vestibular Educafro. Eu falo para eles: o tempo que vocês tinham que perder, já perderam, agora têm que correr em busca dos sonhos”. Adelina diz que já tem uma lista de espera na escola com 100 nomes. “Eles estão esperando só as matrículas começarem”.
A emoção de quem ensina
Compartilhando da emoção de Adelina, o monitor de informática Thiago Paulino Silva, 21 anos, estudante universitário do curso de Administração de Empresas, diz que eles (formandos) são especiais. “Eles chegaram na aula de informática do curso (aula de Inclusão Digital de 1h30min) com medo do computador. Alguns até tinham medo de tocar no mouse e fazer alguma coisa errada. Com o tempo foram aprendendo e ficaram bastante empolgados com a Tecnologia. Acho que esta aula agrega valor ao aprendizado deles e mostra que a Tecnologia facilita o dia-a-dia de todos.” Depois da solenidade de entrega dos canudos, os formandos tiveram um animado baile no auditório da Escola Estadual Jácomo Stávile.
Escola da Juventude
O Programa é realizado em 316 escolas estaduais da capital, Grande São Paulo e interior do Estado. O curso é dividido em módulos e os alunos ainda contam com uma 1h30min de aula de inclusão digital.
Como possui uma dinâmica diferenciada dos cursos tradicionais de Educação de Jovens e Adultos, o curso utiliza as novas tecnologias da Informação para acelerar o processo de aprendizagem.
Em pesquisa realizada durante o mês de março com os alunos matriculados no curso, 66,56% responderam que o motivo que os levou a procurar o Projeto foi “conseguir novas oportunidades”. Como a questão era de múltipla escolha, mais de 48,83% dos pesquisados afirmaram também ter por objetivo ingressar na faculdade.