Cada passo da aula de danças africanas remonta parte da história do Brasil. Com movimentos precisos ao som de tambores, as alunas deixam o ritmo levar o corpo e formam um círculo. Sem coreografia imposta, elas improvisam inspiradas nos gestos estudados sobre as celebrações nos quilombos – comunidades organizadas pelos escravos para resistirem a escravidão.
A apresentação é uma das propostas artísticas da E.E. João Amos Comenius que promove nessa terça-feira (19) um evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, no dia 20 de novembro.
Hip hop, capoeira, teatro, exposições de quadros e bonecos de argila, e até um desfile com personalidades afrodescentes enriquecem a programação.
Os alunos foram envolvidos em todo o processo de organização. No 7º Ano do Ensino Fundamental, as energias foram concentradas na criação de caricaturas, com traços firmes sobre o papel os estudantes utilizam técnicas de luz e sombra para retratar referências importantes para a cultura afro-brasileira, como Zumbi dos Palmares.
“Há uma riqueza na dança, na religião, no estilo dos conhecimentos africanos. É importante trabalhar essa parte da história no Fundamental e Médio para apurar o olhar dos alunos, traçando um paralelo sobre o ontem e quais caminhos assume hoje”, ressalta a professora de história Rita de Cássia Soares Santos, responsável pelas aulas de dança.
Para absorver a pluralidade cultural, os educadores dedicam parte das aulas para que os alunos rebusquem nos livros informações que servem de base para reproduzir cenários e até pratos típicos. “Até a merenda foi pensada de uma forma especial. Serviremos feijoada, com farofa e couve”, conta a coordenadora do Ensino Fundamental Josemeire da Silva Leal Vieira.
Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é comemorado na data em que o líder Zumbi dos Palmares faleceu. Zumbi era responsável pelo Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, local onde diversos escravos buscavam refúgio na época da escravidão.
Ensino da cultura afro-brasileira
Segundo a Lei nº 10.639/03 é obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas do Brasil. O currículo do Estado de São Paulo prioriza a temática em mais de 5 mil escolas da rede estadual e preocupa-se com a formação dos docentes. Na próxima sexta-feira (22), o Núcleo de Inclusão Educacional (NINC) da Secretaria da Educação realizará uma série de três videoconferências para abordar questões étnico-raciais. A transmissão acontece a partir das 11h, pela Rede do Saber.
“O currículo problematiza as relações étnico-raciais de maneira a apresentá-las aos estudantes o importante papel civilizatório que as populações negras, tem na história e no presente da sociedade brasileira. Considera necessário conhecer o universo africano,afro- brasileiro,indígena e de demais grupos sociais”, diz Sergio Cardoso diretor do núcleo de inclusão educacional NINC.