Encontro reúne mais de 600 pessoas envolvidas com os novos passos do programa
Todos os números que o Programa Escola da Família registra hoje são extraordinários e confirmam a previsão positiva dos seus idealizadores, que em agosto de 2003 colocaram em prática uma dinâmica que iria mudar o perfil da escola. Desde a escolha do nome do programa até a organização prática de manter as escolas abertas no fim de semana, recebendo a sua comunidade e o entorno, foram detalhes cuidadosamente observados nesses mais de dois anos de atividade. Hoje, não dá para imaginar sábado e domingo sem a saudável agitação que acontece nos pátios e salas de 5.306 escolas da rede estadual de ensino e mais 359 de municípios de São Paulo, que também abraçaram o programa e só têm feito essa idéia crescer.
Um convite para refletir sobre a trajetória do programa, que fechou 2005 com 200 milhões de participações e 40 mil educadores universitários bolsistas, foi feito ontem, 22 de janeiro, pelo secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, durante o Encontro de Planejamento 2006 do Programa Escola da Família, realizado em Águas de Lindóia. Mais de 600 pessoas, entre coordenadores de área, supervisores, dirigentes de ensino e assistentes técnico-pedagógicos, discutiram como vão construir coletivamente metas e compromissos nesse ano que está começando.
Para o secretário Gabriel Chalita, não há dúvida quanto à continuidade do programa, vitorioso como é hoje, “porque ele não está ligado a uma pessoa ou a um governo, mas a um conceito que mudou a forma de enxergar a escola e ampliou a visão do que é educação. O SPA Escola, por exemplo, que tem enfatizado princípios de qualidade de vida, revive também conceitos ensinados nas escolas grega e egípcia, onde a dimensão do outro sempre foi considerada e respeitada. Amor, verdade e ética são valores a serem absorvidos e não apenas as lições de Matemática ou de Português, porque mesmo que o aluno seja bom nisso ele mostra que não é educado quando suja a escola”.
11 milhões de atividades
O SPA Escola é apenas um exemplo das inúmeras vertentes do processo educativo do Escola da Família. Desde que foi implantado, já se criaram cerca de 11 milhões de atividades, baseadas nos quatro eixos norteadores do programa, que são esporte, cultura, saúde e qualificação para o trabalho. O secretário Chalita chamou a atenção para a quantidade de projetos, que surgiram naturalmente nas escolas. “Temos que desenvolver a humildade para corrigir, fazer, reinventar, dar uma nova forma àquilo que não está dando certo. E quando dá certo, replicar a experiência em outros lugares, fazendo trocas daquilo que é positivo e, como já acontece hoje, levando o resultado desse trabalho para outros estados e até para outros países”.
Na abrangência que conseguiu desenvolver, o Escola da Família já atraiu para enriquecer essas atividades quase 40 mil voluntários, que semanalmente vão ensinar aquilo de que se orgulham entre seus dons e talentos. Pode ser a receita de pão para a padaria artesanal, os pontos de crochê, as aulas de inglês, de espanhol ou de informática, passos de dança e de capoeira, o movimento silencioso do jogo de xadrez ou a harmonia que se aprende com as lições de Lien Ch’i, a técnica da medicina oriental chinesa que favorece a concentração.
No encontro de planejamento, conduzido pela coordenadora do programa, Cristina Cordeiro, os participantes deram ênfase a promover troca e acolhimento entre as coordenações; renovar o sentimento de afetividade, de cooperação e de harmonia; fortalecer o amor, o cuidado, a responsabilidade, a solidariedade; retomar a trajetória vivida; buscar novos passos, como marcas dessa trajetória que continua e construir as metas para 2006.
Dentro desse universo é que se forma o líder contemporâneo, acredita Gabriel Chalita. Segundo ele, esse novo líder é “aquele que tem a braveza para lutar pelo que quer e acredita, mas tem também a serenidade para não brigar pelo que não vale a pena”. Para que se revelem essas naturezas de liderança, o papel do educador é fundamental, “pois quem faz a diferença é aquele que está na escola, acreditando que todo mundo nasceu com a potencialidade de fazer tudo e que desabrochar é uma questão de habilidade e desenvolvimento”, salientou.
Escola de Tempo Integral
Outro recurso para trabalhar o ser humano na sua potencialidade é a Escola de Tempo Integral, iniciativa do Governo de São Paulo que se implanta em 500 escolas já a partir de fevereiro, com aulas das sete às 16h10. Para o secretário Chalita, “é mais uma oportunidade de trabalhar o eixo humano, de desfazer bloqueios que possam estar impedindo alguém de crescer e de se acreditar mais. Oportunidade de trabalhar para combater a violência, de incentivar o respeito ao outro, pois as pessoas têm tratado umas às outras com um pé atrás e até com violência. E quando a gente perde a educação, agredindo o outro, a gente perde também a razão”.
Gabriel Chalita fez questão de ressaltar a confiança que deposita nos educadores como agentes que são de todos esses processos, “porque vocês vão liderar praticar, reinventar para que se solidifique esse conceito educacional. Faz bem saber que podemos fazer a diferença na vida das pessoas, que temos o compromisso de uma consciência ética e de mostrar isso à sociedade. Se pararmos por causa de cada pedra no caminho, vamos perder a oportunidade de fazer a diferença na vida das pessoas”, finalizou o secretário de Educação.