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quinta-feira, 03/10/2024
Destaque

Escola da periferia de Praia Grande conquista tricampeonato brasileiro de foguetes

Foguetes são construídos de materiais recicláveis; vencedores já têm bolsa e vaga garantida na faculdade de engenharia e convite para competição internacional

Na última sexta-feira, 27 de setembro, a Escola Estadual Professora Vilma Catharina Mosca Leone, localizada na periferia da cidade de Praia Grande, na Baixada Santista, celebrou um feito histórico ao vencer pela terceira vez a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG). Este ano, a conquista veio acompanhada de um recorde nacional: a equipe atingiu a maior marca já registrada em 27 anos de competição, com o lançamento de um foguete a uma distância de 560 metros.

A Mostra Brasileira de Foguetes faz parte da Olimpíada Brasileira de Astronomia e  Astronáutica (OBA), que reúne escolas públicas e privadas de todo o Brasil. A final da jornada de foguetes aconteceu na cidade de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. A equipe vencedora, composta pelos alunos Jhonnatha Cristovam de Miranda e Matheus Costa Cerda e pelos professores Josefa Aparecida da Silva, de física, e Danilo Carlos Machado, de química, superou escolas de elite e de universidades públicas, além de institutos federais. O grupo é reconhecido nas competições estaduais, nacionais e internacionais como AeroVilma.

Em um dos lançamentos realizados, o foguete da equipe ultrapassou a marca dos 600 metros. O artefato foi lançado tão longe, que a organização não conseguiu localizá-lo, tornando oficial o lançamento de 560 metros, resultado que estabeleceu o novo recorde brasileiro. Este feito colocou a escola no topo da competição, consolidando-a como tricampeã brasileira e reconhecida por sua excelência em inovação tecnológica no desenvolvimento de foguetes.

O coordenador da OBA e da MOBFOG, o astrônomo e professor João Canalle destaca a participação de estudantes de todo o país na competição. “Todos saem ganhando. Os alunos pela empolgação científica, que levam esse sentimento para os colegas quando retornam à escola. Além disso, os professores aprendem novos métodos e experiências que podem ser compartilhados com os outros estudantes”.

Foguetes ‘sustentáveis’ e reconhecimento internacional

Os foguetes dos estudantes da EE Vilma Catharina são feitos principalmente de garrafas PET e outros materiais recicláveis. Além de promover a conscientização ambiental, o projeto integra a metodologia Steam (na tradução, um acrônimo das palavras ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática),  proporcionando um aprendizado prático e colaborativo entre alunos nestas áreas do conhecimento.

Apesar de competir com escolas particulares e instituições com mais recursos, os estudantes da escola pública mostraram que a determinação e a criatividade podem superar barreiras. “Nós somos uma escola de periferia em Praia Grande, representamos o município e o estado de São Paulo em uma Olimpíada Brasileira e fomos campeões”, celebrou o diretor da unidade, Daniel Carvalho Nhani.

O diretor enfatiza que o feito não é apenas uma vitória escolar, mas de toda a educação pública. “Ganhamos o nosso ‘Campeonato Brasileiro de Futebol’, com um foguete construído com materiais recicláveis. Nossos alunos e professores merecem esse reconhecimento, pois eles superaram todas as dificuldades e se destacaram em uma competição nacional de altíssimo nível. A nossa tecnologia, a tecnologia da escola pública, foi a vencedora”, complementa.

Alunos reconhecidos

Os estudantes da EE Vilma Catharina têm sido reconhecidos para além da MOBFOG. Por conta de seus resultados em competições, Jhonnatha e Matheus já têm sua vaga garantida no curso superior de engenharia com bolsa de estudos na Facens (Centro Universitário Facens). Atualmente, eles estão matriculados na 3ª série do Ensino Médio da escola de Praia Grande.

Três equipes da escola já têm agenda internacional em 2025. Os meninos e meninas cientistas da EE Vilma Catharina foram convidados a participar da Lasc (Latin American Space Challenge, ou Desafio Espacial da América Latina, na tradução), em fevereiro de 2025.

Os alunos Jhonnatha Cristovam de Miranda e Matheus Costa Cerda, seus professores Danilo Carlos Machado e Josefa Aparecida da Silva e a equipe da OBA e MOBFOG. Foto: Clara Sampaio/OBA