Famosa pela atuação do grêmio estudantil, campeonatos esportivos, fanfarras e bailes realizados nos “Anos Dourados”, a tradicional escola da Penha voltará a ser destaque num dos mais antigos bairros da Capital
No último sábado, dia 5, a Secretaria de Estado da Educação e o Banco HSBC assinaram um convênio para a restauração da Escola Estadual Nossa Senhora da Penha. O encontro marcado pela emoção contou com a presença da secretária de Estado da Educação de São Paulo, Maria Lucia Vasconcelos, do presidente do HSBC, Emilson Alonso, e também de ex- alunos, professores e diretores da unidade.
A intervenção será realizada pela Format, a mesma empresa que restaurou a Catedral da Sé, o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro e a Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista, restaurada com o patrocínio do Banco Real. A obra orçada em aproximadamente R$ 4 milhões inclui reparos em toda a estrutura do prédio.
Alunos para sempre
A iniciativa para o restauro partiu de ex- alunos. Saudosistas apaixonados como o presidente do Banco HSBC, que estudou na unidade até 1962. “Depois de muitos anos passei em frente à escola e percebi que havia mudanças na fachada do prédio. A partir daí tive a idéia de recuperá-lo”. De acordo com Emilson Alonso, a unidade é um orgulho para a comunidade da Penha. “Não será apenas uma reforma, vamos resgatar o passado e deixar um bom exemplo para as gerações futuras”, completa.
Para a secretária Maria Lucia Vasconcelos, o restauro é muito significante. “Essa iniciativa é uma ação educativa. Resgata o patrimônio da cidade”. Quando a palavra é “revitalização” o que mais desperta a atenção dos jovens alunos é a recuperação do anfiteatro, considerado por eles o destaque da escola. Segundo Giorgia Nicole Lopes, 16, estudante do 3ª ano do ensino médio, a retomada das atividades artísticas será um fato enriquecedor no processo educacional. “Eu amo teatro, gostaria de apresentar uma peça antes de sair”, diz a estudante.
Patrimônio histórico
O prédio da Escola Estadual Nossa Senhora da Penha também passa por processo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). A solicitação de reconhecimento partiu da Associação de Ex- alunos, Associação Comercial da Penha e da ONG Viva a Penha.
Hoje a rede estadual paulista conta com 150 prédios escolares tombados, construídos entre 1890 e 1920. O prédio da EE Nossa Senhora da Penha faz parte do grupo de escolas construídas no final dos anos 40, início dos anos 50. O projeto arquitetônico de Eduardo Corona foi considerado moderno para a época. A escola foi a primeira do Brasil a ter rampa de acesso para deficientes.
Vestindo a camisa
A arquiteta e ex-aluna Ângela Maria Calábria, 54, que foi ao evento vestida com o “intocável” e antigo uniforme, acha que o tombamento é fundamental para resgatar a memória histórica e arquitetônica. “Temos que lembrar o que esse prédio representou à Penha. O seu idealizador foi até premiado em concurso de arquitetura da época. Esse encontro também serve para incentivar os alunos de hoje a conservar a escola”, conta Ângela.
Um pouco de história
A Escola Estadual Nossa Senhora da Penha foi fundada em nove de dezembro de 1948. Na ocasião contava com 500 alunos. O então Instituto de Educação Estadual da Penha oferecia os ensinos fundamental e médio, magistério e curso de contabilidade.
Nos anos 60, sob a direção do professor Nilo Magalhães Ribeiro, a escola era uma das mais bem equipadas da região. Tinha laboratório de química, sala de história natural, classe especial para surdos e mudos, biblioteca, quadras poliesportivas, anfiteatro e fanfarra, que era o orgulho dos estudantes.
“O Estadual da Penha”, como era conhecido, ganhou troféus e medalhas em várias modalidades esportivas. Uma das mais prestigiadas era o basquete. Muitos de seus ex-alunos são hoje médicos, dentistas, empresários e arquitetos. Atualmente a escola possui 1.998 alunos de ensinos fundamental, médio e supletivo.