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segunda-feira, 24/07/2006
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Escola Estadual ganha nome do ator Raul Cortez

Decisão partiu do governador por meio de decreto assinado na última quarta-feira, dia 19 A trajetória de Raul Cortez, 73 anos, que morreu na última terça-feira, dia 18, sempre esteve […]

Decisão partiu do governador por meio de decreto assinado na última quarta-feira, dia 19

A trajetória de Raul Cortez, 73 anos, que morreu na última terça-feira, dia 18, sempre esteve diretamente ligada ao bairro Santo Amaro, em São Paulo, onde nasceu. Mas será no bairro da Lapa a primeira homenagem prestada a ele. Por decisão do governador Cláudio Lembo, a Escola Estadual da Lapa, localizada na Rua Faustolo sem número, zona oeste da Capital, terá o nome do ator.

O decreto que dá à unidade escolar o nome de Escola Estadual Raul Christiano Machado Pinheiro de Amorim Cortez, nome completo do artista, foi assinado pelo governador nesta quarta-feira, dia 19.

A escola

Criada em 15 de abril de 2002, a Escola Estadual da Lapa, agora batizada com o nome do ator, tem 26 classes e atende quase 2 mil alunos do segundo ciclo do ensino fundamental (5ª a 8ª séries) e também alunos de EJA – Educação de Jovens e Adultos. A unidade possui laboratórios de informática e ciências, e salas de leitura, tv e vídeo.

O artista

“Gosto de fazer e interpretar personagens irreais os marginais, os injustiçados socialmente, meio loucos que não tem o pé numa realidade, uma coisa meio futurista totalmente abstrata; mas pouquíssimas vezes eu pude fazer, mas é muito legal”. A frase mostra bem o estilo arrojado e apaixonado do artista, marca registrada de Raul ao longe dos 56 anos de carreira.

Personagens inesquecíveis

O último trabalho de Raul Cortez foi na minissérie “JK” (Globo) neste ano, mas a lembrança mais presente é do personagem Jeremias Berdinazzi, imigrante italiano ranzinza da novela “O Rei do Gado” (1996-1997).

Cortez ficou famoso na TV em novelas da Rede Globo, a partir dos anos 80, como “Água Viva” (1980), “Baila Comigo” (1981), “Partido Alto”, “Brega & Chique” (1987), “Mandala” (1987-1988), “Rainha da Sucata” (1990), “O Rei do Gado” (1996-1997), “Terra Nostra” (1999-2000) e “Esperança” (2002-2003).

Raul não escondia um carinho especial pelo trabalho dele em “O Rei do Gado”. “ Quando comecei a estudar o papel de Jeremias Berdinazzi, criado com muito carinho pelo Benedito, vinha a todo o momento em minha mente a imagem de meu avô. Ele era uma pessoa muito solitária, fechada e de personalidade forte como a do personagem. Outro detalhe mágico deste personagem era a bengala, pois quando a segurava, começava sentir dor do lado esquerdo e a mancar. O que mais me surpreendeu nele foi o amor a terra, entendendo a simbologia que ela tem para um homem agricultor”, revelou o ator na época.

Abrem-se as cortinas…

“Sempre que eu entro em cena no teatro, me preocupo com o fato de estar pisando pela primeira vez no palco. Se eu vou pelo lado esquerdo, até o final da peça, entro pelo lado esquerdo. E, por favor, não me conte mais nenhuma que eu vou acabar acreditando.”
Superstições à parte, o fato é que a carreira teatral de Raul Cortez sempre foi marcada pelo reconhecimento do talento que tinha. Ele recebeu nada menos que cinco troféus Molière, um dos mais importantes prêmios do meio teatral.

Saudades

O ator deixa duas filhas: Lígia (com a atriz Célia Helena, que faleceu em 97), que lhe deu as netas Vitória e Clara; e Maria (com a promoter Tânia Caldas).

O início

O ator começou sua carreira no teatro e no cinema, nos anos 50. Fez o filme “O Pão Que o Diabo Amassou” (1957), dirigido pela cineasta Maria Basaglia. Outras atuações de destaque foram nos filmes “Lavoura Arcaica” (2001), de Luiz Fernando Carvalho, e “A Grande Arte” (1991), de Walter Salles. Em 2004, brilhou ao lado de Fernanda Montenegro no filme “O Outro Lado da Rua”, de Marcos Bernstein.

Bom humor, sempre!

Uma das histórias mais engraçadas e curiosas sobre a carreira do artista foi contada por ele mesmo em seu site oficial.

“Eu estava fazendo A Grande Arte, de Walter Salles, e recebi um fax da Warner me pedindo material fotográfico. A idéia deles era que eu participasse do filme Passageiro 57. Eu tinha um empresário e pedi para que ele enviasse o material que a Warner tinha pedido. Passado algum tempo, percebi que não fui correspondido ou chamado pela Warner e entrando em contato com meu empresário, fiquei surpreso ao saber que o material não tinha sido enviado, pois ele estava sem dinheiro. Logicamente ele deixou de ser meu empresário. Ainda tenho vontade de trabalhar em Hollywood, quem não gostaria de ganhar em dólar”. Histórias saboradas, saídas da boca do próprio artista. Outras tantas estão no site oficial dele, assim como fotos e outros momentos, disponíveis para quiser matar a saudade: www.raulcortez.com

Nome do artista em bairro tradicional da Cidade

Pode parecer difícil, mas é a Lapa ainda é um dos poucos lugares em que seus moradores se reúnem para bordar e tecer suas histórias. Durante 150 anos, a região ficou conhecida como Emboaçava. Em 1740, o padre Ângelo de Siqueira Ribeiro do Prado doou à Companhia de Jesus a fazenda que possuía no local e onde havia uma capela com uma imagem de Nossa Senhora da Lapa. A única condição era que, uma vez por ano, os jesuítas fossem até lá rezar uma missa para a santa.

O local passou a ser conhecido como “Fazendinha Jesuítica da Lapa” e, logo, simplesmente como “Lapa”. Alguns anos depois, os jesuítas trocaram a Lapa pela área onde hoje está o município de Cubatão, que era de propriedade do Coronel Diogo Pinto do Rego, levando para lá a imagem da santa, que hoje é a padroeira da cidade. Anos mais tarde, a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I, também foi proprietária da Lapa.

A forma atual da Lapa começou a se desenhar no final do século XIX, com os loteamentos que deram origem ao Grão Burgo da Lapa – que abrange a região onde hoje está a Lapa de Baixo – e à Vila Romana. O loteamento realizado pela Companhia City no início do século XX deu origem ao Alto da Lapa.