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quarta-feira, 17/03/2004
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Escola Estadual promove Semana de Poesia

Construir um poderoso instrumento no processo de compreender o mundo e possibilitar o contato com diversas formas e gêneros literários, é a iniciativa da escola estadual Zuleika de Barros, zona […]

Construir um poderoso instrumento no processo de compreender o mundo e possibilitar o contato com diversas formas e gêneros literários, é a iniciativa da escola estadual Zuleika de Barros, zona oeste da capital, com a segunda edição da Semana da Poesia. Os alunos do 2º ano do ensino médio, espalhados pelas 12 salas da escola, terão dedicação quase exclusiva aos textos literários durante o evento que começou nesta terça e vai até sexta.

Os estudantes dividem-se em atividades que vão desde a produção de painéis até a dramatização de poemas. O tema da semana, “Cadê a nossa poesia?”, foi organizado pelo professor René Wagner Pereira de Barros, da disciplina de Português. “O projeto começou tímido e a primeira edição, em 2002, só durou um dia. A idéia agradou aos alunos e, no ano passado, o projeto foi estendido para uma semana. A idéia surgiu nas aulas de Literatura para valorizar esse gênero de poesia que não era tão explorado nas aulas do ensino médio”, declarou o coordenador.

O objetivo do projeto é despertar o aluno para o texto poético e quebrar alguns tabus dentro da perspectiva literária criando um espaço para aprender e ampliar a visão dos alunos. A grande novidade este ano foi a inserção de um sarau gótico que funciona na entrada da escola. Um grupo de alunos mistura poesia gótica e música e faz as apresentações na entrada dos estudantes. A poesia gótica é considerada o mal do século, assim como foi o romantismo na literatura. É uma poesia mais introspectiva e faz parte da realidade atual dos jovens. De acordo com o coordenador, eles criam em cima do tema e o resultado é positivo. Os alunos utilizaram autores como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Aluízio Azevedo, Castro Alves, entre outros, para a exposição na Semana da Poesia.

Outro ponto alto do evento é a dramatização itinerante. Apresentações com cinco minutos de duração no máximo em que os alunos vão passando pelas salas de aula, inclusive pela sala dos professores. O projeto não envolve nota, o que não tirou o estímulo de todos. A dramatização itinerante ocorre durante o período da aula e as apresentações na sala dos professores são sempre de surpresa. As atividades que incluem texto poético, música e painéis estão expostas pelos espaços da escola, corredores e próximo à biblioteca.

É a primeira vez que a estudante Gláucia Graziela Souza de Andrade de Souza, 16 anos, 2º ano do ensino médio, participa. O grupo do qual a aluna faz parte utilizou o texto do autor Augusto dos Anjos para a encenação. O trecho do texto que mais chamou a atenção da aluna foi: “Mas tu não vieste ver minha desgraça e eu saio como que tudo repele. Velho caixão a carregar destroços…”. “Esse foi o verso que eu mais gostei. A Semana da Poesia é boa porque estou interagindo com outros alunos e conhecendo melhor os autores. Antes eu achava que poesia todo mundo sabia escrever, que era tudo igual, só falava de amores impossíveis. Agora eu descobri a poesia”, relata Gláucia.

E como disse Fernando Pessoa: “Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade”.

Luciane Salles