Alunos terão oito horas de aula e três refeições/dia, a partir de 2006
Enquanto 80% das crianças do Brasil ficam menos de três horas na escola, o Estado de São Paulo sai na frente e lança o Projeto Escola de Tempo Integral, oferecendo oito horas de aula para os alunos do Ensino Fundamental. O projeto foi anunciado hoje, dia 8, pelo governador Geraldo Alckmin e pelo secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita (foto à esquerda), durante videoconferência na Escola Estadual Maestro Fabiano Lozano. O programa deve começar no início de 2006 e vai atender inicialmente 140 escolas, podendo chegar a 170, que oferecerão dois períodos de ensino. Os alunos receberão três refeições diárias (lanche, almoço e lanche).
Ao apresentar o Escola de Tempo Integral, o secretário Gabriel Chalita ressaltou que o Governo do Estado dá mais um passo decisivo para a melhoria da qualidade do ensino. “Estamos investindo no que é essencial, que é o ser humano. Ao estender o tempo de permanência na escola, tirando a criança da rua ou da frente da televisão, mostramos a ela a escola acolhedora, colocando-a em contato com outras possibilidades de conhecimento, de integração e do empreendedorismo social ”.
São Paulo no ritmo da mudança
Para o governador Geraldo Alckmin, “o nosso tempo se caracteriza pela mudança e pela velocidade com que essas mudanças se processam. É fundamental que também o conhecimento acompanhe esse ritmo e São Paulo já deu mostras de caminhar a passos firmes nesse sentido. Sabemos que esta é uma longa caminhada, mas estamos de mãos dadas com a sociedade civil, ouvindo-a para acertar mais e investindo no tripé fundamental: capacitação de professores, integração escola e comunidade e mais tempo do aluno na escola”.
A pró-reitora de Graduação da Universidade de São Paulo, Sônia Penin, chamou a atenção para “este momento de reflexão na história da educação brasileira, quando São Paulo indica o caminho ampliando o tempo de estudo. O conhecimento é o maior bem para todas as famílias e também para o desenvolvimento sustentável do País, e esta iniciativa certamente fará a diferença desde já para as próximas décadas. Mais tempo de aprendizagem faz diferença para muitos sonhos se realizarem na sociedade brasileira”, anunciou a educadora.
O que se pretende
Além de garantir mais tempo de aula, o Projeto Escola de Tempo Integral quer assistir integralmente o aluno em suas necessidades básicas e educacionais, reforçando o aproveitamento escolar, a auto-estima e o sentimento de pertencimento, um princípio que vem dando excelentes resultados no Programa Escola da Família. Com esse foco, a escola se firma como um espaço de socialização, onde o aluno pode experimentar uma vivência coletiva e desenvolver habilidades segundo suas tendências e aspirações.
Das atividades sugeridas para o currículo da Escola de Tempo Integral, destacam-se aquelas de orientação de estudos, como Leitura e Escrita, Hora da Leitura, Resolução de Problemas Matemáticos, Orientação em Pesquisa, Práticas nas salas de Informática e de Ciências Físicas e Biológicas. As atividades desportivas vão privilegiar esportes e atletismo, incluindo jogos de xadrez e damas, enquanto no campo artístico e cultural entrarão atividades de artes cênicas, visuais, dança, música e pintura. O programa prevê disciplinas de integração social, educação ambiental, Ética e Filosofia.
Critérios para adesão
Antes de implantar o projeto, as escolas terão que manifestar seu interesse em participar e terão o período de 12 a 20 de dezembro para fazer a inscrição, nas suas respectivas diretorias de ensino. O secretário Gabriel Chalita lembrou que é importante ouvir a comunidade quanto ao seu interesse pela Escola de Tempo Integral. “As escolas deverão reunir-se com os pais para saber o que pensam sobre o projeto. Depois, dentro daquele período, cada escola vai optar, porque não estamos impondo mais horas de aulas, mas propondo. Esse diálogo é fundamental, assim como fizemos no Escola da Família e na ampliação do currículo”.
Para aderir ao projeto, as escolas deverão, além da anuência da comunidade, contar com espaço físico compatível com o número de alunos e salas de aula para funcionamento da escola em período integral. As unidades de ensino que precisarem adequar seus espaços físicos levarão mais tempo para aderir ao projeto, o que poderá acontecer em meados de 2006. Ainda conforme adiantou Gabriel Chalita, “as escolas onde o projeto for implantado serão escolas pólo, onde outros diretores irão conhecer a dinâmica de ensino e avaliar sua aplicação”. O investimento previsto está na ordem de R$ 13 milhões para um grupo de 100 escolas, incluindo o pagamento dos salários dos educadores e alimentação das crianças, que passam a receber três refeições/dia.
Cronograma para o Projeto Escola de Tempo Integral
12 a 20/12/05 – inscrições das unidades de ensino interessadas no Projeto Escola de Tempo Integral.
Até 27/12/05 – análise das condições das escolas inscritas pelas Diretorias de Ensino e Coordenadorias de Ensino do Interior e da Capital e Grande São Paulo e definição das escolas onde o projeto será implantado.
Até 29/12/05 – divulgação das escolas definidas para implementação do Projeto Escola de Tempo Integral.
1ª semana de Janeiro/2006 – reunião da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) com os dirigentes regionais de ensino, para oferecer subsídios para que as escolas elaborem seu projeto pedagógico.
1ª semana de Janeiro/2006 – reunião dos dirigentes regionais de ensino com os diretores das escolas envolvidas no Projeto Escola de Tempo Integral, para a construção do projeto pedagógico da Escola de Tempo Integral.