• Siga-nos em nossas redes sociais:
segunda-feira, 19/03/2018
Escola da Família

#EscolaDaFamília: dança é ferramenta de transformação social

Criado por voluntário em 2012 na E.E. Afonso Moreno, grupo Arte de Rua atende cerca de 27 pessoas entre crianças, jovens e adultos

Transformar o ambiente em que vivemos não é uma tarefa muito fácil, mas fazer o que se ama torna esse objetivo um alvo um pouco mais acessível. E é exatamente assim que o voluntário e ex-aluno da rede Carlos Dantas transforma a vida da comunidade em torno da Escola Estadual Afonso Moreno, de Francisco Morato, e a sua própria: com o amor pela dança.

“Levante-me e segure-me gentilmente. Levante-me e segure-me bem alto. Através das noites nas trevas, virá o dia em que voaremos e, embora tenhamos sido rejeitados, encontraremos um novo amanhã, onde poderemos finalmente descansar”.

O trecho clássico do filme musical Billy Elliot, do diretor Stephen Daldry, diz muito sobre a trajetória do voluntário. Não há nada no mundo, além da dança, que os dois pudessem fazer.

Soube Daldry, sentiu na pele Carlos.

Descobriu aos 9 anos que tinha talento para a dança e, rejeitado pelo pai por suas escolhas, encontrou em cada compasso a sua válvula de escape. “Não foi fácil, nem para mim, aceitar que foi para isso que nasci”, lembrou.

“Era difícil vê-lo sofrendo preconceitos dentro de casa, mas é incrivelmente gratificante ver que ele superou tudo isso e que, hoje, canalizou toda a sua dor para ajudar o próximo”, completou o voluntário e amigo de Carlos, Eduardo Campos.

E é verdade. Tristeza produz dor, mas também produz arte, produz música, produz dança. De seus 26 anos, seis deles dedica ao projeto voluntário “Arte de Rua”. Aos finais de semana, cerca de 27 alunos, de 10 a 27 anos, se reúnem para rodas de conversas e ensaios, que incluem ritmos variados como street dance, hip hop, jazz contemporâneo, pop e rock.

“Estamos inseridos em um contexto de periferia e sabemos que a rua oferece muita coisa ruim. Se a gente consegue aproximar crianças, jovens e até os adultos de alguma atividade artística, podemos transformar a vida delas e as nossas também”, acrescentou.

A aluna Maria Eduarda de Souza, de 14 anos, confirmou. “Mudou muitas coisas na minha vida pessoal. A ligação do grupo é muito forte, então um acaba ajudando o outro de uma forma que é incrível. Eu posso estar com problemas pessoais, mas quando estou lá expresso meu sentimento na dança, e isso me ajudou bastante e mudou muitas coisas. A amizade do grupo é muito importante”, disse.

Além da transformação social, a dança oferece muitos outros benefícios para o corpo e para a mente, especialmente ao que tange aspectos de concentração, memória, ritmo, noção de espaço e coordenação motora. A vice-diretora do Programa Escola da Família, Maria Aglais Lins de Carvalho, afirma que as vantagens do projeto vão além. “Eu sinto que os alunos se tornam mais comprometidos, mais responsáveis com horário, com frequência das aulas. Estes são valores que a dança passa para eles”, disse.

Os voluntários explicam que o grupo é dividido em dois turnos, de alunos iniciantes e nível avançado, para facilitar o processo de aprendizagem. E que, além dos ensaios, eles são convidados para se apresentar em aberturas de eventos pela região.

Laços

Atualmente, os voluntários e alunos estão trabalhando na composição do espetáculo que tem a essência do projeto. “Laços” vai transmitir a vida e história de cada um dos integrantes e mostrar que por trás de uma tristeza ou fraqueza, sempre há um sentimento bom a ser aflorado. “Queremos mostrar que a mudança pode acontecer, com pequenas atitudes”, disse Eduardo.

Recentemente, parte do grupo integrou a gravação do videoclipe “Questions”, coreografado por Eduardo e coparticipação de Carlos, que pode ser assistido aqui.