Combater os casos de bullying, preconceito e racismo nas escolas da rede. Esse é objetivo do Sistema de Proteção Escolar adotado pela Educação desde 2009. A medida visa capacitar professores e distribuir materiais sobre as temáticas.
O sistema articula um conjunto de ações que visam disseminar práticas voltadas à prevenção de conflitos no ambiente escolar, à integração entre escola e a rede social de garantia dos direitos da criança e do adolescente e à proteção da comunidade escolar e do patrimônio público.
A Educação iniciou a qualificação de professores mediadores para o acompanhamento de atividades restaurativas e de promoção à cultura de paz na rede estadual de ensino, além de incentivar o debate entre os estudantes. Dessa forma, surgiram diversas ações nas 91 Diretorias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo.
O programa “Se Liga”, da escola Professor José Augusto de Oliveira, localizada em Ourinhos, tem o objetivo de reduzir as ocorrências de bullying, desrespeito, preconceito e racismo no ambiente escolar. “Fazemos reuniões com a diretora Djanira Arantes a cada 15 dias e em um dos encontros foram apontados, pelos líderes de turma, discriminações que ocorriam nas salas. Com isso, surgiu a ideia de criar estratégias para incentivar o respeito ao próximo”, conta a líder de turma Kaendra Carrero Marques, da 3ª série do Ensino Médio.
Os alunos compartilham relatos com os colegas durante rodas e conversa com mediação de conflitos. Depois disso, eles conversam sobre quais melhorias podem ser adotadas dentro e fora da sala de aula. O projeto envolve seis turmas do 6º ao 8º ano.
Na escola Professora Maria Aparecida Sales Manreza”, em Pedregulho, o “Projeto da Paz” é uma ação desenvolvida pelo professor Paulo César de Oliveira Maestri.
Após um levantamento de divergências que aconteciam na escola, os alunos procuravam soluções. “Em uma parceria entre o Grêmio Estudantil e o Programa ‘Escola da Família’, decidimos criar a iniciativa que, por meio do diálogo, visa encontrar soluções para amenizar problemas de convivência”, explica o docente de Geografia.
Com isso, os alunos têm a chance de contar suas experiencias, o que os incomoda e outras situações observadas no âmbito escolar. “Num dos casos que mediamos, um dos colegas percebeu a forma como os colegas cadeirantes eram tratadas pelos demais e relatou o fato aos professores e aos responsáveis pelo Grêmio. O assunto foi abordado e transformamos a convivência entre eles em algo mais agradável”, fala o educador.
Os jovens da escola Jornalista David Nasser criaram uma peça teatral sobre as consequências do preconceito e da falta de respeito ao próximo com o objetivo de combater o bullying na escola.
A apresentação narra a história de Giovana, aluna alvo de colegas de sala por não estar dentro dos “padrões” estipulados pelo grupo. As meninas agridem a protagonista com ataques verbais e não-verbais.
O Professor mediador Victor Moraes Filho conta que cerca de 50 alunos pesquisaram o tema. “Além de diminuir os casos de bullying na própria escola, ela ajuda outros estudantes a compreenderem melhor como funciona o universo de uma criança oprimida”, destaca o docente.
A professora da escola Joaquim Abarca, Sandra Regina Garcia de Lima, percebeu que alunos que tímidos e/ou possuem problemas em casa e não conseguem expor seus sentimentos. E foi assim que surgiu o projeto “Bullying: Aqui não”. O trabalho desenvolve debates, análise e discussão de textos e filmes, com o objetivo de reduzir ocorrências na unidade.
“Nota-se que os casos de bullying diminuíram bastante, principalmente entre alunos do 6º ao 8º ano. Com estas turmas são realizados, em sala de aula, exercícios práticos e análise de textos sobre o tema. Já com as classes de 9º ano e do Ensino Médio, são feitas dinâmicas, como jogos e rodas de conversa”, afirma Sandra.
Mediação de conflitos na rede estadual
Mais de 52 mil profissionais da Educação passaram por formações oferecidas pela EFAP (Escola de Formação e Aprimoramento dos Professores) com as temáticas: “Mediação de Conflitos” e “Cultura de Paz”, até 2017.
O Estado de São Paulo está ampliando o programa de Mediação Escolar para reduzir ainda mais as estatísticas. Assim, as mais de cinco mil unidades de ensino terão, a partir deste ano, ao menos um professor mediador. E em 1,7 mil destas unidades haverá um segundo docente com o mesmo objetivo, no caso, o vice-diretor.