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segunda-feira, 02/05/2011
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Escolas urbana e indígena realizam intercâmbio cultural

?Estudantes de escolas estaduais de Poá e Bertioga estão se correspondendo por cartas e se conhecerão em breve Os alunos das quartas séries da Escola Estadual Professor Elias Zugaib, localizada […]

?Estudantes de escolas estaduais de Poá e Bertioga estão se correspondendo por cartas e se conhecerão em breve

Os alunos das quartas séries da Escola Estadual Professor Elias Zugaib, localizada em Poá, e da Escola Estadual Indígena Txeru Ba´é Kuaio-é, situada em Bertioga, estão se correspondendo por cartas. A professora de artes Wal Volk observou que os estudantes da unidade de ensino do interior de São Paulo tinham uma visão distorcida sobre os indígenas. “Eles achavam que os índios eram seres folclóricos ou distantes, que só viviam na Amazônia”, conta.

A partir disso, ela teve a ideia de promover a interação entre as culturas urbana e a indígena. A docente procurou os dirigentes da escola de Bertioga, de etnia guarani, e, em conjunto, criaram o projeto “Djadjo Kueroayvu Porã – Belo Diálogo Entre Culturas”.

O intercâmbio cultural começou efetivamente em 13 de abril, com a presença em Poá das lideranças indígenas da aldeia do Ribeirão Silveira. As professoras do Ciclo I (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental) participaram do encontro para conhecer mais a cultura e o cotidiano dos índios. Segundo a coordenadora do projeto, as docentes discutiram temas como hábitos, arte, política, religiosidade e consciência ecológica.

Na sequência, as professoras desenvolveram com os alunos das segundas e terceiras séries atividades como construção de chocalhos, grafismo indígena (pintura em papel e no corpo) e audição e dança da música guarani em sala de aula e promoveram o contato entre os 89 juruás (crianças brancas) e os 38 kelingues (crianças indígenas) das quartas séries por meio de cartas.

“As crianças estão bastante curiosas e fazem todo tipo de perguntas”, afirma a professora Wal Volk. Os alunos de Poá perguntaram aos índios se eles usam roupas e se têm acesso à internet, entre diversas outras dúvidas.

O próximo passo será apresentar os alunos de Poá aos estudantes indígenas: uma visita à Terra Indígena Ribeirão Silveira está marcada para o dia 17 de maio. “As crianças visitarão o templo de oração da aldeia e a oca central, conhecerão o artesanato da aldeia e até uma cachoeira próxima ao local”, relata a professora Wal.

No dia 20 de maio o papel se inverterá, e será a vez da Escola Estadual Elias Zugaib receber o grupo indígena. “A ideia é mostrar aos índios a nossa cultura urbana”, conta.

Educação Indígena

A Educação Escolar Indígena é uma modalidade de ensino bilíngue e intercultural, voltada aos povos indígenas, promovida pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Visa recuperar as memórias históricas indígenas, reafirmar suas identidades étnicas e valorizar línguas e ciências.

Dentre os 4,5 milhões de alunos da rede estadual, cerca de 1.300 são descendentes de povos indígenas. Eles estudam nas 32 escolas indígenas oferecidas em todo o Estado e contam com material didático especial, produzido por professores formados pelo Magistério Intercultural Superior Indígena da USP. O material é bilíngue e diferenciado para cada uma das cinco etnias, com objetivo de facilitar a alfabetização tanto na língua materna quanto na língua portuguesa.

No final de 2010, a Secretaria de Educação enviou a todas as escolas indígenas da rede estadual 50,5 mil livros bilíngues. A distribuição foi feita em kits, contendo livros didáticos e narrativas da cultura indígena, além de jogos educativos e dicionários.