Com o objetivo de motivar grandes empresas nacionais a participarem do Programa Extraordinário de Fomento ao Cinema Paulista, o governador Geraldo Alckmin recebeu em café da manhã um grupo de executivos, nesta quarta-feira, dia 17, no Palácio dos Bandeirantes. No encontro, os empresários assistiram a trechos de alguns filmes produzidos entre os anos de 2002 e 2004 por cineastas de São Paulo e foram informados do número de espectadores de cada um.
“Mostramos aos empresários a importância da indústria do cinema paulista e, depois, a Lei do Audiovisual”, explicou o governador. Por essa lei, as companhias podem adquirir Certificados de Investimento do Audiovisual até o valor de 3% do imposto de renda que têm a pagar à Receita Federal. O valor investido na compra desses certificados, exclusivos para o financiamento do cinema, tem 100% de dedução fiscal.
Outro aspecto destacado para atrair o investimento privado é o retorno em termos de marketing institucional, já que a empresa patrocinadora pode inserir seu logotipo nos filmes, associando o nome à produção.
O Estado deverá contribuir com o cinema paulista, investindo cerca de R$ 4 milhões nas produções previstas para 2006, através de empresas estatais como a Sabesp, Imprensa Oficial do Estado e o Banco Nossa Caixa, utilizando a Lei do Audiovisual. “Queremos mais recursos, além do proveniente das estatais paulistas. Já tínhamos um bom parceiro, que é o Grupo Santander. Há vários anos, o Banespa tem a tradição de promover a indústria do cinema. Agora, nós expandimos para 20 setores da atividade econômica poder participar”, afirmou Alckmin. Ele explicou que a iniciativa privada pode optar pelo patrocínio individual ou por formação de consórcio de empresas, utilizando-se das leis federais de incentivo fiscal. “Com isso, esses R$ 4 milhões nossos podem se multiplicar, porque o Governo não tem como financiar tudo”, destacou.
“À iniciativa privada compete apoiar a cultura do País e, no Brasil, não há dúvida de que o cinema é uma das manifestações culturais mais importantes”, afirmou o vice-presidente do Grupo Santander, Marcos Madureira. Para ele, o cinema é muito interessante do ponto de vista do marketing institucional, por isso, o grupo manteve a política de incentivos ao cinema do Banespa, após adquirir o banco em leilão de privatização, no fim do ano 2000.
O vice-presidente do Santander informou que o Grupo vai direcionar ao cinema paulista, este ano, 100% dos recursos que dispõe, de acordo com a lei. “É o reconhecimento pela qualidade e pelo talento dos cineastas paulistas. É o reconhecimento pela qualidade e competência do Governo paulista, que está fazendo do Programa Extraordinário de Fomento ao Cinema Paulista um programa de sucesso”, ressaltou Madureira.
O governador destacou que, no ano passado, o Brasil contou com 100 milhões de espectadores nos cinemas. “Há poucos anos, filme nacional era assistido por 7% do público brasileiro. No ano passado, 23%. Triplicamos a presença de espectadores do cinema nos nossos filmes”, disse. Para ele, isso se deu graças ao salto de qualidade da indústria cinematográfica brasileira, que produz filmes que nada deixam a desejar a produções de outros países.
A secretária estadual da Cultura, Claudia Costin, enfatizou que o cinema brasileiro é, atualmente, um bom negócio. Para ela, assistir a filmes nacionais já foi incorporado como programa de lazer entre os habitantes de grandes e médias cidades paulistas.
O Programa de Fomento ao Cinema Paulista prevê, para o triênio 2004-2006, a produção de 50 longas-metragens, a finalização de mais 35 e o apoio à comercialização de outros 35. Todos escolhidos em concursos públicos semestrais, selecionados por comissões formadas por profissionais de reconhecido mérito.
“Estamos propondo a empresários de vários setores da economia de São Paulo que utilizem a Lei do Audiovisual, que permite o abatimento de 100% do Imposto de Renda até 3% do que a empresa tem a pagar, e estimulem um setor que é importante para a cultura brasileira, que é entretenimento, e que, ao mesmo tempo, é negócio. É um bom marketing associar bons filmes à imagem da empresa. Além disso, a indústria do cinema gera muito emprego, muita renda. A receptividade foi boa. Nós já tivemos, no ano passado, uma parceria, mas foi pequena e acho que ela poderá crescer bastante a partir desse encontro”, enfatizou o governador.
Toni Venturi, membro do Conselho Paulista de Cinema, destacou que a intenção é construir uma relação de longo prazo com a iniciativa privada. “Queremos mudar a cara do cinema paulista, mudar de patamar rumo a uma política industrial que, em poucos anos, irá colocar o cinema paulista na ponta da produção cinematográfica brasileira”, afirmou.
O presidente da Credicard, Roberto Lima, classificou como “muito positiva” a iniciativa do Estado em buscar a iniciativa privada para patrocinar o cinema paulista. Na opinião de Lima, o programa do Governo facilita a participação de empresas que não conhecem a parte administrativa de como patrocinar o cinema. “É um estímulo à cultura nacional. Todas as empresas querem ver suas marcas associadas a iniciativas desse tipo. Outra coisa que nos interessou muito foi, não só tomar conhecimento do Programa de Fomento, mas também do programa da distribuição de cinema, através do Escola da Família na rede pública escolar do Estado de São Paulo, onde estudantes e familiares são convidados a assistir e prestigiar o cinema nacional. O Governo está de parabéns e vamos procurar apoiar”, finalizou.
Cinema nacional na Escola
Durante o encontro, os executivos também puderam conhecer o programa Cinema na Escola, que oferece uma seção de cinema nacional gratuita todo domingo, às 14 horas, nas 3.500 escolas que abrem as portas nos fins de semana pelo programa Escola da Família. O mesmo filme é transmitido, via satélite, para todas as escolas do Estado que participam do programa. O primeiro, apresentado há 15 dias, foi Central do Brasil. No domingo passado, os estudantes puderam assistir ao filme Tainá. O programa conta com a parceria da Organização Não-Governamental Cine & Magia.
Claudia Costin, relatou que em pesquisa realizada recentemente por sua pasta nos municípios com mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi verificado que, entre os jovens de 15 a 25 anos, o cinema é a área cultural de que mais gostam. “Ir ao cinema faz parte dos sonhos não só dos jovens desses municípios mais pobres, mas de todos os jovens”, disse.
Também participaram do encontro os secretários da Educação, Gabriel Chalita; e da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles.
Cíntia Cury