Muito mais que habilidade artística manual, o grafite é uma verdadeira ferramenta de transformação e conscientização social. É assim que educadores e alunos da E. E. Alberto Cardoso de Melo Neto, zona norte de São Paulo, enxergam a oficina de grafite ministrada na unidade há 4 anos – hoje realizada por meio de uma parceria com a Fundação Gol de Letra. “A princípio, nosso objetivo era diminuir a pichação na escola. Tínhamos uma quantidade enorme de material que era gasto para pintar os muros”, lembra a coordenadora Thelma Mendonça Costa. “Agora, vemos que também é uma oportunidade de tirar esse aluno da rua, da marginalidade e das drogas. A partir do momento que ele está aqui dentro, ele tem outro foco”, comemora.
Uma vez por semana, cerca de 20 jovens do Ensino Médio da E.E. Alberto Cardoso de Melo Neto se reúne para aprender as técnicas e a história do grafite. E mais: a importância do trabalho em equipe, do respeito ao próximo e do poder de mudança adquirido através da arte. “O grafite tem justamente a missão de promover a cultura de paz”, afirma o educador social da Fundação Gol de Letra, “Dingos” del Barco. “Ele ainda dá a condição desse aluno trabalhar a autonomia e compartilhar, não só o material, mas as experiências. Eu acredito muito nisso”, conclui o educador.
A estratégia de ensinar o ofício sem deixar de lado a questão social tem surtido bons resultados. O aluno do Ensino Médio, Vanderlei Cardoso Junior, está na oficina desde o início do projeto e já sente uma mudança de comportamento. “Quando você está no grafite, é possível ver que o mundo não é do jeito que você vê”, explica. “Tem muito preconceito e no grafite é possível quebrar tudo isso. Você passa a enxergar o mundo sem maquiagem”.