Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (Projeto Quixote do Departamento de Psiquiatria) e técnicos da Febem estão desenvolvendo um projeto de pesquisa para obter informações consolidadas sobre a seguinte questão: os adolescentes que passaram por uma medida de privação de liberdade estariam sujeitos a maior risco de piores evoluções, que incluem reincidência e nova internação, caso não haja um trabalho comunitário dedicado à sua reintegração após a desinternação. O projeto, que será desenvolvido com a Universidade McMaster do Canadá, obteve aprovação técnica e financiamento da agência CIDA (Canadian International Development Agency). A pesquisa parte do pressuposto de que jovens em conflito com a lei representam um grupo com necessidades especiais de proteção. O início dos trabalhos será marcado pela assinatura de termo de cooperação técnica entre a UNIFESP e a Febem, neste dia 08 de setembro, às 16h, na Reitoria da UNIFESP (Rua Botucatu, 740 – 5ºandar – Vila Clementino).
JUSTIFICATIVA PARA A PESQUISA
São muitas as preocupações a respeito dos jovens em conflito com a lei no Brasil, particularmente em São Paulo. Existem relatos sobre o aumento do número de internações e sobre as altas taxas de óbitos de jovens que deixaram unidades de internação. Infelizmente, pouco é conhecido sobre os motivos que levam a piores evoluções entre jovens nessa situação e que mudanças são necessárias para melhorar o curso da vida desses adolescentes.
AMOSTRA E APLICAÇÃO
Será pesquisa inicialmente uma amostra de 160 jovens (130 do sexo masculino e 30 do sexo feminino) com idade entre 12 e 17 anos, estratificados conforme idade, severidade do delito e reincidência. Em seguida a pesquisa estudará 16 adolescentes do sexo feminino e 32 adolescentes do sexo masculino, pareados segundo gestação anteriores, reincidência em ato infracional, uso de drogas e envolvimento com tráfico. Embora alguns dos fatores possivelmente associados a pior evolução sejam muito difíceis de modificar (fatores como estruturação e renda familiar), outros, como vínculos com instituições da rede de assistência social, programas de treinamento para trabalho e tratamento para usuários de drogas podem ser alterados por meio de políticas que priorizem esse grupo vulnerável de jovens. O estudo dos fatores de risco pode ajudar a identificar jovens com necessidade de assistência mais intensa e orientar um planejamento racional que melhorará a evolução desses adolescentes. Este projeto terá seu foco na coleta sistemática de dados sobre esses fatores potencialmente modificáveis, os quais serão identificados através da experiência real com jovens liberados de unidades de internação, permitindo a formulação de recomendações baseadas em evidências.
DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
Ao final da pesquisa a UNIFESP e a Febem organizarão um workshop e uma conferência para resumir os resultados, discutir as recomendações finais e começar a disseminação do trabalho. A intenção é preparar materiais impressos e audiovisuais para divulgação dos achados da pesquisa e as recomendações para programas e políticas, incluindo relatórios técnicos e um vídeo produzido por jovens em situação de risco e pela equipe do Projeto Quixote, apresentando a vida dos jovens pela música, dança e narrativa. Vários grupos serão atingidos por esses esforços de divulgação incluindo equipe e gestores da Febem e outras secretarias de governo, organizações de defesa dos direitos, grupos que atuam junto a adolescentes em situação de risco, desenvolvimento infanto-juvenil e direitos das crianças e a população em geral. Serão buscadas oportunidades para disseminação deste estudo fora do Brasil.
SERVIÇO
Assinatura de termo de cooperação técnica
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e Febem
Pesquisa Fatores de risco, evoluções e desfechos observados em jovens
liberados das unidades de internação da Febem
Data: 08/09/2003 – às 16 horas
Local: Reitoria da UNIFESP
(Rua Botucatu, 740, 5º andar – Vila Clementino)
