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quarta-feira, 21/02/2018
A Escola Que Queremos

Confira os 30 finalistas da Feira de Ciências da Educação

Os selecionados têm até a próxima sexta-feira (23) para finalizarem a próxima etapa

Você já imaginou viver em uma casa construída com telhas feitas do bagaço de laranjas? Ou então comprar um talco desenvolvido a partir do açafrão e da hortelã? Pois bem, esses são dois dos 30 projetos selecionados para participarem da etapa final da 5ª edição da FeCEESP, Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo. Agora, os selecionados têm até a próxima sexta-feira (23) para agendar as orientações individuais dos projetos, conforme cronograma estabelecido em edital.

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Pensando em alternativas sustentáveis e de baixo custo, estudantes do Ensino Médio da E. E. Prof. Gabriel Pozzi, em Limeira, desenvolveram um protótipo utilizando o material orgânico. O projeto inovador foi tão bem-recebido que as alunas ganharam a chance de visitar a Exporecerca Jove, em Barcelona.

Na região conhecida pela indústria do suco de laranja, Larissa Souza Galvão e Mariana Oliveira Silva escolheram o bagaço da fruta como matéria-prima. Com o apoio da USP São Carlos, elas desenvolveram um método de reaproveitamento e com baixo custo. Além de reduzir os impactos ambientais, o objetivo das adolescentes é utilizar o material em moradias de famílias de baixa renda tanto na confecção de telhas, como de divisórias e portas.

“A gente percebe o entusiasmo da comunidade. Muitos vieram perguntar sobre o projeto, após verem matéria no jornal da cidade. A procura por vagas aumentou na escola. Até pais de alunos de escolas particulares demonstraram interesse em transferirem seus filhos para os nossos cuidados”, relata a diretora da E.E. Professor Gabriel Pozzi, Ana Marcia de Pauli Paglioni.

As inventoras agora se preparam para as etapas finais de duas importantes feiras científicas no país, a Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo (FeCEESP) e a FEBRACE (a maior feira brasileira de Ciências e Engenharia).  O projeto ainda vai atravessar o oceano e chegar à Espanha, onde Larissa e Mariana participarão da Exporecerca Jove, em Barcelona, como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

“É um orgulho, uma satisfação imensa. A batalha é diária. Elas idealizaram, mas foi uma grande parceria, onde todos que puderam ajudaram. E a gente acompanhava cada passo, foi muito gostoso poder fazer parte desse projeto. Na hora que saiu o resultado da Espanha foi especial, pois são alunas que nunca saíram do Estado de São Paulo. E isso é enriquecedor não só para o currículo, mas para a vida delas”, conclui a diretora Ana Marcia.

Além da telha ecológica, outros 29 projetos foram classificados para a etapa final da feira estadual: 9 na categoria Júnior e 21 na categoria Master. Agora, os projetos receberão orientações da Equipe Técnica da Secretaria e participarão de uma nova Banca Avaliadora que decidirá os 6 ganhadores. A Feira busca estimular a iniciação científica e projetos nas áreas de ciências da natureza, tecnologia, empreendedorismo e extensão social.

Projetos juniores

Jovens cientistas do Ensino Fundamental também mostraram o seu talento na categoria Junior. Na E.E. Afonso Cáfaro, em Fernandópolis, os estudantes de 12 a 13 anos viram no meio-ambiente uma forma de enfrentar problemas diários. Com orientação da professora de Língua Portuguesa, as crianças encontraram a solução para um problema que incomodava, e muito, dentro das salas de aula da escola de ensino integral: o chulé.

A nomenclatura que o projeto recebeu é bastante complicada, sendo “Estudo da Ação da Mentavilosa e da Curcuma longa no combate à Dromidose Plantar”. Mas a professora Cristiane Pinheiro logo trata de explicar. “Mentavilosa é a hortelã, Curcuma longa é o açafrão e a Dromidose Plantar é o famoso chulé. Nós fizemos questão de trabalhar o nome científico, ao invés do popular, para que os alunos aprendessem a tratar seus experimentos dessa maneira”, explica a orientadora.

De primeiro momento, os alunos e as alunas não pensaram no produto final. Fizeram estudos das plantas e extraíram o que cada uma oferece. Após todo o processo de manuseio é que encontraram no talco a solução para o problema do mal cheiro.

“É bem legal, pois a gente acaba aprendendo com o projeto, na prática.  E é bom aprender coisas novas. Eu acho que tudo pra gente é experiência, e foi algo grande pra mim”, declara a pequena Shamyra Abadia Zanzea Curã, aluna da E.E. Afonso Cáfaro, de apenas 12 anos de idade.

Seu colega de escola, o aluno Igor Lopes de Lucca, também de 12 anos, vai além. “Eu me senti um cientista. A gente chegou lá [nas feiras de Ciências em que participaram] e os avaliadores fizeram um monte de perguntas. Nós respondemos todas”, conta orgulhoso do resultado.

O “Estudo da Ação da Mentavilosa e da Curcuma longa no combate à Dromidose Plantar” foi apresentado primeiramente na feira de ciências da própria unidade escolar. Posteriormente, os alunos levaram a pesquisa para uma feira organizada pela própria escola, mas que conta com a participação de estudantes de todas as escolas da cidade de Fernandópolis, entre estaduais, municipais e particulares. Foi então que receberam o convite para participarem da feira MostraTec Júnior, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, de proporção internacional. Agora, os jovens cientistas se preparam para ir até a Argentina, onde devem participar do “Foro de Ciencias y Civilización”, no segundo semestre de 2018.

“É fantástico. Primeiro pelo protagonismo que eles apresentaram na pesquisa. Com isso, melhoram na sala de aula, pois foi um trabalho interdisciplinar”, explica a professora Cristiane. Ao falar sobre a evolução dos estudantes, Cristiane relata que “o olhar deles é de espanto, dizem ‘nossa, realmente dá certo!’. Eles conseguiram verificar que toda a pesquisa rendeu algo na prática, e ficaram encantados com o processo”, finaliza a educanda.

Atualmente, os envolvidos trabalham com foco no aperfeiçoamento do projeto. Segundo Shamyra, “a gente está pensando em fazer estudos para conseguir tirar a coloração do açafrão. É que aquele amarelo acaba tingindo nossos sapatos”, conta a jovens aprendiz de cientista.

Sobre a 5ª FeCEESP

A FeCEESP é uma ação voltada para a formação, a divulgação e a promoção da cultura científica, que se constitui por meio de projetos de investigação de Pré-Iniciação na Educação Básica. Os projetos são carregados de intencionalidade educacional e científica, além de serem planejados e estruturados para estabelecer as relações pedagógicas que mediam à formação científica dos estudantes da rede pública estadual de São Paulo.