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segunda-feira, 06/02/2023
Notícia

Finalistas do concurso Vozes pela Igualdade de Gênero se apresentam no Theatro Municipal de São Paulo

Conheça as expectativas e inspirações dos estudantes participantes desta 5ª edição

Os dez finalistas da 5ª edição do concurso Vozes pela Igualdade de Gênero se preparam para apresentar suas composições inéditas em grande estilo no Theatro Municipal de São Paulo, nesta segunda-feira (6). Na plateia, estudantes e equipes escolares aguardam ansiosamente pelas performances dos seus colegas.

A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) e o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que estimula os alunos da rede pública de ensino a compor músicas abordando a temática proposta. Neste ano, o tema da competição é “Nossa Voz Também é Nossa Vacina!”, que recebeu mais de 150 canções em todo o estado.

Como parte do projeto, desde a primeira edição, o concurso promove nas escolas a reflexão sobre questões relativas aos direitos humanos. Para tanto, promotores e convidados do MPSP realizam palestras e rodas de conversas com os estudantes.

As músicas foram compostas pelos estudantes de forma coletiva ou individual, sempre sob a orientação de um professor, que propõe as discussões sobre o tema. Entre as regras de participação, quando há mais de um integrante, é obrigatória a participação no grupo de pelo menos um estudante de gênero feminino e um quilombola, preto/a ou pardo/a, indígena, pessoa com deficiência ou imigrante.

A votação, encerrada dia 31 de janeiro, aconteceu pela Secretaria Escolar Digital (SED) para a comunidade escolar da Seduc-SP e para público externo pelo site do MPSP. Os critérios de avaliação que aconteceram anteriormente nas fases das escolas, diretorias de ensino, Seduc-SP e MPSP levaram em consideração a forma de apresentação, a expressividade, o discurso, a fluência e a originalidade.

As dez composições finalistas receberão certificados e a música vencedora terá gravação em estúdio profissional.

Conheça um pouco do processo criativo, inspirações e expectativas dos finalistas do concurso.

Rap traz a força para denunciar a violência

Os estudantes da EE Coronel Francisco Schmidt, em Pereira Barreto, estão muito ansiosos e animados pela final, mas mais ainda pela apresentação. “Ficamos extremamente felizes ao saber que estávamos entre os 10 melhores, foi um trabalho árduo para conseguir isso e, quando soubemos, ficamos contentes por ir até São Paulo para apresentar para o pessoal, e surpresos já que somos todos humildes, simples e não esperávamos de verdade, chegar até aqui”, conta Marcos Ramos, um dos integrantes do grupo.

Para criar o rap Funk sem fábula, Marcos Ramos; Thaísa Guedes; Gabriel Henrique; Sabrina de Macedo e Riam da Silva contam que se inspiraram nos Racionais, no rap brasileiro e na violência nas ruas e nos lares brasileiros. “Ficou algo mais pesado, passando um clima sério para a música, já que o tema que ela aborda é sério e o que a gente via no nosso dia a dia”, explica Sabrina de Macedo.

Para o grupo, a música que criaram significa força, e é um alerta para a sociedade sobre coisas que passam despercebidas até acontecer com alguém próximo. “Esperamos que a música faça as pessoas refletirem e mudarem a forma de agir em diversas ocasiões, como violência doméstica e o abuso infantil que aumentou bastante nesse período, sem contar que em outros trechos da música citamos problemas reais e atuais, tais como o racismo e a homofobia”, finaliza o integrante Riam da Silva.

Música: Funk sem fábula (EE Coronel Francisco Schmidt – Pereira Barreto)

https://www.youtube.com/watch?v=RfO_2CYgPU8&t=1s

Palestra ativou memórias

A estudante Maria Eloiza Fernandes da EE Vera Braga Franco Giacomini em Lençóis Paulista trouxe a sua experiência para compor a música Ironia.

“A inspiração veio durante a palestra de uma promotora junto com o pessoal da Secretaria da Educação, que foi a iniciativa do projeto mesmo. Eles falaram muito sobre desigualdade, feminicídio, abuso infantil, os impactos da pandemia, mostrando muitos dados sobre esses assuntos. A palestra ativou algumas memórias, porque tive ansiedade e depressão na época do isolamento, e lembrei que minha avó materna sofreu violência doméstica por muitos anos”, explica Maria Eloiza, que escreveu a primeira parte da música assim que saiu da palestra.

A estudante conta que já criou outras músicas, mas esta é a primeira que mostra para muitas pessoas. “Estou aprendendo muito com toda essa experiência de ser ouvida pela primeira vez e de estar expondo os meus sentimentos”, declara.

Embora tenha ficado chocada e muito nervosa quando soube que era uma das finalistas, Maria Eloiza está tranquila em relação a quem vai vencer o concurso.

“Escutei todas as músicas finalistas e acredito que todas tem muito potencial e possuem mensagens muito importantes para a nossa sociedade atual. Estou satisfeita do quão longe a minha música chegou, então, qualquer que seja o resultado, acredito que vai ser muito justo, pois todas são realmente muito boas”, afirma a estudante.

Música: Ironia (EE Vera Braga Franco Giacomini – Lençóis Paulista)

https://www.youtube.com/watch?v=EzFDkhR-S4o

Conversas viram samba rock

Feminicídio, desigualdade social, saúde mental são alguns dos temas abordados na letra de Não podemos parar que a estudante Cibelli Cristina Pereira da EE Dr. Elias Massud, de Monte Mor, compôs com uma levada de samba rock.

“A pauta veio de tudo que conversei com meus colegas de escola, sobre esses dois anos que não foram nada fáceis. E senti que a música veio como algo harmonioso, que chegou de dentro”, explica Cibelli.

Para a apresentação no Theatro Municipal, a expectativa é muito alta. “Quando fiquei sabendo, não tive reação, pois não imaginava que chegaria a este ponto. É uma grande oportunidade e algo incrível para mim. Estou realizando um passo do meu sonho”, conclui.

Música: Não podemos parar! (EE Dr. Elias Massud – Monte Mor)

https://www.youtube.com/watch?v=PUgpcLUjr2Q

Desamparo nas periferias

Com uma canção que intercala com momentos de rap, o grupo da EE Professor Leopoldo Santana, da zona sul da capital, fala da desigualdade social nas periferias.

“Essa letra foi para quem se sentiu desamparado durante a pandemia tanto nas áreas periféricas de São Paulo como em várias regiões do Brasil”, explica Bárbara Lima, integrante do grupo.

Contando com o apoio e incentivo dos profissionais da escola, o grupo formado por Diego Vaz da Silva, Iasmyn Santana e Bárbara Lima quer levar o prêmio para a Leopoldo Santana. “Ficamos muito felizes por ver algo que criamos ir tão longe, além de elevar o nome da escola Leopoldo Santana, o que nos deixa muito honrados”, declara Diego Vaz da Silva.

A repercussão do trabalho contagiou o grupo. “Saber que a mensagem da música foi repassada, que outras pessoas gostaram só nos deixou mais realizados, pois impactou quem nós queríamos. E ver nossa família muito empolgada e ansiosa para final é muito legal”, enfatiza Iasmyn Santana.

Música: Cenário real fábula (EE Professor Leopoldo Santana – São Paulo)

https://youtu.be/67tfdZNI6J4

Apresentar no Theatro Municipal é coisa de outro mundo

O grupo autor da música Máscaras, da EE Professora Nicota Soares, é formado por estudantes que já são músicos e se juntaram para participar do concurso. As irmãs Beatriz de Jesus e Emanuelly de Jesus formam uma dupla de músicas pop internacional, João Vitor Siqueira é rapper, Ana Júlia de Almeida canta na igreja e Jamile dos Santos também é cantora.

Sobre o processo criativo, o grupo explica que foram escrevendo e compondo juntos durante os ensaios. “Ter um tema facilita porque abre o caminho, mas a gente quis ir além de falar da pandemia, a gente fala sobre racismo, igualdade de gênero, negligência, sobre acesso da minoria aos bens.

Estar entre os finalistas e fazer uma apresentação no Theatro Municipal é um grande acontecimento para os integrantes. “É uma coisa de outro mundo. Estamos em uma cidade pequena e não temos muita oportunidade, então estamos muito ansiosos para subir no palco”, relata Ana Júlia.

Música: Máscaras (EE. Prof.ª Nicota Soares – Itapeva)

https://www.youtube.com/watch?v=QTB0O3osK-c

Consciência negra e racial inspira grupo

Na letra “A cura da desigualdade” do grupo da EE Olívia Angela Furlani em Birigui, os estudantes Gabriel de Oliveira Gonçalves, Larissa de Oliveira Souza e Vitor Daniel de Oliveira da Silva aproveitam o tema da vacina contra covid para falar do enfrentamento às desigualdades sociais, ao racismo, ao machismo e à homofobia.

“A maior inspiração foram uns trabalhos sobre consciência negra e racial, que já trabalhamos anteriormente na escola. Também nos baseamos em nossas vivências do dia a dia e na nossa visão política e humana”, conta a integrante Larissa de Oliveira Souza.

Os participantes contam que estar entre os finalistas é como estar vivendo um sonho. “Ver que nosso envolvimento com a música e a arte está sendo reconhecido é muito gratificante, quem sabe até seguir uma carreira na música”, declara Gabriel de Oliveira Gonçalves.

Música: A cura das desigualdades (EE Olívia Angela Furlani – Cidade: Birigui)

https://www.youtube.com/watch?v=c1J9qGShEWE&t=19s

Capitães da areia é referência

Na aula eletiva de Produção de conteúdo, o professor Diego da Silva apresentou a temática do concurso Vozes pela Igualdade de Gênero para a turma e André Lemos se interessou. “Eu e mais três colegas fomos construindo a letra com os tópicos e as referências que professor passou, fizemos um rascunho. Em casa eu afinei. No mesmo fim de semana fizemos a gravação do clipe e editei. Até que foi rápido”, conta André que é editor de vídeo e tem um pequeno estúdio em casa onde faz suas músicas.

“O livro Capitães da areia, de Jorge Amado, é uma referência. E o estilo musical é trap, por conta da minha ligação pessoal com o rap e também porque acho que tem a ver com a correria do pessoal que sobreviveu e tentou viver neste período de pandemia. A batida foi um amigo que me deu e fiz a música em cima dela”, explica André sobre as inspirações para compor.

Para a apresentação no Theatro Municipal, André conta que está ensaiando muito e também bastante ansioso. “É a minha primeira apresentação ao vivo para um público maior. Se um artista com experiência deve sentir um frio na barriga ao subir no palco do Municipal, imagina eu?”, desabafa André.

Música: 1937 (EE Professora Cecília Rolemberg Porto Guelli – Jundiaí)

https://www.youtube.com/watch?v=dWIhj4rrTLQ

Temas complexos com poesia

O processo de criação da música Portas para a estudante Verônica Rodrigues da EE Renato Rocha Miranda, de Campina do Monte Alegre, teve um início de bastante dificuldades. “Eu costumava compor sobre coisas bastante abstratas, e esse tema era bem específico, além de não ser algo simples a se falar sobre, ainda mais sobre o impacto da pandemia para os grupos menos favorecidos, e por eu não ter passado por necessidades extremas neste período”, conta a estudante.

Para tomar mais propriedade sobre o tema, a estudante leu artigos que debatiam sobre os impactos do isolamento ecomo mulheres, pessoas negras e trabalhadores independentes foram afetados, além de um pequeno documentário sobre a situação das favelas no período da pandemia.

“Pensei muito em músicas que foram feitas para falar de temas complexos, mas de forma metafórica e simples. Gosto de sentir que existe poesia nas letras, por mais que o assunto nelas seja mais crítico e complicado. Então, imaginei escrever a letra na perspectiva de um casal que reside em uma favela, e sobre como a quarentena os afetou mais do que o restante das pessoas. O isolamento deixou à mostra falhas na sociedade que já existiam há muito tempo e que foram agravadas”, explica.

Sobre a premiação e a apresentação, Verônica diz estar tranquila. “Sinto que, de qualquer forma, ganhando ou não, estou feliz por ter conseguido escrever a canção, pois é algo bastante pessoal”, finaliza.

Música: Portas (EE Renato Rocha Miranda – Campina do Monte Alegre)

https://www.youtube.com/watch?v=YIcMiQfrFuY

Preta, pobre e periférica

As estudantes Giovana Soares dos Santos, Maria Eduarda Silva de Mani e Nicoly Sthefani de Souza da EE Adhebal de Paula Ferreira, de Itapetininga, trabalharam a interseccionalidade de raça, gênero e pobreza na música Beleza etérea.

“A inspiração foi o poema nosso colega Arthur Machado, que tem o mesmo nome que a música. É um texto muito poético que fala da condição da mulher preta, pobre e periférica, que sofre muito com o preconceito e ainda passou por muito mais dificuldade durante a pandemia”, relata Giovana. “Ficamos encantadas com o poema e transformamos em uma canção linda”, completa Maria Eduarda.

Todas estão muito entusiasmadas com apresentação final. “A minha expectativa é que os todos se divirtam, não pensem só na premiação, na competição. Tivemos uma experiência nova de criar e gravar a música, coisas gostosas de fazer, uma experiência nova pra gente. Espero fazer amigos de outras cidades, conhecer os outros participantes”, reflete Maria Eduarda.

Música: Beleza etérea (EE Adherbal de Paula Ferreira – Itapetininga)

https://www.youtube.com/watch?v=XxkG4qHiL3A

 Depois das quatro

Os autores da música Essa voz, Maria Eduarda Oliveira Selani, Igor Moreira Freitas, Lara Penha Mesquita dos Santos, Yohana Yndiara Nichio, Guímel Gonçalves Moreno de Oliveira, são estudantes de diferentes séries do ensino médio da EE Professor Sebastião Fernandes Palma. Para participar do concurso, eles criaram o grupo Depois das quatro, a hora de saída da escola, que é uma PEI (Programa Ensino Integral), e quando combinam as atividades extracurriculares

O processo de composição, assim como a criação do nome do grupo, foi coletivo. “Fomos construindo um texto em conjunto, depois entrou a música, e cada um do grupo foi colocando uma melodia, ajustando um acorde, tudo pra chegar na música como ficou”, relata Yohana.

Em relação ao gênero musical, todos concordam que é difícil determinar e se arriscam a dizer que é mais próximo da MPB com uma pegada acústica. “Por a gente misturar vários elementos dentro da música, é um pouco difícil definir qual estilo musical exato”, poderá Guímel.

Para a apresentação e premiação, a expectativa é bastante alta. “Estarmos entre as dez escolas finalistas é algo muito grande, já é uma premiação. E vamos nos apresentar dando tudo da gente. Estamos muito ansiosos por representar nossa cidade, estamos representando Ribeirão Preto na música! E estamos indo no Theatro Municipal! Isso já é uma premiação, não é?”, enfatiza Yohana.

Música: Essa voz (EE Professor Sebastião Fernandes Palma – Ribeirão Preto)

https://www.youtube.com/watch?v=C1CTq1AB0DQ