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sexta-feira, 23/09/2005
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Formação Básica do professor é tema da I Mostra Estadual Por uma Escola Acolhedora

O secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, visitou, nesta quinta, 22 de setembro, a I Mostra Estadual Por uma Escola Acolhedora – uma iniciativa do Centro de Apoio Pedagógico […]

O secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, visitou, nesta quinta, 22 de setembro, a I Mostra Estadual Por uma Escola Acolhedora – uma iniciativa do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), em São Paulo, que começou no dia 19 e termina nesta sexta, 23, celebrando o Dia Nacional de Luta das Pessoas Portadoras de Deficiência.

O secretário acredita que todos têm direito ao processo educativo e, do ponto do vista conceitual. Segundo ele, a educação é heterogênea, medindo-se, portanto, momentos individuais, habilidade emocional e outras possibilidades de aprendizagem. “Esse é o conceito correto: uma escola acolhedora em que as pessoas possam dividir os mesmos espaços com formações diferentes”, disse.

A Mostra é o resultado das ações do CAPE desenvolvidas nos últimos quatro anos em todas as Diretorias de Ensino do Estado. De acordo com a coordenadora do CAPE, Maria Alice Rosmaninho, os resultados passam pela formação contínua feita na rede. “Aumentamos as salas de recurso na ordem de 437%, que são as salas de apoio pedagógico que funcionam num horário alternado ao da frequência do aluno. Enquanto tivemos o crescimento de classes especiais na ordem de 53%. Isso reflete um retrato completo no processo de inclusão escolar do aluno na rede regular de ensino”, complementou.

O secretário gostou dos resultados. “Fico feliz de ver que as salas especiais vêm caindo e as adaptadas aumentando. Não é simples pegar o conceito de inclusão e fazer um Decreto e obrigar todo mundo a agir de acordo. Esse trabalho vem sendo feito com muita competência pelo CAPE, Ongs, Ministério Público, Poder Judiciário e com pessoas que refletem e acreditam nesses mesmos sonhos”, concluiu.

A política educacional do atual governo do Estado da Educação se pauta pela Educação Inclusiva, que norteia as escolas para a construção de um projeto pedagógico que acolha a todos os alunos. Nesse contexto, o dia foi marcado pelo debate sobre a formação de professores da Educação Básica. e o lançamento do livro: Leitura, Escrita e Surdez, organizado pela professora Maria Cristina da Cunha Pereira, baseado numa análise das capacitações dos professores de Língua Portuguesa para surdos, feitas entre 2003 e 2005 no CAPE.

A formação de professores da Educação Básica: preparação para o ensino na diversidade foi o tema principal da mesa de debates composta pela coordenadora do CAPE, Maria Alice Rosmaninho, a Pró-reitora de Graduação da USP,Sonia Teresinha de Sousa Penin, o professor de Pós-graduação em Educação e do Curso de Pedagogia da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Júlio Romero Ferreira e o professor titular do programa de Pós-graduação em distúrbios do desenvolvimento da universidade Presbiteriana Mackenzie, Marcos José da Silveira Mazzotta.

A especialista da USP, Sônia Penin, elencou vários aspectos sobre o tema. “Toda formação de professor deve estar voltado para a formação básica da escola pública. Precisamos orientar os profissionais pela aceitação da diversidade, compreender os processos de ensino aprendizagem, pensar em gestão, criar projetos e ações coletivas, investigar o contexto educativo propondo soluções. Para terminar, currículos interligados”, disse.

O representante da UNIMEP, Júlio Ferreira, falou sobre a história da educação especial no país. Segundo ele, a década de 70 foi a era do especialismo e as classes eram divididas por deficiência. Essa lógica ajudou a apartar o campo da educação especial da educação geral e tirar a responsabilidade da educação geral. A partir dos anos 80, veio a crítica das universidades da forma de constituição dessas classes. Nos anos 90, criaram novas exigências para a escola regular e pelos centros especializados e foram adquiridas algumas conquistas importantes.

“Aguardamos o que estabelece Conselho Nacional de Educação sobre a especialização. Do ponto de vista do professor no ensino regular, a nossa expectativa são as diretrizes educacionais que tem provocado mudanças nas universidades desde 2002”, concluiu.

O representante do Mackenzie, Marcos José da Silveira Mazzotta, começou a apresentação sobre a diversidade com a frase de um sociólogo francês: “como combinar o reconhecimento das diferenças e a afirmação de um princípio universalista de igualdade entre todos os seres humanos?”. A resposta veio como uma análise tríplice envolvendo a diversidade, o papel das escolas e a formação do professor. “Em primeiro lugar é preciso reconhecer a diversidade. A comunicação entre indivíduos não pode ocorrer a não ser que cada um reconheça o outro como sujeito. A principal característica do ser humano é a pluralidade e não a uniformidade. Portanto, alunos e escolas são identificados por seus papéis sociais e não por uma configuração individual. Nisso a escola deve atender o aluno após uma avaliação e ser atendido pelos professores”. Ele complementa dizendo que é fundamental uma formação básica consistente ao professor. “Na relação pedagógica cada um depende do seu interlocutor. È o discípulo que faz o mestre e o mestre que faz o discípulo”.

Logo após o debate houve o lançamento do livro Leitura, Escrita e Surdez, organizado pela professora Maria Cristina da Cunha Pereira, baseado numa análise das capacitações dos professores de Língua Portuguesa para surdos, feitas entre 2003 e 2005 no CAPE. O secretário recebeu o primeiro exemplar.

O público que visitou a Mostra no prédio do CAPE, na Rua Pensilvânia, 115, Brooklin, pode conferir apresentações de músicas com grupos diversos, vídeos e os trabalhos das Diretorias de Ensino.

Luciane Salles

Fotos: Paulo Cezar