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sexta-feira, 10/11/2017
A Escola Que Queremos

#GestãoDemocrática: boas experiências levaram ex-aluna a escolher profissão

Estudante de Administração Pública na FGV, Maria Luiza diz que democratizar a gestão é o futuro

Após completar o Ensino Médio na E.E. Doutor Deodato Wertheimer, Maria Luiza Fernandes agora estuda Administração Pública na FGV (Faculdade Getúlio Vargas). A estudante ganhou bolsa de 100% durante o processo seletivo, que incluiu prova de conhecimentos e uma entrevista. O projeto Gestão Democrática colaborou para a escolha da jovem, que sempre foi aluna ativa na rede estadual.

Maria Luiz, ou simplesmente Malu, entende que a instituição que atualmente estuda é um sonho realizado. Ela afirma lembrar que tinha “um pouco de insegurança, acho que todo jovem tem esse tipo de insegurança. Quando eu ouvia falar de um aluno de escola pública que tinha passado na Federal de tal lugar, ou tinha passado na USP, eu sempre pensava ser aquele aluno. Mas, eu nunca pensava que essa realidade pudesse, algum dia, chegar à minha vida”, explica.

A Secretaria de Educação vem discutindo, desde 2016, a modernização da gestão democrática nas escolas públicas paulistas. A ideia é unir todos os interessados, entre estudantes, professores/gestores/servidores, pais/responsáveis e sociedade civil para, juntos, aperfeiçoar os Grêmios Estudantis, os Conselhos de Escola e as Associações de Pais e Mestres. O objetivo do projeto é ampliar a cultura democrática no cotidiano das escolas e de sua comunidade.

“Ano passado [2016] eu conheci o projeto Gestão Democrática. E foi muito bacana! Eu estive presente em duas reuniões escutativas com alunos, com profissionais da Diretoria de Ensino. E eles me passaram uma ideia muito bacana sobre a escola, que a escola não é somente para que eu tenha uma boa formação para passar no Vestibular. Mas, que a escola é além disso, é para me ensinar como ser uma cidadã melhor. Para entender meu papel transformador dentro da sociedade”, afirma Malu.

De acordo com a enquete de 2016, mais da metade (61%) dos participantes creditam à gestão democrática a melhora da aprendizagem dos alunos, enquanto 60% apontam a garantia da inclusão e o respeito às diferenças entre as pessoas. Na avaliação sobre o Conselho de Escola, 53% disseram que existente, funciona e representa a comunidade. Outros 58% afirmaram que os grêmios e os representantes de classe são convidados e participam das reuniões.

O espaço ocupado pelos grêmios também estava entre os itens da pesquisa. Segundo os ouvintes, 49% indicaram que os colegiados foram criados por iniciativa dos alunos. Na opinião de 43% dos participantes, as associações de pais e mestres têm um plano de trabalho claro e é discutido com a comunidade. Mais: 38% esclareceram que há troca de informações entre a APM, Grêmio e Conselho.

“Eu vejo que o projeto Gestão Democrática trouxe para a minha mentalidade uma importância maior que eu deveria dar para a comunidade em torno da escola”, fala Malu, conscientemente. Para a ex-aluna da rede estadual, o Grêmio Estudantil e todas as experiências dentro da escola a ajudaram n hora de tomar a decisão de prestar vestibular para fazer Administração Pública. Segundo a universitária, é “porque um dia eu quero chegar a algum cargo eletivo para representar e mudar a Educação, além de continuar fazendo com que o jovem seja ouvido”, enfatiza.

Maria Luiza integra um grupo de seis pessoas num projeto de iniciação científica, onde o tema central é justamente pesquisar o nível de democracia como forma de gestão na educação. Ela esclarece que “o objetivo da pesquisa é saber como que as esferas educacionais estão trabalhando para cumprir a meta 19 do Plano Nacional da Educação”.

Quando a professora sugeriu que os alunos se agrupassem e definissem um tema de pesquisa, Malu logo exclamou: “Gente, não dá para eu não falar disso! Essa é a minha história e isso ainda me incomoda, porque não está no modelo perfeito. Então eu quero muito contribuir… eu sei que nunca vai ser perfeito, porque eu sei que a democracia é um centro de conflitos. Mas, que seja o mais genuíno possível”, completa.