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quarta-feira, 17/08/2005
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Governo de SP lança curso superior para professores indígenas

A Secretaria de Estado da Educação lançou na manhã desta na quarta-feira, dia 17 de agosto, o curso de Magistério Intercultural Superior Indígena. Num palco montado em plena Praça da […]

A Secretaria de Estado da Educação lançou na manhã desta na quarta-feira, dia 17 de agosto, o curso de Magistério Intercultural Superior Indígena. Num palco montado em plena Praça da República, em frente à sede da Secretaria de Educação, cerca de 80 indíos das cinco etnias que vivem no estado de São Paulo apresentaram danças e músicas para o público que passava por um dos pontos mais movimentados do centro da cidade.

Em seguida, no anfiteatro do prédio, teve início a cerimônia de lançamento do curso, com a presença do governador Geraldo Alckmin, do secretário Gabriel Chalita, educadores da Universidade de São Paulo – USP, e representantes indígenas do estado.

Inédito na região Sudeste e terceiro no País, o curso, coordenado pela Faculdade de Educação da USP, é destinado a educadores das cinco etnias que compõem a população indígena de São Paulo: guarani, tupi-guarani, kaingang, terena e krenak

O objetivo é formar professores indígenas com licenciatura plena em Pedagogia, preparados para dar aulas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental das 26 escolas distribuídas pelas 28 aldeias do Estado. Atualmente, essas instituições atendem a 1.026 alunos (a população que vive nas aldeias é de cerca de 4 mil pessoas). Os 81 professores indígenas que trabalham nessas escolas são formados em nível médio. Agora, serão os alunos do curso de Magistério Intercultural Superior Indígena e vão ganhar oportunidade de receber graduação em nível universitário.

Para o secretário Gabriel Chalita, investir na formação superior de professores indígenas vai possibilitar a esses educadores uma visão mais abrangente da importância de integração entre as culturas. ”Darcy Ribeiro costumava dizer que o maior projeto educacional é o que respeita a identidade da pessoa, pois ela está ligada as nossas raízes e isso não pode se perder. Trabalhar esses conceitos sempre foi um dos principais objetivos do Governo do estado, que tem buscado valorizar a identidade dos povos e preservar a cultura indígena”, disse Chalita.

O curso terá 3.470 horas, divididas em aulas presenciais e atividades nas aldeias. Em cada um dos oito módulos os alunos passarão uma semana por mês na Faculdade de Educação da USP/ Campus São Paulo, e em alguns módulos os coordenadores da USP irão às aldeias para dar andamento às atividades. Além de todas as despesas pagas, os alunos receberão ajuda de custo.

Ao comentar a parceria com a Secretaria da Educação, a Pró-Reitora de Graduação da USP, Sonia Penin, citou o filosofo Jean Paul Sartre ao destacar que a identidade se forma a partir dos outros. “Espero que esse esforço de trabalho dos professores possibilite conhecer a nós próprios”, disse a educadora.

O governador Geraldo Alckmin enfatizou a importância de resgatar a cultura dos povos indígenas “Conseguimos realizar grandes avanços ao disponibilizar o curso de magistério indígena. Hoje demos mais um importante passo no que se refere ao ensino superior, pois este programa é baseado no respeito às tradições culturais e no bem estar dessas pessoas”.

SOBRE O CURSO

As atividades, que terão duração de 36 meses em oito módulos, começaram no dia 24 de junho e envolvem 28 comunidades indígenas que vivem em 14 municípios do Estado: Avaí, Baraúna, Arco-Íris, Bertioga, Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Ubatuba, Itariri, Iguape, Cananéia, Pariquera-Açú, Sete Barras e São Paulo.

O curso vai apresentar algumas especificidades, como a Sala dos Velhos – na qual um idoso de cada uma das etnias será convidado para falar sobre as tradições em uma das aulas -, legislação da educação indígena e língua indígena. Uma agenda de visitas a museus, sessões de filmes e atividades extras – como jogos de futebol no Cepeusp – também fará parte da programação.

Renata D´Angelo